Poemas Nordestinos

Cerca de 1560 poemas Nordestinos

Cordel Umbilical

Unir as rimas ao papel
É o mesmo que uma gestação
Gerar com amor um cordel
Dar asas à criação
De letras, filhos, rimados
Criados com muito amor
Meninos nada mimados
Meninas com cheiro de flor

⁠CORDEL: SÃO JOÃO

O Brasil cheio de festa
De cultura e atração
Onde não se perde uma
Sequer comemoração
E mais uma ali nasceu
cultura do são João

São João tempo de festa
brincadeira e alegria
Ao redor da fogueira
Se ajunta toda a família
Os amigos as crianças
E com sua fina iguaria

O são João sim é o melhor
Típica festa junina
Pois nele muito encontra
A pamonha e a canjica
A pipoca e o arroz doce
E o curau é uma delícia

O bolo de mandioca
O cuscuz e o munguzá
Também o bolo de milho
O acarajé, vatapá
milho pronto na fogueira
Tudo pro nosso arraiá

Os fogos e brincadeiras
Que constroem sua estrutura
Que nos faz sair do chão
Que compõem essa cultura
São João sim é perfeito
Não é feito de frescura

Casamento do Matuto
Quadrilha e arrasta-pé
O correio elegante
Dança é só pra quem quiser
Fogos, balas e balões
Pra deixa o cabelo impé

São João do meu nordeste
É mesmo feito de ouro
é preciso abrir os olhos
Para encontrar seu tesouro
Maior até que o carnaval
Pos tem seu próprio estouro

No fruto do meu nordeste
Nunca sai da região
Nos deixando sua cultura
o forró do gonzagão
Feito Pra os dois se unir
Pois Nos ajuda a curtir
O perfeito são João

ELA

Em seu cordel de sonhos
Ela pendura su'alma vestida
de asas .

Pés alados ousa voar
ora menina
ora anjo
ora leoa
ora borboleta
ora lua
ora pássaro
ora mulher ...
Tem sede da vida amar !

Trás nos olhos
a vertigem bailando ventos in clarim
e o desfolhar d'uma nuvem
a respirar céus in carmesim .

No fundo
Ela sabe bem ao certo
por onde ir e
por onde deve pousar .

Tentei ser versos, prosa, poesia,
me fiz em rimas, trechinhos de cordel,
quis ser poema, um tema pra tua vida,
até em notas musicais eu me compus.
E não teve jeito de compreenderes minha essência,
pois em tese, sou uma TESE, complexa dissertação,
e por favor, me dá licença,
fica aí com teus gibis, não tenta mais me ler,
sou alto nível pra você
e te falta amor, coração e inteligência.

Poeta

O Poeta é como ave de rapina
quando trina ateia versos
em rima

O Poeta de cordel do sertão
é uma ave que ao recitar
infinito canta

O Poeta de cordel ressuscita
os imortais faz as noites
entardecerem e o dia de
prosas que só se desfaz
ao pôr do Sol.

Cordel - Lampião na casa de massagem

Lampião rei do cangaço, matador um cabra macho, cansou-se de Maria e foi a vida aproveitar..

Foi na casa de massagem onde não tem mulé direita, enrabichou-se com uma sujeita e quase num sai de lá..

A tal sujeita é Juliana, menina boa de cama que pegou Lampião de um jeito e não queria mais largar..

Juliana só falava: "Hoje eu te mato seu cabra", Lampião pulou ligeiro pra arredar o pé de lá..

Amirou sua espingarda e começou a prosear: "aqui sou rei do cangaço e só eu posso matar"..

Deu dois tiro em Juliana vestiu a roupa e saiu, amontou no primeiro jegue que viu e começou a pensar..

Nesta terra sou o cão, já matei pra mais de mil e não vai ser essa menina com uma chave de pipiu que vai um dia me matar.

Venho com minhas simples palavras escrever este cordel.
Para uma menina que é feito anjo, parece até ter caído do céu.
Num dia sem esperar, com uma mensagem tudo aconteceu.
Começamos a nos falar e o amor apareceu.
O amor que trago na minha prosa é bem diferente do de Platão.
Ele é feito amizade de muito tempo, daquelas que nunca te deixa na mão.
É bom poder dizer, que ter conhecido você, ajudou a adoçar meu coração.

