Poemas Nostalgia
"SAUDADE"
Saudade é o monstro que te come sem você ver;
é o vazio que te devora a alma...
é a noite que nunca some dos teus olhos
é a flecha que acerta o âmago do que te faz sofrer;
assume que nenhum método está funcionando...
e por isso você está com raiva de si mesmo,
assume que festas e baladas não estão remediando,
volta e meia está lá você de novo chorando no seu travesseiro;
assume que o tempo não está te curando,
você apenas deu um jeito de conviver com sua dor.
assume que saudade está te matando...
não. ela está te escravizando e isso chega a ser pior.
Não há misericórdia para nenhum coração,
que loucamente se entrega a amar alguêm.
você nunca encontrará o motivo e a razão
- a razão de uma saudade que rouba a razão de você.
Então, se dói...não busque anestesia,
Porque o veneno que te adoece é o mesmo que te cura, todavia...
O teu amor será sempre o teu maior tormento.
a tua maior recompensa, e o teu doce ferimento.
Sentimento melancólico
De um momento que passou
Uma pessoa que foi embora
E que nunca mais voltou
Seja pelo o vento no rosto
Ou uma lágrima a rolar
Um grande aperto no peito
Mas você sempre vai lembrar
Ela chega a qualquer momento
Não importa classe ou idade
Posso senti-la nesse momento
O nome dela é Saudade
Um segredo simples:
Não por mim,
agora, sinto-o eu
por ambos
Ainda que nesse momento, outrora
doutra maneira.
Ainda que nostálgico.
As memórias boas
Também causam sofrimento
Traçam um futuro incerto
No ar quieto
Sobre a maré na noite escura
Onde pássaros não cantam
E quase não há pessoas
Nas ruas cor cinza
Nos carros barulhentos
Aqueles que tiram a calmaria
A pureza e beleza
Do ar
O que me lembra o ser
Que não é capaz de amar
Capaz de entregar em mãos
E tirar tudo
Sem nada deixar
A Travessia
A travessia é um campo verde em densa mata localizada em meio ao nada, na área rural, protegida pelo breu noturno da roça e recoberta pela bruma da madrugada.
É escura e incerta, feito o medo que nos cerca e que faz tremer as nossas pernas, em razão do frio que corta o corpo nos ventos perenes em rajada e na coragem que de súbito nos faz crer no reencanto de nossa alma, há muito desencantada.
A travessia se estende por todo o caminho ao longo do que se pode alcançar em visagem, lá do alto da encosta que margeia esse lugar o céu é enorme e as estrelas brilham na imensidão do firmamento em um tom azulcintiloprateado capaz de encantar a qualquer um que se prestar a olhar.
Ao mirar o horizonte que se agiganta à nossa frente adquirindo dimensão de infinito, veem-se claramente as constelações estelares em formações que se conta aos milhares ou aos milhões.
Os pontinhos reluzentes, encantadores e extremamente viciantes são minúsculos ao serem observados daqui e ao reluzirem encantam e fazem aflorar os meus mais profundos, sinceros e bonitos sentimentos.
Nesse sítio onde as estrelas abundam no céu, também faz morada a lua, tímida e reservada, a lua dourada que pinta os nossos sonhos de emoção, clareia o mato alto e a copa das árvores em espetáculo digno de aplausos.
Na travessia pelo ponto mais alto da encosta, a experiência de quase todos os dias é um sincero e caloroso abraço da vida, um afago da lua mais bonita que eu já vi e um sentimento que eu nem ouso tentar explicar com palavras. É preciso sentir com o corpo inteiro a poesia que é estar lá enquanto a natureza dá o seu show.
O brilho um dia é ofuscado.
As novidades tornam-se parte do cotidiano.
Os sorrisos são trocados por uma lágrima.
Os sentimentos, esquecidos.
O desejo trocado por um outro novo desejo.
A alegria tem revezamento com a tristeza.
E as expectativas disputam um espaço com a insegurança.
O dia é trocado pela noite, que no lugar das estrelas, um novo sol toma este novo cenário.
E assim temos a vida, que repleta de aventuras, lembranças e de batimentos cardíacos, é transformada em uma simples saudade.
Tenho muita saudade
De tudo que ainda não vivi
Das vitórias que ainda não conquistei
De voltar aos caminhos que nunca percorri
De concretizar os sonhos que nunca sonhei
Se eu tivesse feito outras escolhas?
Se eu tivesse agido diferente?
São tantos se sem respostas
Que habitam a minha mente
E sigo vivendo esse dilema
Entre realidade e nostalgias
Me sinto pedido no tempo
Ou era tão feliz e não sabia.
