Poemas Nordestinos
Não acredito em destino
Penso que cada um faz o seu
Mas este encontro inusitado
Confesso: me surpreendeu
Eu havia bebido em excesso
Meu Deus, quanto retrocesso
Depois nada me rendeu
Estava eu de mudança
Cuidando de tudo sozinha
Precisava de internet
Aqui na minha casinha
Combinei um horário legal
Nove horas não estarei mal
Eu vou estar boazinha
Depois de tudo combinado
Vieram aqui trabalhar
Às nove horas em ponto
O porteiro ligou pra avisar
Estava em estado vegetativo
Meu corpo já tinha morrido
Sem forças nem pra levantar
Preciso abrir a porta
Pensei com zero energia
Fui lá atender o povo
Com nada de simpatia
Eu só queria dormir
Ou tomar algo pra reagir
E sair daquela agonia
O povo ficou sozinho
Pensei comigo: Oh lasqueira!
Estava deitada e ouvindo
Aquela conversa maneira
Queria ter sido solícita
Mas a desnutrição era explícita
Dormi a manhã inteira
Depois que tudo passou
Pensei em me redimir
Comentei o status dele
Mas logo me arrependi
Apaguei o comentário
Fui arrumar meu armário
Se precisar estou aqui
Respondeu ele do outro lado
Desculpa: mandei sem querer
Fiquei toda atordoada
Sem saber o que ia dizer
O papo foi logo fluindo
A ficha também foi caindo
Meu Deus! O que vou fazer?
Do nada ele sumiu
Parou de me responder
Fiquei foi logo com raiva
Espera que tu vai ver
Apaguei foi logo o contato
Igual a bicho do mato
Nunca mais você vai me ver
Mas a situação se transformou
E com ela voltei a conversar
Entre encontros e desencontros
Senti medo de me apaixonar
Mas depois me tranquilizei
E com outros olhos á avistei
Agora somos dois a sonhar
Estou na nuvens, estou nos dias, e sou ventania.
Entre montanhas, terra e ar encontro meu habitar.
Escrevo no céu, penso em cordel como uma forma de me declarar.
Espero no tempo, com muito sentimento, um jeito de extravasar.
Ruas escuras percorro nas sombras da noite um alvoroço.
Viver nessas ruas sem poder circular inteiramente nua, sem pressa e sem meta é falta de alegria, igual a uma epidemia.
Mesmo assim eu insisto em sair na rua, pois cada canto tem um cheiro, um ar e um apelo.
Lá naquela casa que moro, sou apenas mais um corpo.
Ninguém fala, quando falo, ninguém me escuta, estão todos sem astúcia.
A mulher encantada subia a calçada
estava descalça e desfigurada
Ela no entanto caminhava com rebeldia enquanto se mexia
Seu corpo e todo seu molejo era feito um sacolejo
Querendo voltar a ser menina lembrando das pernas finas.
-Eu queria era ser vista com uma roupa mais bonita para ser chamada de Margarida.
-Sol escaldante queima a minha pele, sinto que algo me fere e me repele
-Sinto meu corpo passar no agito da cidade e ninguém o notar.
Será que sou transparente ou não existo ao passar?
Da garota mais linda eu tirei um sorriso!
E tudo dela é rir do que digo.
O semblante dela é meu preferido!
Da minha pesquisa é ela que eu sigo!
Mais fazer oq se ela não tem irmã!
Ela é a minha varoa, cristã!
Quando a vi pela primeira vez!
Eu falei é ela que eu quero talvez?
Ela apareceu do nada, mas Deus escolheu ela pra ser minha namorada.
Por trás de um belo sorriso, tem um cisco!
De lágrimas talvez?
Uma pessoa tão legal.
É com ela que eu me sinto especial!
Mensagem de bom dia, eu mando!
Todo santo dia, ao acordar.
Só sei de uma coisa, é com ela que eu quero me casar!
No tecido que se fia
No tear da educação,
Cabe em cada entrelaçar
Um sonho e um pé no chão.
Um sonho pra dizer sim
Uma palavra pra dizer não.
Em cada tecido cru
Em cada palavra dada,
Um sinal de esperança
Na escola foi plantada.
E em cada sala de aula
No sertão do Ceará
A lição é ensinada.
Na rede que é formada
Linhas traçam um caminho,
A caneta que faz a lei
Também escreve o destino.
E o menino que ali brinca
Desenhando o caminhar,
Também é fio tecido,
Que logo vai se formar.