Afinidade
É o encontro de duas poesias que se conjugam,
num doce cordel de danças e sons
que a natureza aplaude com entusiasmo.
A afinidade não pede explicações,
razões
nem se preocupa com o movimento do vento,
sabe perfeitamente que o próprio vento
festeja e abraça a delicadeza do gesto
Poesia e afinidade tem perfume de amor
que envolve e embriaga a alma
que se liberta e plana sobre rios e vales,
espalhando encanto em todo canto;
O sol que se anuncia ao amanhecer revela o encanto,
deixado ao acaso;
A lua por sua vez recolhe o encanto
e o sopra na noite escura,
que se espalha em brilhantes estrelinha
para brindar seu entusiasmo e espanto do olhar;
No dia,
a poesia te acompanha e a afinidade te abraça em cada pequeno gesto que pratica,
tirando um pedacinho do que te faz falta,
mas que o outro se farta e e se completa.
Poesia meu anjo é você! ... e afinidade somos nós!!!

TENTEI ESCREVER MEUS VERSOS
Numa forma de cordel
Falava do homem valente
Do tipo do coronel
Que amedronta muita gente...

De um povo sofrido
Daquele homem disposto
A enfrentar a chuva e o sol quente
Trazendo a marca no rosto
Orgulho em se olhar de frente...

Que mesmo passando fome
Encantam seus amores
Plantando no chão as esperanças
Num emaranhado de cores
Para colher o futuro pensando nas crianças...

Cordel: A dupla fiel
Venham cá, meus amigos,
Sem pressa, com atenção!
Trânsito é coisa séria
Não admite distração:
Quer evitar acidentes
O melhor é a prevenção!

Quem a lei não respeita,
Paga caro qualquer dia.
Pior que a dor no bolso
É perder toda a alegria:
O dinheiro a multa paga,
Não recompõe a família.

Acessórios importantes
Pro adulto, pra criança,
Tá no Código, então é Lei,
Leve na sua lembrança:
O cinto e a cadeirinha
Nos dão mais segurança.

O cinto e a cadeirinha
Vidas podem até salvar.
Pra você e sua família
A certeza de bem chegar:
Companheiros do dia-a-dia
Nunca deixem de usar.

É por isso, meus amigos,
Que lhes chamo a atenção:
O cinto de segurança
Usem em toda ocasião:
Como um amigo do peito,
Levem-no junto do coração!

Limpinho, bem regulado
Não traz incômodo não.
Grudadinho em você
Em caso de colisão:
Contem sempre com o cinto,
Nunca vai te deixar na mão!

Vejam bem, meus amigos,
Ele cumpre o seu papel,
No caso dos pequeninos
Também é amigo fiel:
Unido à cadeirinha
Feito versos a um cordel!

Até completar dez anos
Eles vão no banco de trás.
Bebê conforto, cadeirinha...
O nome aqui tanto faz:
Para as nossas crianças
Proteção nunca é demais!

Acreditem, meus amigos,
Nesta dupla muito fiel...
Pro cinto, pra cadeirinha
É que eu fiz este cordel:
Pra essa dupla amiga
É que eu tiro meu chapéu!

Foi muito bom poder falar
Pra ouvintes tão distintos!
Se a questão é o trânsito,
Não confiem só no instinto:
Levem consigo a lição
Nunca abram mão do cinto!
(1º LUGAR - CATEGORIA CIDADANIA - X PRÊMIO DENATRAN DE EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO - 2010)

Carta de um poeta ao Papai Noel

Papai Noel
como criança neste cordel
te peço!
um presente no sapatinho
com apreço
um pouquinho de tudo que é generoso
dos povos: o amor, o ato misericordioso
sabedoria, onde possamos dar graças
afeição, fé, saudando todas as raças
muita paz, oração, muita alegria
nos livrando de todo o mal
embalados pelo coro celestial
de Boas Festas e, um Feliz Natal!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Cerrado goiano, dezembro

