Poemas Nordestinos
Damião o roceiro do Sol(poesia de cordel 2006)
Damião vivia bem
Em Minas Gerais
Pois dele se esperava ser um grande capataz
Defensor dos oprimidos
Nas terras dos Generais
Todos na fazenda eram paus mandados
Faziam o que não queriam
Para não serem condenados
A cada tarde traziam dois
Para serem castigados!
Ele escreveu a carta:Fica agora como justo
Os roubos do Senado
Pois reuni o povo Para o nosso liberado
Enquanto o senhor diretor vive na cadeira sentado
Nosso povo todo dia
Vive sendo castigado
Cordel é o canto de cantos diversos,
A voz do poeta, que emana passados,
Presentes, porvires vividos, sonhados,
Pecados, rubores perdidos, dispersos,
O grito fecundo de mil universos,
A gesta bendita que é luz e sacrário,
Lembrança, desejo de ser relicário,
Mergulho profundo no inconsciente,
Cavalo do tempo correndo silente
Nos campos sem cerca do imaginário.
Quero ver num espelho cristalino
o cordel virtual de Alceu Valença;
Elomar dedilhar sua incelença
pr’um amor que buscou novo destino;
Trupizupe ir ao céu compor um hino,
enjoado que estava deste plano,
com feições de poeta soberano
que cantou um baião no Paraíso.
Deus, que gosta demais de um improviso,
Pede um outro martelo alagoano.
Ao Mestre.
Falar da literatura
Tem que ter sabedoria
O cordel é uma cultura
Que é feita com maestria
Você tem a desenvoltura
Que parece partitura
dos versos da poesia.
Cordel do Fogo Encantado
Um rei de berço ministra qualquer civilização. Um rei de fé luta com seu povo. Um rei de terras anda pelo mundo. Um rei de gerações passa sua corôa. E todos são exemplos de amor nesse cordel que chegou ao fim.
Vou sentir falta da figura shakespeariana de Bel. Dos gritos cômicos de Patácio. Do seu filhinho nidinho, o prefeito mirim. Dos personagens santos, Clara e Francisco de Assis. Do profeta que poderia existir na vida real, principalmente ao leste da África. Desse amor de novela que está bem longe da atualidade.
Cordel Encantado, me encantou como " O Cravo e a Rosa". Porém, mais envolvente. Mais rica em histórias e estórias. Um multipluralidade de contos como muitos de nossa literatura dentro de um contexto e suas civilizações, movidos por fé, união e amor. Chorei e choro com essas cenas. Uma pena serem vistas com tanta ênfase numa novela e não na vida real.
O fim de um vicio televisivo e o final de 4 reinados de amor.
De Pernambuco a Paraíba
De Pernambuco a Paraíba
O cordel se concretiza
No nordeste vasto
Se eterniza
A rima bem escrita
E bem "dizida"
É onde pode se encontra
A sua dona Maria
Seu amor vivido
Um coração dividido
Sempre buscando
Buscando o indivíduo
Onde o nascer sertão
Onde o sol raia
Onde o seu brilho
A "claridão" desbrava
Onde final de semana
Não tem perdão
Junta a galera
E vamos para o "forrozão"
Cordel da EJA
Muitas são as dificuldades encontradas por quem constrói o universo da Educação de Jovens e Adultos.
Para os alunos que estão recomeçando com todos os desafios, o preconceito do desnível, os conflitos de concepções, a luta contra o cansaço, a merenda não muito agradável mas um desejo no coração.
Para os professores, o último expediente, tentam manter o sorriso nos dentes para esconder o grande enfado. Ajustam a paciência para aquele aluno exaltado, pega na mão de dona Maria pra ela não escrever errado, mesmo que no curso de matemática para isso não tenha lhe preparado,
ouve até comentários de seus próprios colegas que professor da EJA é um tanto folgado, não sabendo eles que pra ajudar no recomeço exige é serviço dobrado.
Para o gestor é um tanto complicado, mediar os conflitos dos alunos ditos como “os danados”, justificar a falta de água e do material dourado é cobrado de todo lado, professor, aluno, vigia até do secretariado.
E a coordenadora por essas horas está rodando pra todo lado, botando aluno pra dentro, planejando caso a caso, tentando marcar uma reunião que inclua todo o professorado.
