Poemas Nordestinos
neuroma
caminho no cerrado entre o aroma do sertão
e os sonhos...
do planalto central, neuroma.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
NOSSO CHÃO.
É assim no meu sertão
é na casa do vaqueiro
pode ser a do patrão
ou no lar de um roceiro
pra valorizar o chão
basta ter educação
não precisa ter dinheiro.
VIOLEIRO DO SERTÃO – João Nunes Ventura-02/2020
Canta na sua viola
O violeiro do sertão,
Canta nos verdes campos
Com sua alma e o coração,
E leva a sua esperança
No canto de sua canção.
Como o passarinho no ninho
Como o orvalho na flor
Ao luar num beijo ardente,
O sabiá canta contente
E eu choro a minha dor.
O violeiro me consola
Com a sua canção de amor,
Vejo o jardim florido
Espalhando seu esplendor,
Meu bem na primavera se foi
Sem adeus ela me deixou.
Não quero mais viver aqui
Para distante eu vou partir
Saudade dói meu coração,
O perfume ela deixou na sacola
Agora comigo chora na viola
O violeiro do sertão.
Enquanto o choro é contido
E o sertão galopeia
Me escondo dentro do escombro
Me molho na lua cheia
Em cada verso que entorto
Desvendo a sua teia
Não tem remorso
Ou pecado
O fogo não titubeia
Sorriso já voa largo
Onde a pupila clareia
Não dá pra pedir socorro
Pra quem no amor se margeia
a diarista
já o lusco fusco chegando
com sua casca ressequida
o céu do sertão apagando
e as maritacas de partida
pela janela vai adentrando
silenciosa, está tal rapariga
espanando num desmando
sombreando, cheio de giga
tece a noite, vai-se o dia
finca estaca na imensidão
o canto da cigarra anuncia
o tardar, tolda a escuridão
o cerrado a noite cria
a melancolia recordação
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
segunda, outubro, 2019
Cerrado goiano
MAR!
Trecho da Peça: O Sertão Vai Vira Mar
Com o tempo, a quentura e a seca começaram a fazer parte do dia a dia de todos.
De tão quente e tão sem chuva, pouco a pouco as pessoas daquela cidade foram indo embora, deixando suas casas, suas histórias e seus animais!
Os animais!
Esses sentiram os efeitos da seca.
Poucos restaram naquele sertão.
Sofreram muito com a saída dos homens, mas tiveram que lidar com o que tinham.
Cada um, do seu jeito foi se preparando para o dia que o Sertão virasse Mar.
Isso mesmo, de acordo com as teorias da Senhora Asa Branca, um dia o Sertão viraria Mar e quem não preparasse o seu barquinho, não teria chance de sobreviver.
Ninguém nunca imaginaria que o grande problema de todos, a falta de agua, seria agora, justamente um novo problema, só que ao contrário, a pá virada virou de vez, e ia ser agua demais, agua pra encher as bacias, lagoas e até uma cidade!
Um mar!
SOLO.
Amanhecer no sertão
é um presente Divino
é sentir a plantação
é ver o sol cristalino
é não ter poluição
é ter orgulho do chão
onde nasce o nordestino.
NO MEU SERTÃO
Hoje no meu sertão o Bode tem que estar cercado, amarrado, vigiado, caba armado, acordado e com os olhos arregalados e ainda assim o Bode é roubado.
BRASIL CENTRAL (cerrado)
Ó cerrado! ó sertão místico e mestiço
Ó visão, dum pôr do sol que vermelha
- chão, que a secura está sobre a grelha
E o encanto ao dissonante é submisso
Pois o airoso, onde ao torto parelha
Abre a admiração à surpresa do viço
Da tosca vista de ambiente maciço
O gérmen vivo da variada terra velha
Sempre o constante! azul do céu anil
Sobre o planalto... flores exuberantes
De renovo e de um invariante desafio
Anda a poesia aos olhos sussurrantes
Desse seio onde nasce o feitiço luzidio
Do território central do nosso Brasil!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/03/2020, 10’26” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SINO DOS PASSOS (soneto)
No sertão do cerrado um sino canta
15 horas, um sino num dobre triste
Canta... evocando os Passos aluíste
Do Senhor. Reclinai-vos é hora santa
Um sino canta... A alma no crer levanta
E ao vento soando em um dobre insiste
O canto solitário, que no tempo resiste
Em prece e o testemunho que encanta
Ao longe, num ar sombrio, arde o sino
Chora, e agradece com seus compassos
E o céu se cobre com o repicar em hino
E nesta hora de fé, ao chão os fracassos
Nossos, e o perdão ao nosso Pai Divino
No campanário, soa o sino dos Passos!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/03/2020, 15’20” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Tudo isso e mais a fome
da cidade e do sertão,
tudo isso e mais o gosto
da pimenta e do limão,
tudo isso, minha gente,
vai perdendo a tradição,
vai ficando na saudade,
na forma de algum refrão,
de algum discurso eficaz
que possa matar a fome
comendo apenas o nome
das comidas de Goiás.