⁠Cordel Astral
Fui perguntar aos astros
O quão perfeito é o nosso amor.
Marte falou primeiro,
Num impulso verdadeiro,
Que nosso amor é guerreiro
Por não ter medo da dor.
Saturno, mais oportuno,
Não deixou de se impor.
Disse, num tom maduro,
Que o amor pode ser duro,
Mas, mesmo sem crer no futuro,
Crê no futuro do nosso amor.
Mercúrio pediu a palavra
E explicou com a razão:
Que não existe amor perfeito.
Porque amor que não tem defeito
Não se define como amor,
Considera-se paixão.
A Lua foi nua e crua,
E falou com sentimento,
Que o amor nos olhos dela
É igual ao amor aqui dentro.
Dando luz ao nosso caso,
Diz que não é por acaso
Que isso vai dar casamento.
Urano, pra variar,
Não rotulou o amor da gente.
Disse só que é diferente
O nosso jeito de amar.
Júpiter filosofou,
Falando da nossa jornada.
Disse que nosso amor é casa,
Mesmo quando a casa é estranha.
Netuno falou bem pouco,
Pois preferia rezar.
Pro nosso amor deste mundo,
Continuar tão profundo
Como já foi em um outro lugar.
O Sol se agigantou
E chamou a minha atenção.
Sua frase foi uma só,
Mas aqueceu meu coração:
“Eu sou Ela”, disse ele.
E eu não discordo, não.
Plutão foi um pouquinho
Mais difícil de entender.
Ele afirmou que o amor perfeito
Só nasceu no nosso peito
Porque a gente soube morrer.
E Vênus ficou por último,
Porque de amor entende mais.
Disse que um amor desse jeito
É uma escolha dentro do peito,
Que a gente até pensa a respeito,
Mas é o amor da gente que faz.

DESPEDIDA DO POETA
Fim de carreira
no barbante do cordel
penduro a minha chuteira.

O Sertão é minha terra,
Onde moro e vivo nela,
Se um dia eu sair daqui,
Um pedaço eu levo dela.

Palavras de ordens

"Patativa do Assaré poeta do sertão, reivindicando seus direitos rumo a revolução"

O homem nordestino

Que mora lá no sertão
Tem alma de vaqueiro
Pega boi o dia inteiro
Ouvindo o rei do baião...

Homem valente e trabalhador
Do chão seco e rachado
Labuta com o seu arado
Povo humilde de grande valor...

Cai chuva ou faz Sol nesse sertão
Nunca se esquecem do grande Gonzagão
Nem do mestre Virgulino
Orgulhos do povo nordestino...

Em Israel chove menos que no sertão nordestino. Mesmo assim, o país driblou a estiagem e se tornou um grande produtor agrícola. Do chão seco tirou limão, do limão, fez uma limonada. Já no Brasil, somos férteis em assistencialismo a conta gotas!
Toda seca, um bocadinho de água e um montão de dinheiro enviado para não resolver NADA!
A famigerada indústria da seca diz que o povo tem que depender, tem que se humilhar, tem que pagar a "boa ação" do político com fidelidade, com votos!
É o velho-novo cabresto que impede as mudanças e atrofia o Nordeste.
Não iludam o nordestino! Um povo não pode viver de esmolas. Água só não basta! Tem que ter irrigação, tem que ter tecnologia, para o sertanejo não depender dos coronéis da terra, nem dos santos do céu.

Amor nordestino.

Salve, salve a valentia
dos vaqueiros do sertão
salve, salve a poesia
que retrata o nosso chão
salve o amor de Maria
no coração que explodia
quando via Lampião.

SOU NORDESTINO!

Do sertão ou da cidade
pode ser homem ou menino
pouco importa a sua idade
sua vida ou o seu destino
mas é pela sinceridade
que se nota de verdade
quando o cabra é nordestino.

Ave Musa incandescente
do deserto do Sertão!
Forje, no Sol do meu Sangue,
o Trono do meu clarão:
cante as Pedras encantadas
e a Catedral Soterrada,
Castelo deste meu Chão!

Nobres Damas e Senhores
ouçam meu Canto espantoso:
a doida Desaventura
de Sinésio, O Alumioso,
o Cetro e sua centelha
na Bandeira aurivermelha
do meu Sonho perigoso!

Ariano Suassuna
SUASSUNA, A. Romance d'A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006
...Mais