Mesmo com tudo isso, é um grande prazer participar pra valer da segunda chance da vida desse alunato semi-alfabetizados, da BNCC escanteados mas no meu coração, sempre amados!
Rayane Valentim
Cordel mãos que ajudam
Mentira pra ser verdade
Carece circular bem
Fazer muitos acreditar
Até se tornar refém
De alegria ou preocupação
Que os anjos digam amém.
Nesse dia primeiro
Desse mês de abril
Tamo na quarentena
E muitos estão febril
Que esse tal de corona
Seja piedoso e gentil.
Passando longe de todos
Não causando judiação
Um sujeito invisível
Que causa assombração
Deixa o povo isolado
E vários em comoção.
Vamos rogar a Deus
Pelo fim da epidemia
Se apegar no poderoso
Pra livrar da agonia
E voltar a trabalhar
Pois já era economia.
Nos lares falta comida
E causa muita tristeza
Peço com muita fé
E também com gentileza
Muitos tem se mostrado
Com amor e firmeza.
Fazendo as campanhas
O exercício da cidadania
Uma prática do brasileiro
Compartilhar é alegria
Garante o livramento
De morrer com barriga vazia.
Os gestos de carinho
Se ver pra todo canto
Desperta e nos motiva
A sair do nosso recanto
Nesses tempos difíceis
Vale todo o acalanto.
João Almir
Cordel: sobre a tecnologia
Titulo: olhando para baixo
Olhando pra baixo o dia inteiro
Navegando no rápido e fácil de encontrar
Hipnotizados pela tela de um aparelho
perdendo a capacidade de se aprofundar
É um ritual procurá-lo ao acordar
Se não encontrar dá até no corpo um tremor
Você quer ver uma família inteira brigar
É na disputa por um carregador
Os conectados solitários
Livres em uma prisão
Independentes e autoritários
Mas Incapazes de fazer uma desconexão
de baterias e mentes viciadas
Depressivas, extressadas e ansiosas
com insônia passam a noite conectadas
O dia com dor de cabeça, cansadas e desatenciosas
Procuram ao maximo ficar Isoladas
desfocadas dos rostos, focadas no visor
De relações supérfluas, inconstantes e rasas
Fecham e abrem laços como abas do navegador
Mesmo o dia inteiro ocupados
Com sensação de ineficiência
de seguidores e amigos rodeados
Carregando sempre mil K de Karência
De filtros, perfis e fotos editadas
Esperando curtidas e compartilhamentos
Ambiente de likes e cutucadas
E de incertezas nos sentimentos
Nos perguntemos quem está no comando?
Quem está na mão de quem?
O celular toca toda hora só na mente
Porque a mente infelizmente já virou Refém
Tá na hora de na play store baixar
Um aplicativo antigo de comunicação
Chamado boca pra conversar
Abraço demorado pra dar
E um aperto bem forte de mão
Lembre da live mas não esqueça a life
Esteja com o bate-papo cara a cara sempre aberto
Seja conectado não perca a vibe
Mas ligue o Wi-Fi do coração pra quem está perto
Estar com os de perto seja a maior satisfação
Mudemos de prioridades, tenhamos empatia
E que seja a mais importante notificação
Estar com a família no dia-a-dia
Esperemos o mundo inteiro acordar
E de certa forma retroceder
Levantando a cabeça pra enxergar
Que tudo que se está na tela a procurar
Está bem aqui, em tamanho real, bem a frente pra viver.
CORDEL CEARENSE !
Quis montar um cordel
Pra mode ferecer o cearense
Se Home, muié, fio e donzela
Faz-se um cordel cearense
Cuscuz, tapioca na tijela
Buxada, carne seca, rapadura
Nóis, sertanejos com vida dura
Toicim, maxixe na panela
Enche o bucho de nossa gente
É pra mode nóis trabaiá
Nóis sumo do Ceará
“Eita povo valente”.
A arte da poesia
Já foi de grande valor
Cordel divertia o pobre
A lírica, o doutor.
O habito da leitura
Uma maquina do tempo
Capaz de levar o homem
Nas asas do pensamento
A boa leitura enriquece
De amor e sabedoria
A vida fica mais leve
Quando se tem poesia.
O Cordel da Amizade
Como duas mãos se tocam
No encaixe do momento
Chega a parecer destino
Um tamanho sentimento
De uma pessoa aqui
Que encontra outra ali
Sentindo pertencimento.
