Poemas para Conquistar a Pessoa Amada
Fernando Pessoa
Cancioneiro
Tomamos a Vila depois de um Intenso Bombardeamento
A criança loura
Jaz no meio da rua.
Tem as tripas de fora
E por uma corda sua
Um comboio que ignora.
A cara está um feixe
De sangue e de nada.
Luz um pequeno peixe
— Dos que bóiam nas banheiras —
À beira da estrada.
Cai sobre a estrada o escuro.
Longe, ainda uma luz doura
A criação do futuro...
E o da criança loura?
Partir!
Nunca voltarei
Nunca voltarei porque nunca se volta
O lugar que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia.
Contemple o mais alaranjado por do sol,pois, ele pode te matar, como o piscar de um farol.
Um belo momento a se contemplar,
Pode em um segundo se revoltar.
Epraonde irá?
No momento que se encontrar,
Com algo que está além do seu imaginar.
Será que terá,
Uma decisão a tomar?
Como pode um por do sol ser tão bipolar?
Como águas que você está a velejar,
Tente aproveitar
Porque pode estar prestes a afundar,
Ne um oceano de lembranças
Que poderão te salvar,
E, ao mesmo tempo, te matar!
"Ouvir...
Apenas pessoas inteligentes tem essa capacidade. Por essa razão se tornaram o que são, pois;
• Tornaram a fala alheia, sagrada.
• Falaram apenas o indispensável.
• Ruminaram sempre sobre o que lhe foi dito pelo outro.
Assim aprenderam ainda mais; ouvindo. E ensinaram em silêncio, quando perceberam que é ele quem possui todas as respostas."
"Quem ama a Deus não é santo!
Não há dificuldade alguma em amar o que é perfeito.
O amor é sacro.
Por essa razão ele vive de impossibilidades. A sua manifestação é o próprio milagre.
Santos são aqueles que amam intensamente.
Que sejam canonizadas pessoas, que amam pessoas!
Amar ao próximo é a forma mais corajosa de antecipar a utopia da eternidade."
"Construí minha casa na areia, desde então deixei de existir. Fui ludibriado pela beleza do mar. Quis tornar o transitório permanente, ter o imponderável todo dia a minha frente. Não cogitei que o mar não aceitasse concorrentes.
Notei que o mar na areia apagou meu passo. E qualquer rabisco ou rastro que faço, num toque das águas desfaço.
O desenho só durou até ser tocado. O castelo se desfez quando foi alcançado. Meu pedido de socorro foi encoberto ao ser encharcado. E nada que não existiu pode ser contado.
No mar é onde hoje jaz o meu legado.
O mar não perdoa ninguém."
Feitos mostarda
"Somos sementes esperando eclosão,
sementes na palma da mão.
Ninguém quer ser o primeiro a ser plantado.
Queremos a vida sem nunca realmente tê-la usado.
Ainda reclamamos dum fruto não dado.
Não existe fruto sem raízes em terra e um pouco de sorte.
Não nascem flores sem algum tipo de morte.
Quem preservou sua vida nunca realmente nasceu.
Bem aventurado quem por alguma causa morreu.
Todo nosso legado pode caber na palma da mão,
ou talvez não."
Esquizofrênico assumido
Não sou maluco.
As pessoas que vejo e converso?
São todos uma parte de mim.
O que são essas vozes em minha mente?
São minhas criações e meus algozes.
Tenho consciência. Confundo-me apenas quando tenho certezas.
Na verdade sou tão grande que não caibo num corpo só.
"Semente de gente,
que ninguém apostou.
Gerado em solo ilegal,
com requintes de horror.
Lançado na vala ao nascer,
pelo seu criador.
Um ser soterrado
em terra de dor.
Rompeu o peso terra
e seu verde mostrou.
E sem ser irrigado
ou adubado, brotou.
Semente de gente
Aposto que é flor."
MINHA SAUDADE
"Ninguém é um saudosista da dor, a saudade só atesta o que foi bom.
A saudade é o território dos meus sentidos!
Ela é como escada rolante que me carrega imóvel, é a parte de mim que nunca será palavra."
Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.
Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.
E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.
Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.
O homem está acima do cidadão. Não há Estado que valha Shakespeare.
(extraído do livro em PDF: Aforismo e Afins)
"O campo é onde não estamos. Ali, só ali, há sombras verdadeiras e verdadeiro arvoredo". Bernardo Soares
(Em Aforismos e afins - de Fernando Pessoa)
Bom Dia, Não sei o porque isso acontece, nem por que não consigo mudar meus pensamentos, até acho que sou só um Zé Ninguém que vive em busca de algo...
Só não entendo por que a vida tem que ser tão cruel assim; Quando penso em parar, ela vem e alimenta essa vontade, essa esperança e tudo começa de novo... Não sei quanto tempo isso pode durar mas sei que isso pode doer mais ou melhorar de uma vez...
O que eu posso dizer? Acho que não seja tão forte quanto imaginava, mesmo eu agindo diferente, sendo diferente ainda não é suficiente, Por que?
Talvez eu esteja trilhando em um caminho sem sentido, ou Não? e se esse for a melhor opção? Afs, tão confuso que nem consigo mais pensar direito Bom Não importa, vou até o final, e ver o porque o jogo dessa vida!
Mais um dia se foi, a noite começou e com ela veio os medos... Medo?
Fico me perguntando, será que eu fiz tudo certo hoje? Será que aproveitei meu dia, ou apenas enganei a mente me ocupando com coisas insignificantes?
Na verdade acho que eu estava mesmo era me escondendo da solidão, ou Não? Solidão, rsrs, uma profunda sensação de vazio e isolamento, sempre por que os seus sentimentos precisam de algo novo que as transforme.
Sempre ficamos nos perguntando, qual é o sentido de tudo isso? Será que o sentido da vida é só estar vivo?
Ou melhor qual a diferença entre estar vivo e viver? São perguntas que a solidão traz aos corações, e a sensação de medo, faz com que a alma fique totalmente perdida esperando ser encontrada...
E você? O que esta fazendo? Sua vida tem sentido? Suas escolhas estão corretas?
Decisões estão sendo tomadas neste exato momento. O ponto é: Você as está tomando por si mesmo ou está deixando que outros tomem por você?
Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo,
E ao beber nem recorda
Que já bebeu na vida,
Para quem tudo é novo
E imarcescível sempre.
Coroem-no pâmpanos. ou heras. ou rosas volúveis,
Ele sabe que a vida
Passa por ele e tanto
Corta a flor como a ele
De Átropos a tesoura.
Mas ele sabe fazer que a cor do vinho esconda isto,
Que o seu sabor orgíaco
Apague o gosto ás horas,
Como a uma voz chorando
O passar das bacantes.
E ele espera, contente quase e bebedor tranquilo,
E apenas desejando
Num desejo mal tido
Que a abominável onda
O não molhe tão cedo.
Nunca Aprendi a ExistirTenho as opiniões desmentidas, as crenças mais diversas - É que nunca penso nem falo nem ajo... Pensa, fala, age por mim sempre um sonho qualquer meu em que me encarno no momento.
Vem a fala e falo-eu-outro. De meu, só sinto uma incapacidade enorme, um vácuo imenso, uma incompetência ante tudo o que é a vida. Não sei os gestos a acto nenhum real.
Nunca aprendi a existir.
Fernando Pessoa, 'Inéditos'
Dorme sobre o meu seio.
Sonhando de sonhar...
No teu olhar eu leio
Um lúbrico vagar.
Dorme no sonho de existir
E na ilusão de amar.
Tudo é nada, e tudo
Um sonho finge ser
O espaço negro é mudo.
Dorme, e, ao adormecer,
Saibas do coração sorrir
Sorrisos de esquecer.
Dorme sobre o meu seio,
Sem mágoa nem amor...
No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.
Quando passo o dia inteiro
sem ver o meu amorzinho
corre um frio de janeiro
no junho do meu carinho
Teus olhos tristes parados
coisa nenhuma a fitar
ah meu amor,meu amor
se eu fora nenhum lugar
Adivinhei o que pensas
só por saber que não era
qualquer das coisas imensas
que a minha alma de ti espera