Transição
E nos bosques de minha alma
Se esconde o tempo
Onde um dia eu fui feliz
Em que não havia marcas
Não havia cicatriz
Eu era inteira e segura
Não temia a solidão
Que hoje me tem como prisioneira
Sem carinho e sem razão
Oh alma sofrida venha aqui
Me dê sua mão
Não deixe a nostalgia roubar seu brilho
Tirar sua fé e ferir seu coração
O passado é só história
Que mora apenas na memória
Cuide então do seu presente
não deixe que ele passe em vão
Ele é sua semente que irá colher alí na frente
Olhe adiante , pise no chão
E quando o “ontem” na porta do “hoje” bater
Seja firme não se deixe amolecer
Diga Adeus e agradeça pelo que te fez crescer
Mas não se envolva, feche a porta e se abra para um novo amanhecer.
Um soneto a céu aberto
Da vida passando mal me lembro
Julho orquestra a geada lá fora
Pisco os olhos em dezembro
É o tempo maestrando a hora
Os planos que refaço em desgosto
São leões devorando a sobra
Entre meio janeiro é agosto
Desafiando o relógio e a obra
Livres são os amigos que partiram
Desacorrentados do ponteiro
Da prisão temporal eludiram
Silenciando o tic-tac sorrateiro
Sou náufrago no espaço-tempo
Rimando um teorema incerto
Em outro poema reinvento
Um soneto a céu aberto
Realidade mental
Quer um feito mais extraordinário, que relembrar?
Projeções de momentos a frente se vaporizam
Condensam imagens que um dia os olhos filmaram,
Logo, é possível sentir o cheiro, o gosto, e toda a sensação espacial envolvida
Dá até pra revisitar os sentimentos daquele instante ...
E você se move nesta experiência sensorial fantástica:
A emoção te permite aprofundar no plano
Captando as coordenadas das percepções desta viagem,
Para então, te fazer posicionar frente aos detalhes.
Tecnologia inata e sofisticada
É esta realidade mental,
Onde você revive o que viveu
De uma maneira tão autêntica,
Que a nostalgia brota de um jeito bem natural.
Afastei a gata,
Reposicionei o tapete,
Afofei as almofadas e deitei na rede.
Seu balanço me levou ao meu:
Ando temendo sentir ou de tanto sentir passei a temer?
O balanço parou , omeu também.
Achei que não tinha entendido nada e nem sentido nada também.
Trouxe de volta a gata e a reposicionei ali, no lugar de origem.
Ela não quis mais, saiu. Foi deitar lá na almofada que eu afofei.
E então eu entendi:
Depois que o formato ou composição é alterado,
as coisas nunca mais voltam a ser como eram, se ressignificam.
Existe sim o temor, mas a gente busca um outro lugar, outro formato e
outro desconhecido pra sentir de novo.
Aguei então as plantas.
Me veio o cheiro do quintal de vó. Passei um café pra acolher tudo aquilo, que eu voltei a sentir depois do cheiro do quintal da minha vó.
Olhando pro nada e sentindo tudo, tomei meu café imaginando os estalos e o cheiro da lenha queimando no forno, se preparando pra receber as fornadas de biscoito e pão que ela fazia.
Não era imaginação. De fato o cigarro aceso tinha caído no tapete, levantando fumaça e deixando nele a marca do dia, em que eu voltei a sentir.
Infância
Saudades é como um filme de drama,
E nossas lembranças são como um cinema.
Felicidade é como um final de semana,
E ser criança é viver sem nenhum problema.
Realizava meu sonho de teletransportar, e nem sabia,
Teletransportava do sofá, pro quarto.
E olha que isso acontecia quando eu dormia...
Na verdade era minha mãe que me carregava, de fato.
A inocência fazia parte de mim,
E o aprendizado me dava inteligência.
Hoje sei que o aprendizado não tem fim,
E que nossa sabedoria, não entra em decadência.
Someone like you
Desde o dia
Em que eu te vi,
Logo pude sentir
Que seria pra sempre...
Depois de tanto procurar
Finalmente te encontrei.
Te vi, com os olhos do coração.
Eu sempre quis
Alguém como você...
Para compartilhar
E todo meu amor
Lhe entregar.
Não existem palavras
Que possam expressar
Minha alegria...
Ah! A nostalgia
De cada lembrança tua,
Do nosso primeiro beijo
À luz da lua.
Extraído do livro Sonhos de Verão - Poemas que celebram o amor.
Quanto mais estamos cuidando de outras pessoas, menos pessoas estão cuidando da gente.
Estamos ficando velhos!
E quem nasceu entre o final dos anos 70 e o final dos anos 80 sabe do que estou falando.
Já faz algum tempo que estamos adultos.
Já faz algum tempo que não temos mais o título de “o mais novo” em algum local.
A cada dia, conhecemos mais e mais pessoas mais novas que a gente.