Os olhos da amizade
Descortinam muito além
Que só na sinceridade
Sabe lhe enxergar também
O amigo que te ama
Nunca que ele te engana
Nem te entrega pra ninguém.
Não se faz de esquecida
A memória da amizade
Sobre as linhas tracejadas
Que separam as cidades
Seja numa tela escrita
Ou na lágrima escorrida
Inda vive uma saudade.
Se o céu cair inteiro
Tudo sendo escuridão
E o joelho fraquejar
Temeroso do trovão
Eu te digo o que persiste
E em encorajar insiste:
O amigo em prontidão.
Amizade é coisa linda
Pode vir de toda forma
Não conhece preconceito
Ao chamado não demora
Não se cala na defesa
Mesmo que não saia ilesa
Regenera, se transforma.
É feroz, é bem mansinha
Maternal e protetora
Chama pra beber cerveja
Colorida e instrutora
A beleza da amizade
Está na diversidade
Disso é uma escritora
No entanto, escute bem
O que mais é relevante
Que você jamais esqueça
De quem é mais importante
O maior, melhor amigo
É o que já está contigo:
Do teu peito é habitante.
(DUAS PAIXÕES)
Tem Duas coisas nessa vida
Que eu não paro de fazer
A primeira é ler cordel
E a segunda é escrever
manter sempre esse contato
Para a fé eu não perder .✏📚❤
*cordel:medo de amar*
De agr mesmo aqui te digo...
Sou o unico que n sei amar...
Simplesmente n é só isso...
Mais adimito só pra alivar...
Eu nao tenho tempo e nem vontade de amar....
Isso nem é por escolha...
Mais...sim oq a Vida tem pra mi DAR...
Ficando preso nessa garrafa culpa da rolha...
Mais motivo disso td vou falar...
Isso que eu sinto dentro de mim...
É simplesmente medo de amar...
Medo de falar eu te amo...e no final me alto magoar...
No fim desse cordeu te falo...
Só to querendo me alivar...
O amør é uma desculpa disso ja to farto...
Resolvo isso com uma arma...agr é só questão de atirar
Cordel: ela é minha felicidade
Viva la Vida ja MEU tio dizia...
Sempre desposto q viver cada dia...
Aceitar seus defeitos e procurar sua qualidades...
Sempre atraz da quilo que dizia ser a felicidade...
Meu amigo digo para você...
A felicidade, sim! eu consigo ver...
Ela é Linda,perfeita Melhora MEU dia...
Ela é a unica arte Bela que supera a mona Liza...
Meu amigo o mundo é cruel e sujo...
Mais ela ilumida das sobras o tudo...
Eu a amo...seu sorriso é o meu verdadeiro antidepressivo...
Mais n sou feliz...
Pois ela nao esta aqui...
Antes de morrer eu só digo...
Minha felicidade é seu sorriso...
Fique comigo...pois é de você que eu realmente preciso...
Cordel: Depois que tudo isso passar
Depois que tudo isso passar
Por favor não esquece não!
O quanto é precioso poder conversar
E no fim da conversa dar um aperto de mão
Depois que tudo isso passar
Por favor não esquece não!
O quanto é bom rir é gargalhar
Contando piadas, sem tempo pra terminar
Sem etiqueta, sem restrição
Depois que tudo isso passar
Vê se não vai esquecer
Que o maior valor está em abraçar
Sem limitações e sem ter o que temer
Depois que tudo isso passar
Vê se não vai esquecer
Que o maior valor está em presente estar
E não em presente receber
Depois que tudo isso passar
Por favor não esquece não!
Que o valor estar em se reunir e partilhar
Com a família se unir pra refeição
Depois que tudo isso passar
Por favor não esquece não!
Que é uma dádiva estudar, trabalhar
Cheirar a vovó abraçar o irmão
Depois que tudo isso passar
Vê se não vai esquecer
A alegria que é com os amigos se juntar
Pra resenha, pros esquemas, pros rolê
Depois que tudo isso passar
Vê se não vai esquecer
O quanto é bom sair, viajar
Mesmo com pouco dinheiro, desfrutar
Daquele momento de lazer
Porque depois que passar essa difícil situação
Você vai conseguir entender
Que é muito bom ter um iPhone, um carrão
Ganhar muito mais que um milhão
Mais numa hora dessas de aflição
Nada disso vai te satisfazer
Porque depois que tudo isso passar
Aprenderemos, teremos noção
Que o que faz falta é o estar
O abraçar, o cheirar, o tocar
Coisas que não se podem comprar
E que nunca foi cobrado pra dar:
AMOR, AFETO E ATENÇÃO.
