Poemas Nordestinos

Cerca de 1586 poemas Nordestinos

Saudade ontem de mim⁠



Atrás de poesia caminho segredando confissões retraídas,
silenciosas e enclausuradas.

Juntando, palavras soltas, soletrando silabas,
rimas em gestos e canções.

Remendando sentimentos nos silêncios das madrugadas,
ataviados, rebuscados, confidentes.

Em tempos de chuvas e estios, lua cheia e ventanias,
conversas soltas no sereno das calçadas.

Carrego pipocas, sacos de algodão-doce, mimos açucarados,
enviesados, embrulhados, entesourados de sonhos.

Costuro retalhos, pedaços de vidas e vendavais,
afetos, pessoas e estradas.

Intervalando pensamentos acanhados, renitentes,
queixosos, solitários, e insistentes.

Nas lembranças do de repente, escrevo memórias,
impregnadas de gente, vidas e solidão.

Inserida por mariasoleni

⁠Simplicidade


Simplicidade é uma virtude
Que não se vê facilmente
Mas ela é um atributo
Que deveria estar presente
Na vida de todos nós
Dentro do coração da gente

No ser humano que é simples
Não lhe falta maturidade
Para enxergar toda a grandeza
Com muita facilidade
Que existe no que é pequeno
Pois tem sensibilidade

Quem carrega a pureza
E conhece a humildade
Tem um grande coração
Que é cheio de bondade
Certamente em sua essência
Existe simplicidade

Por conhecer a nobreza
Que a simplicidade oferece
E também toda beleza
De alguém que nunca esquece
De ter um coração grato
Pois isso lhe enriquece

Não de bens materiais
Que um dia irão perecer
Mas de valores reais
Que irão fortalecer
O carácter e a essência
Que existe em você

Por isso quer um conselho?
Cultive a simplicidade
Como um valioso tesouro
Sem data de validade
Por que isso com certeza
É riqueza de verdade.

Inserida por NeliFrutuoso

⁠Ôh caro homem, como é que você tá?
O sol tinge tua cabeça e sê não para de plantar,
Pegou água no barreiro, carregou de lá pra cá,
Trouxe o pouco incontestável, mesmo assim não vai jantar?
Ôh caro homem, quando é que vai parar?
Sê saiu o dia inteiro, é bom ver você chegar,
Picado de um mói de abelha,
Se coçando com a poeira,
Tão cansado que fraqueja,
E sê ainda vai voltar?
Ôh caro homem, eu posso ser aprendiz?
Te ajudo com as pedrinhas,
Cavo e planto a raiz,
Alimento os animais,
Canto prosas atuais,
Mesmo sem saber demais,
Se eu pergunto, sê me diz?
Ôh caro homem, entendi tuas 'cicatriz,
Foi teu jeito verdadeiro...
Heroico feito um guerreiro ,
De mostrar pro mundo inteiro,
Que podia ser feliz.

Inserida por AlanRodrigo2

⁠↠Catopês ↞
.
Dança, ritmo, até mesmo um batuque,
Conto um folclore de Minas Gerais, antes que eu caduque.
Há 170 anos, Marujos, Cabloquinhos e Catopês
Os festeiros cantam em frente a minha casa de sapê.
.
Em Montes Claros, no mês de agosto
O povo humilde toma o seu posto,
De reis e rainhas, príncipes e princesas, imperador e imperatrizes
E em uma mesma folia, a origem das suas raízes.
.
Homenageiam o Divino, São Benedito e Nossa Senhora
Os Santos atendem as preces, sem demora,
Cada fiel com sua roupa: bonitos, alegres, porém pobres
Com chinelas ou descalços, porque não tem cobre.
.
Carregam na voz a suas maiores riquezas: a sua tradição,
A crença na religião, o sacrossanto de devoção,
Ser escola e ter a história como convicção,
E manter esta cerimônia sem fim, no coração.
Que seja ad aeternum a cultura deste sertão!

Inserida por clickinview

⁠Hoje eu fui até a bodega do Sr. Nogueira
E chegando próximo ao balcão
Avistei uma baladeira, uma lamparina e um pião
Que me fez perceber quão inesquecível é uma infância no sertão

Meus olhos brilharam ao ver a bomboniere
Que girava e girava trazendo felicidade e doçura
Aí meu Deus que gostosura!
É a infância no sertão

Voltei para casa num pé só
Correndo pelas estradas
Parando só para apreciar a boiada que passava

Neste sertão já fiz de tudo
Subi em árvore, pulei cerca, fiz fogueira
E de vez em quando as brincadeiras deixavam uma cicatriz
Mesmo assim eu fui feliz no sertão que fiz morada

Comer a fruta tirada direto no "pé"
Tomar leite ordenhado na hora
Tomar banho de rio e ir de carroça para escola
Não há como esquecer.
Ficará para sempre em meu coração os momentos que eu vivi morando lá no sertão!