Escutamos com frequência (ou o tempo todo) expressões do tipo “obrigado senhor(a)”, “pois não senhor(a)”, “o senhor (a) gostaria que...”
No trabalho, estão começando a nos respeitar não só pela nossa competência, mas também pela nossa idade.
Já faz um tempo que não podemos mais nos dar ao luxo de cometer erros banais ou de tomar atitudes irresponsáveis… temos filhos, temos família, temos pessoas dependendo de nós e aos poucos estamos entrando em um processo de nos tornarmos pais dos nossos pais.
Se fazer de vítima não adianta mais, chorar já não traz a mesma atenção de antigamente. Estamos ficando cada vez mais “sós”, não uma solidão de companhia, mas uma solidão de alento. A cada dia, menos pessoas nos dizem o que fazer e mais pessoas precisam dos nossos conselhos.
Estamos ficando velhos, mas não somos velhos.
Não podemos nos dar ao luxo de cansar e de parar. Temos muito ainda para conquistar e muitas pessoas para ajudar. Esse é o nosso momento, essa é a nossa geração. Somos as crianças que passavam muito tempo brincando na rua e pouco tempo assistindo televisão e que agora cresceram em meio a uma revolução tecnológica que aproxima quem está longe e afasta quem está perto, mas não podemos entrar em “crises existenciais” sobre isso, não podemos nos sentir diferentes em mundo tão diferente do qual fomos criados. Viramos senhores e senhoras e percebemos que quanto mais estamos cuidando de outras pessoas, menos pessoas estão cuidando da gente.
Sobre o tempo...
"Constantemente... me vejo lembrando da minha infância. O mais engraçado de tudo é que... mesmo quando eu era ainda criança, tinha consciência a respeito do tempo, sabia que era uma fase e não queria que ela morresse, jamais.
Eu procurava fotografar, com os meus olhos, cada instante, com uma riqueza imensa de detalhes, para depois, no futuro... me lembrar dos bons momentos. E assim foi... eu não queria aceitar a morte da infância e o nascimento da adolescência... depois não queria aceitar a morte da adolescência... para ingressar na vida adulta.
Por quê? Eu não sei... mas esta sensação ainda me acompanha. Aceitar a morte dos eventos, ainda que sejam incompletos, ciclos que não foram fechados de forma clara, coisas mal resolvidas... "
Infância sinistra nos anos 80
"Nossas brincadeiras eram tão “surreais”. Era uma diversão imensa comer pão com ovo frito, tomar café com leite... e depois, ir queimar papel higiênico no quintal da casa... nós ficávamos tão felizes por viver isso. Era uma emoção imensa, colocar os papéis sujos para queimar... enquanto a fumaça nos cercava, parecia nos provocar um verdadeiro transe espiritual haha. Aqueles tatuzinhos que vemos no chão... muitas vezes, fazíamos “corrida” entre eles... o tatuzinho que chegasse primeiro num lugar específico... ganhava a corrida. Tal lugar específico poderia ser perto de uma pedrinha ou de um papelzinho. Caçar vagalumes era um passatempo e tanto também. Prendíamos o bichinho dentro de um vidro, coitado. Era uma espécie de competição, para ver quem conseguia “caçar” mais vagalumes. "
"Infância"
Quando eu era criança vivia correndo atrás das pipas.
Hoje, que sou grande, as pipas caem em meu quintal.
"Tenho o olhar em gotas mel.
Gotas que sabem ao mar de um corpo que vive junto à praia.
O meu coração bate em pulso nostálgico.
É um relógio de corda que o tempo abrandou.
Fito agora a flor que me deste.
Adoro tulipas.
Mas a orquídea, é a flor que o beija flor cuidou... "
Búzio do Coração (dezembro, 2014)
Aí num dado momento o cara se põe a observar a sequência das coisas, final de ano chegando, aquela nostalgia... Olha pra trás e contempla a própria história, percebe os altos e baixos e as lições que se destacaram na trajetória, sente aquela calma na alma, o senso de que fez o melhor possível aqui, que até poderia, talvez, ter feito um pouco melhor ali... Mas num insight se convence que tudo foi exatamente como tinha que ser.
Respira, oxigena o cérebro, as idéias e prioridades, aquieta a mente e permite encher o peito de uma paz profunda. Descobre que a força esteve o tempo todo em si, como sempre vai estar.
É quando surge aquele sorriso no rosto, a sensação estranha que tudo é possível daqui pra frente, que a estrada ainda guarda a melhor parte da história e a experiência é justamente o que dá a medida pra se curtir cada passo com toda gama de prazer que se tem direito.
A vida é uma roda gigante. Num clarão na mente tudo volta ao seu lugar e aí, irmão, deixa correr que o que cabe a ti e a quem merece caminhar do teu lado tá muito bem guardado.