Cordel minha terra.
Eu sou filho do mato
Da terra da cultura
E quem não a entende
Sem ter desenvoltura
E fala do nordeste
Nem sabe da fartura
Lembra de pouca chuva
Poeira, chão rachado,
Mandacaru e palma
(Coroa de frade) espinhado
Caatinga, capoeira
(Unha de gato) estirado
Se chove o ano todo
Estrada é agonia
Buraco em buraco
E todo carro chia
Vamos falar do tempo
Tudo logo esfria
Mas assim é que é bom
Neblina no distrito
Nem dá pra ver escola
Fica logo aflito
As crianças na chuva
De bota faz bonito
Já vi frio de quatorze
Sensação térmica 8
Tem quem acha, é quente
Vigi, povo afoito
Tem aquele que treme
Só levanta no açoito.
De touca na cabeça
Cachecol no pescoço
Doze meses tem o ano
E vale o esforço
Um quarto é de sol
Chuva no resto moço
Já consegue decifrar
Com quê foi revelado
Nada é melindroso
Não está disfarçado
Pra não ficar nervoso
Já volto arretado.
*Enigmas de Lucius:*
Ela, cordel amarelo na capoeira. Usava óculos de grau e parecia estar numa capa de revista, um pouco imponente, esbelta e cheia de pose.
Suas sombrancelhas *aparadas* por um ou uma profissional , adornavam ainda mais, seu rostinho, belo, carinhoso e estudantil.
Esse é o *ENIGMA*
👸
Garanhuns meu lugar (Cordel)
Sou da terra da garoa,
simplesmente Garanhuns,
o anum em sua bandeira voa,
e belezas lásão comuns.
Tem mais de duzentos anos de idade,
e muita história para se contar,
quem já morou sente saudade,
e quem não mora vai visitar.
Garanhuns é uma cidade bela,
para muitos especial,
é a cidade das flores,
como ela não tem igual.
Jardins, paisagens, sete colinas,
típica cidade do Agreste,
esse é meu lugar,
e representa o Nordeste.
O APÓSTOLO DA BÉLGICA NO CORAÇÃO POTIGUAR
Autora: Nivania Helena - Trecho do Cordel
No dia vinte e três de outubro,
De mil novecentos e trinta,
Na cidade de Namur,
Uma nova vida se pinta.
Chegava ao mundo um menino,
Na Bélgica de terras frias,
Sob um céu de nuvens e estrelas,
Uma linda história que se cria.
De seu Joseph e Dona Anna,
O caçula Jacques Theisen nascia,
Um brilho no olhar e um sonho,
Que o destino logo revelaria.
Esse foi o começo de uma vida,
Que a muitos irá inspirar,
De um homem que levou o amor,
Para longe, onde quis chegar.
Por uma família cristã foi criado,
Obedecendo sempre à doutrina,
De inteligência admirável,
Com uma força que ilumina.
Com doze anos de vida
uma guerra estourou,
Passou medo, fome, e cirurgias,
Com bravura enfrentou.
Em mil novecentos e quarenta e dois,
Fiel aos sacramentos de coração,
Três dias antes do Crisma,
Fez sua primeira comunhão.
Apesar das dificuldades que passou,
Dizia que teve uma infância feliz,
Assistia às missas com devoção,
Na igreja da Matriz.
Aos dezenove anos,
Um homem de fé e amor,
Atendeu o chamado de Deus,
E no seminário entrou com fervor.
Com coragem e dedicação,
Jacques Theisen se preparou,
Para uma vida de missão e serviço,
Que com amor sempre abraçou.
Deixou sua terra natal
E seguiu para o Brasil,
Para levar a palavra divina,
Como ninguém nunca viu.
Em mil novecentos e sessenta e oito
Embarcou na viagem naval
conheceu Dom Nivaldo Monte
Ao invés de Ribeirão preto atracou em Natal.