Inserida por wesley_bruno

LEITE MUNGIDO
.⁠
Cuscuz, queijo e ovo cozido
Copão de leite mungido
Eis meu café da manhã.
Ao lembrar do meu sertão
Bate uma baita saudade
Nas veias do coração.
O tempo... quanta maldade
Parece não ter noção
Do estrago que fez na alma
De um poeta setentão!

Inserida por AirtonSoares1952

⁠Que a determinação
Seja a sua imagem
Que a garra e coragem
Habite seu coração
Para cumprir a função
Com respeito e amor
Não importa o setor
Se é fichado ou quebra-galho
Feliz dia do trabalho
Pra você trabalhador.

Inserida por fabioalves63

⁠A vida no interior
É diversa da cidade
Não tem prédio luxuoso
Nem muita modernidade
O melhor a se fazer
É ver o entardecer
Na total tranquilidade

Inserida por RomuloBourbon

⁠Se a vida bater forte
Querendo lhe derrubar
Fique firme e aguarde
Porque tudo vai passar
Não se esqueça da lição
Flor que nasce no sertão
É a que mais vai durar

Inserida por RomuloBourbon

⁠Dizem que cidade grande
É o melhor canto que há
Que tem tudo nessa vida
Que se possa imaginar
Mas na roça tem igual
Mais bonito e natural
Basta a gente comparar
.
A cidade tem o carro
O metrô e o caminhão
Não tem pássaro no céu
Não tem bicho pelo chão
A roça tem sabiá
Pato, boi, tamanduá
Cabra, peixe e pavão
.
A cidade tem farol
Com a sua luz acesa
Mas não tem o cintilar
Nem o brilho da beleza
O roçado tem luar
Com estrelas a piscar
No clarão da natureza
.
A cidade tem barulho
O roçado, amenidade
A cidade tem agito
A roça, serenidade
Na cidade, o tempo voa
No roçado, eu fico à toa
Na maior tranquilidade

Inserida por RomuloBourbon

Ingratidão ⁠

Oh meu Deus me perdoe
A minha ingratidão
Nasci em cidade grande
Mas amo o meu sertão.

Não desejo tocar os prédios
Apenas tocar o chão
Descalço na terra correr
E na rede adormecer

Perdoe minha ingratidão
Mas não me vejo em cidade grande
Mas livre no meu sertão.

Alexandre C.
Poeta de Libra

Inserida por poetadelibra

⁠RAÍZ DO VENTO

Sou a raiz do ventooo!
Falou a menina
Face aberta, olhos em riso
Braços desabrochados acolhendo a vida
Enquanto corria-brincava
No chão do sertão.

Inserida por marcospeixe7

CORAÇÃO DO NORDESTE

Pernambuco é meu país,
terra de cabra da peste,
tem o frevo no Recife,
tem o forró no agreste,
e também tem o sertão,
onde nasceu Gonzagão,
coração desse Nordeste.⁠

Inserida por RomuloBourbon

⁠O cuscuz é muito bom,
bem melhor que caviar.
Na mesa do sertanejo,
serve para alimentar.
No Nordeste é tradição
do litoral ao sertão,
é cultura popular.

Inserida por RomuloBourbon

⁠A rotina no roçado
é antes de o Sol raiar,
é alimentar o gado,
e a lavoura cultivar.
E, à noite, um forró
pra dançar com o "xodó",
e "adispois" ir namorar.

Inserida por RomuloBourbon

⁠O mundo gira veloz,
o povo vive apressado,
correndo não sei do quê,
passa o dia estressado.
Só existe um lugar
onde a vida é devagar:
é aqui no meu roçado.

Inserida por RomuloBourbon

⁠NOITE DO INTERIOR

Cai a noite no roçado
É tão bom para se ver
As estrelas lá no céu
Logo após escurecer.
O universo é tão grande
Acho que é semelhante
Ao que sinto por você.

Inserida por RomuloBourbon

O sertanejo.

Se for luxo e riqueza,
num tem, não senhor.
A minha nobreza
é ser trabalhador,
que vem da grandeza
de alguém de valor.

Inserida por GVM

garimpo
entre cascalhos pouca a suavidade
passei pela idade e por ela os sonetos
eu os explorei os coloridos e os pretos
fados, todos de amor, e de verdade

e pelas gavetas sonhos ali secretos
cada qual nas prateleiras, dificuldade
suspiros, cometas, e tal multiplicidade
eu só queria estrelas, e sólidos tetos

o meu poetar é engatilhado, infinidade
e nesta esgrima, rima, ares inquietos
e os meus paradeiros, olhares eretos
das fissuras dos desvalidos, a metade

vasculho os sentimentos e quem diria

dos devaneios, garimpei a ousadia...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
22/09/2019
Guaianases, São Paulo, SP

Inserida por LucianoSpagnol

Bendito seja o sertanejo esperançoso, esgotado, ainda que de tanto trabalho.
Não desanima da labuta na terra, na alegria de plantar pra comemorar seus frutos como dádiva divina.
Satisfeito do seu cansativo dia, o sertanejo retorna pra casa com seus cestos fartos de frutos de um abençoado trabalho de um humilde sertanejo que aprendeu com a terra a dignidade do trabalho.

Inserida por marcio_henrique_melo