A Política puxa dali,
A Gestão estica lá
E a avaliação em larga escala
Vem junto pra examinar
Se o menino está aprendendo
Soletrar o BÊ- A- BÁ
Se até o 9º. Ano ele vai continuar
As políticas determinam
Onde as crianças vão chegar
Não importa a tecitura
E a história do lugar
SPAECE e IQE fazem a conta
Pro ICMS pagar
E no ranking e na rede globo
O município vai parar
Avaliação e responsabilização
Andam junto a se abraçar
Com o fio da accoutability
Pra novo tecido formar
E fazer com que os gestores
Venham a rede emendar
Traçar metas com PAIC
Para o PEN10 alcançar.
Do sertão à capital
Da capital ao sertão
Cada fio é importante
Pra costurar a gestão.
E fazer da escola
Um lugar de educação
Com políticas de equidade
Para todo cidadão.
Reconhecendo os professores
Com políticas de indução
O Ceará vai crescendo
E mostrando pra nação
Que é possível fazer bonito e ser exemplo
No quesito educação
E embora ainda falte muito
Pra fechar a equação
A pesquisa demonstrou
Que o Ceara fez a lição
E entre críticas e apoios
Vai mudando a situação.
Aumentando indicadores e
E cumprindo sua missão
Formando uma rede forte
De grande repercussão.
Liduína Gomes.
Dos cordéis cito elementos
Tidos como essenciais
Todos tão fundamentais
Que elevam meus argumentos
Autentico ensinamentos
Cito a métrica fiel
A rima com seu papel
E a oração feito luz
Trilogia que introduz
Este ABC do cordel!
Fim de ano é o tempo
De fazer reflexão
É a hora de pausar
De rever cada ação
É a vez de faxinar
De lavar e de passar
As roupas do coração
Um alguém, quando ferido,
Também pode machucar.
Quem com fogo fere alguém,
Com chama vai chamuscar.
Se pisar no calo alheio,
Depois vem um arrodeio,
E é você quem vai penar.
Atmosfera de amor
Um ambiente de paz
É assim o nosso lar
Lembre disso, meu rapaz!
Toda casa é refúgio
Não pode ser um dilúvio,
Faça o que for capaz!
IRACEMA
Na terra de Pindorama
A índia segura o arco
Virada pro oceano
Ela baliza seu marco
Do Brasil foi fortaleza
E também a realeza
Antes de zarparem barcos
Tem gente que só critica
E não vê o lado bom
Só enxerga o defeito
E não crê no nosso dom
O meu forte é escrever
O seu você vai saber
Bastar seguir o seu tom
Na estrada dessa vida
É preciso observar
Quando se é um bebê
Só se faz engatinhar
Mas o tempo vai dizer
Que se aprende a correr
E depois a pedalar
Pedalando, vou vivendo
Nas trilhas desse caminho
Não sei onde ele vai dar
Com Deus nunca tô sozinho
Na montanha vejo o mundo
Tiro força lá do fundo
Pra não ter um desalinho
Cai a noite, continuo
Sempre posso pedalar
Vem o frio da madrugada
Então penso em parar
Ouço a voz bradando forte
Só encerro com a morte
Sigo enquanto respirar
Então sigo nessa trilha
Vou curando as feridas
O pedal é que nem vida
A chegada é a partida
Tudo vai se repetindo
Quando chego já vou indo
Não existe despedida
Parabéns para Recife
Olinda também faz ano
Cidades que são irmãs
No Estado pernambucano
Do Nordeste são riquezas
Do Brasil são duas belezas
Nesse solo americano
NANÁ VASCONCELOS
O Naná de Pernambuco
foi mestre da percussão,
levou berimbau ao jazz,
numa rara inovação,
ganhou Grammy e troféu,
hoje mora lá no céu,
onde faz sua canção.
POEMA
O que é que é poema?
Será samba sem tambor?
Ou um rock sem guitarra?
Será prece sem louvor?
Ou é canto sem coral?
É cura pra todo o mal,
um remédio para a dor.
O PINGUIM
O pinguim quando ele anda
Vai bailando engraçado
O passinho bem curtinho
Parece sapateado
Vai ver é pra esquentar
Pois se fica a hibernar
Ele morre congelado
RIO ADENTRO
Até breve, meu amor,
vou seguir o rio adentro,
buscar peixe pra pescar,
garantir nosso fomento.
Vou sem hora pra voltar,
só pensando em retornar,
para ter nosso momento.
ANTIGOS REPENTISTAS
Eu tenho muita saudade
dos antigos repentistas,
que cantavam lá na praia,
diziam que eu era artista.
Em dupla, com violões,
encantavam os corações...
nunca mais os vi na vista.