Música Fui morar no sertão
Compositor poeta Adailton
Eu estive pensando
Não faço mais parte dos seus planos
Você me expulsou do seu coração
Larguei a faculdade
deixei de morar na cidade
Fui morar no sertão
Fui morar no sertão(Refrão)
Contive meus sentimentos
Vendi o meu apartamento
E fui morar no sertão
Larguei a faculdade
deixei de morar na cidade
Fui morar no sertão
Fui morar no sertão(Refrão)
Deixei de ser engenheiro para ser vaqueiro
E fui morar no sertão
Larguei a faculdade
deixei de morar na cidade
Fui morar no sertão
Fui morar no sertão(Refrão)
poeta Adailton
NO SERTÃO.
Aqui temos o ar puro
nossa tarde é serena
não precisamos de muro
de TV... nem de antena
cai a noite fica escuro
e todo mundo tá seguro
nem precisa quarentena.
O sertão da caatinga
Os caminhos são tortuosos
Nas estradas do meu sertão
Cercado de estacas e farpados
A caatinga reina nessa região
Uma floresta branca atípica
Cheia de diversidade e beleza
Como o mandacaru com sua flor típica
E o tronco do Juazeiro com sua dureza
Os cactos estão aqui para reinar
Suas folhas dão lugar a seus espinhos
Para registirem a seca e sua água conservar
E suas flores embelezar a terra com carinho
Sem pasto para o gado sobreviver
A macambira e as palmas são a solução
Para boi poder ter o que comer
Homem e natureza estão em comunhão
E assim são os caminhos pela caatinga
Cheio mato e uma beleza bem peculiar
De tanta utilidade que niguém imagina
Só andando pela magia desse lugar.
Música Nosso Rancho no Sertão
Compositor Poeta Adailton
Assim como o João-de barro
Vou fazendo a nossa casinha
Teto de palha
Chão de barro batido
Sem ferrolho na porta
Nada disso para nós importa
Eu não sou engenheiro
Sou um vaqueiro
Tenho muito amor no coração
Eu não tenho carro
Com as mãos cheia de barro vou construindo nosso "torrão".(Refrão)
Assim como o João-de- barro
De raminho em raminho vou fazendo nosso "ranchinho"
Fogão a lenha
Panela de barro no fogão
Muito amor no coração
Eu não sou engenheiro
Sou um vaqueiro
Tenho muito amor no coração
Eu não tenho carro
Com as mãos cheia de barro vou construindo nosso "torrão".(Refrão)
Assim como o João-de- barro
De raminho em raminho vou fazendo nosso "ranchinho"
Água do pote
Copo de alumínio
Tudo bem limpinho
Eu não sou engenheiro
Sou um vaqueiro
Tenho muito amor no coração
Eu não tenho carro
Com as mãos cheia de barro vou construindo nosso "torrão".(Refrão)
Poeta Adailton
O sol traz a claridade
o dia começa bem
no sertão ou na cidade
no nordeste sempre tem
um cuscuz de qualidade
que alimenta de verdade
e que não falte pra ninguém.
Sertão sossegado.
Aqui tenho meu roçado
onde faço a plantação
do suor vem o trocado
pra nossa sustentação
tenho a família do lado
que por Deus abençoado
sou feliz no meu sertão.
Conto Tião - Um mago no Sertão
"Nosso herói não é filho de nenhum semideus, nem tão pouco foi picado por aranhas radioativas. Ele é feito de verdades ancestrais, de natureza, de esperança. É feito de pé no chão, de lata na cabeça, é feito de Nordeste. Seu nome é Tião e ele é um mago; um Profeta da Chuva. "
Trecho do livro "Lendas de Vó - O Livro dos Contos" por Kate Salomão
No SERTÃO.
Banho eu tomo de bacia
e me esfrego com sabão
de noite o cantar da gia
e na janta tem fruta pão
e eu agradeço todo dia
a Jesus pela alegria
de viver no meu sertão.