Poemas para Pessoas Tristes
Toda manhã faço I Ching,
não por brincadeira,
até porque o Tao Te Ching
é meu livro de cabeceira.
sempre que possível,
tento praticar o tantra,
e quando em desespero me sinto,
entoar um mantra.
O Bhagavad Gita escolhi
para canção de minha vida,
E a doutrina de Siddharta Gautama
faz minha alma instruída.
Para a paz no amor
e o oposto dela,
me guio em Sun Tzu
e sua arte da guerra.
toda energia negativa
que até a mim vem,
tento devolver
de uma maneira Zen.
aceito de bom grado
o que o Yin e Yang
vem me reservado
e para a fluidez desta vida
que efêmera vai,
tento imortalizar o momento
nos três versos de um Haikai.
Vim de dois partos,
O materno e o mundano.
Duas criações distintas,
Não sei qual a correta.
Por minha mãe
Seria eu padre,
Mas o mundo me quis poeta.
O verdadeiro poeta
É aquele que sabe
Expressar seus sentimentos
Não em palavras,
Mas sim com a boca
Entre as pernas de sua amada.
Somos gados humilhados,
Carnívoros ou não,
Bípedes, até que se prove o contrário,
Às vezes,
Quadrúpedes por educação.
Assim bem eu quis,
Agradar gregos e goianos,
Com ideais ascéticos, arsênicos, românticos,
Um certo lirismo de raiz.
Após ter atingido,
Meu ilícito objetivo
Agora viro o disco,
Correndo o risco,
Por um triz:
De ser entendido
Visto e sentido,
Como indigno,
Um estoico aprendiz.
Nada mais parecido com um conservador
Do que um ato revolucionário.
Para métricas quantitativas,
Poema didático, texto prosaico.
Deus não dá asas a cobras,
Mas elas sempre conseguem obtê-las,
Todos com as mãos sujas, cada um com sua sujeira.
A alma move meu corpo pela cidade dos anjos caídos,
O êxtase para quem não sabe,
É só um vácuo preenchido.
Da descoberta
A independência,
Do ideológico indício,
A histórica evidência...
Da derrota em casa
Na copa de cinquenta.
Do herói sem caráter,
De Macunaima,
Povo herdeiro
Da baixa auto estima.
Em leve surto de melancolia,
De breve passagem me vem a nostalgia.
E um tímido e contido sorriso,
Melindroso,
A cada lembrança se abre,
Jocoso.
Amizade é a capacidade
De eternizar o momento.
De parar o tempo,
Em seu pleno movimento.
"No que você está pensando?"
Maiêutica indagação,
De cunho cartesiano,
Para o pensar popular
Coletivo contemporâneo.
SIGO MEU CAMINHO
DESALINHANDO
PASSADAS LENTAS CORRO
CURVAR TORTUOSA
CURVAR SINUOSAS
VOU ANDANDO E DIREÇÃO
E O MUNDO GIRANDO EM VOLTA DE MIM
MAS NÃO SEI PRA ONDE VOU
CONFUSA FINJO NÃO ENTENDER
MAIS NESSA ESTRADA DESERTA
O MEU RUMO INCERTO TRISTE SAGA
VENTOS FORTES SOPRAM O MEU ROSTO
EU INERTE OUÇO O CANTO DO SABIA
ONDE NÃO SEI ME PERDI-ME
NO VAGO DESSA SOLIDÃO
O SOL ESCALDANTE EU ERRANTE
PERDIDA UMA OVELHA DESGARRADA
A PROCURA DE UM ABRIGO PARA CHORAR
AS LÁGRIMAS QUE RETIVE
GRITAR O GRITO QUE SUFOQUEI
DENTRO DO CORAÇÃO ATINGIDO
NO ÂMAGO que e minha vida
e assim fenecendo
em suplicas
soluçando a dor desesperada
de uma historia inacabada
Louvado Seja Deus,
o criador,
Louvado Seja Di cavalcanti,
o pintor,
Louvado Seja Dionisio,
o Baco,
Louvado Seja Donald,
o pato.
Louvado Seja Dorival
Da Bahia, Brasil,
Voz e violão,
Louvado Seja David,
Das aranhas de Marte,
O Ziggy camaleão.
Louvado Seja Diógenes,
Do desprendimento,
Do cinismo, da rua...
Louvado Seja David,
Do muro, do virtuosismo,
Do lado escuro da lua...
Louvado Seja Dante,
o poeta,
Louvado Seja Djavan,
O esteta.
Louvado Seja Diderot,
O pensador,
Louvada Seja Dolores,
Da dor e dos amores.
Louvado Seja Dominguinhos,
Da bossa e do baião,
Louvados Sejam Doors,
As portas da percepção.
Vejo, leio, ouço...
Bebo, sinto, louvo...
Com a bela Caetana
Bom encontro pra você,
Que o galope do sonho
E o riso a cavalo
Me ensinaste a ter.
Que me livrou do peso
De não ter imaginação,
De ser doido e mentiroso
E mesmo assim ter razão.
Me fazendo encontrar
O realista esperançoso
Dentro de mim,
Em paz com o meu
"só sei que nada sei"
E meu "só sei que foi assim."
Somos Soldados de Nós mesmos,
Exércitos de um homem só
Poetas de Mentira
Astronautas de pó
Vivemos, Sonhamos e morremos
Amargurados pela vida
Não vivida de um tempo vivenciado de mentiras.
Um brinde a esta noite bela
Cheia de velas e duas esbeltas taças de vinho
Uma garrafa na mesa e ao lado dela sentados dois bobinhos
Chamaste meu nome pelo alvorecer
Não consegui perceber
Você estava distante
E eu não pude evitar
Você gritou por amor
Eu não pude escutar
Assim seu socorro não chegou
E a segunda taça se quebrou
Junto com a ela você me levou
Com os cacos me feriu
E meu coração se partiu
Assim como aquela linda taça
Que se e stilhaçou
E dos reflexos o vi partir.