Poemas Nordestinos
Vida de sertão.
Aqui bate meu coração
que é feliz a cada cena
no voar de um azulão
no cheiro da açucena
dessa vida no sertão
que é dura mas vale a pena.
Vida de sertão.
Basta um pedaço de chão
e a benção de Nosso Senhor
o apoio de cada irmão
que divide a mesma dor
isso é vida de sertão
onde um aperto de mão
ainda é gesto de valor.
Água do Sertão,
Água do Secão,
Água do Subtropical,
não deve ta fácil pra nenhum,
Diante à natureza,
Nós tamos errado,
Eu e você mais um dos culpado,
Vamo economizar, a água,
Vamo resgatar, nosso recurso,
Não digo que é principal,
Porque todos é importante,
Água é um bem exuberante,
Que não pode deixar pra trás,
Que não pode ser esquecido,
Tem que ser retribuído,
Vamo fazer nossa parte,
Vamo economizar,
Pra nossa sobrevivência,
Porque,
foi nossa incompetência.
Canção da Fé
Meu Padim Ciço do Juazeiro
Tão milagreiro eu sou romeiro do sertão
Meu Padim Ciço do Juazeiro
Tão milagreiro a minha grande devoção
De pé no chão, de caminhão, lá vai a fé.
Todo caminho só é caminho pra quem tem fé
Que terra seca, que vida seca
Não perca a fé, João.
Que Padim Ciço levou sumiço
Mas não morreu irmão
No tempo Deus, no homem Deus, o mundo é Deus.
A fé em tudo é meu escudo até o adeus
Caminha o crente sempre pra frente
Atrás da salvação
Pensando nisso, que Padim Ciço.
Nunca morreu, irmão.
Lá vai João, uma geração, uma opinião.
De quem peleja e tanto almeja uma solução
O sinal da cruz, a oração:
As armas do cristão
Que sabe disso que Padim Ciço
Nunca morreu, irmão.
Meu Padim Ciço do Juazeiro
Tão milagreiro eu sou romeiro do sertão
Meu Padim Ciço do Juazeiro
Tão milagreiro a minha grande devoção
Meu Sertão...
Aqui corri quando menino
também aprendi a plantar
fui traçando o meu destino
que a seca me fez mudar
mas como todo nordestino
tenho esperança de voltar.
"Dos nossos açudes queremos água,
Em nosso sertão queremos a paz,.
Pois é do sangue e da guerra
Que se alimentam os ditadores."
No Sertão Plantamos, Colhemos
E Exportamos.
Ficamos com o que resta.
Mais o que nos resta,
E o
Que Plantamos para nos mesmos.
Temos mais Resistencia ,
conhecemos a Natureza,
Temos Ar Puro,
Vemos o Sol Nasce,
Temos a Sinfonia dos Pardais,
A Frieza da Manhã
O Sereno da Noite,
Somos Avo, Bisavo, Tataravo .....
Morremos mais Velhos.
SOZINHU I SEM CARINHU
Ficu aqui nu meu sertâo
Sozinhu i sem carinhu
I guanu a noiti veim
Eu chóru baxim
Soluçanu cum as solidão
A lua quânu si achêga
Derramânu sua luiz
Si dismancha tudinha
Ao vê minhas tristeza
Qui nas noite inté reluiz
To aqui sozinhu
Nessi mundão
Oianu ao longi essa imensidão
Ah! Solidão qui martrata
Tantu esse solitáru coração
Intão, sinhá Mariquinha
Óie pra essi seu Caipirinha
Que fica ancim tão sozinhu
Esperanu por essa doci minina
Vô ti mandá meu retrato
Pra se vê se tudo dá certo
I ocê intão se arresórve
Casá mais ieu di uma vêiz
Inté, intão!
E fique logo boazinha!
Mariquinha du coração!
REZA PRA SINHÁ MARIQUINHA
Nossa Sinhora du Sertão
Atendi minhas oração, Santinha!
Nois tudo tá cum sodade dela
Cure logo a sinhá Mariquinha
Santu Antônho
Padruêro das muié sortêra e incalhada
Trati di cunsertá logo a sinhá
Que só farta ela sará
Pra nois dois si casá
São Pedru e São Juão
Padruêro das festa junina e dus quentão
Vê se arruma logo a bichinha
Pra nois dançá quadrilha
E sortá balão
Nossa Sinhora dus Bom Zóios
Cuidi das vista da Mariquinha
Ela tem di ficá bão de logo
Pra modi as borbulêta pudê oiá
E pros iscrito do praneta cumentá
Ocês tudo, Santu e Santa!
Trati di iscurta meus pidido!
Oiá bem o que ocês faiz!
Quero se casá cum a Mariquinha
Tê duas minina
E treis rapaiz
Ocês tome tento! Vice!
Inté, intão!
SP: de Sertão
É, pão custa,
custa caro o 'p' de peão,
o 'e' de escola [, ou de isqueiro
todo um 's' de sertão
o 'a' de "Ah, você não!"
E aquela 'cola' de mundo moderno
que não vou assumir,
Eu uso terno!
"Sobre o mar de Conselheiro
Nas cantigas de Gonzaga
Dos incriveis brasileiros
com o sertão dentro da alma"
Uirapuru, uirapuru,
Seresteiro, cantador do meu sertão,
Uirapuru, ô, uirapuru,
Tens no canto as mágoas do meu coração.
A mata inteira, fica muda ao teu cantar,
Tudo se cala, para ouvir tua canção,
Que vai ao céu, numa sentida melodia,
Vai a deus, em forma triste de oração.
Refrão
Se deus ouvisse o que te sai do coração,
Entenderia, que é de dor tua canção,
E dos seus olhos tanto pranto rolaria,
Que daria pra salvar o meu sertão.
Uirapuru, uirapuru,
Seresteiro, cantador do meu sertão,
Uirapuru, ô, uirapuru,
Tens no canto as mágoas do meu coração
O ABC do Sertao
Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê.
Apologia ao Jumento
É verdade, meu senhor
Essa estória do sertão
Padre Vieira falou
Que o jumento é nosso irmão
A vida desse animal
Padre Vieira escreveu
Mas na pia batismal
Ninguém sabe o nome seu
Bagre, Bó, Rodó ou Jegue
Baba, Ureche ou Oropeu
Andaluz ou Marca-hora
Breguedé ou Azulão
Alicate de Embau
Inspetor de Quarteirão
Tudo isso, minha gente
É o jumento, nosso irmão
Até pr'anunciar a hora
Seu relincho tem valor
Sertanejo fica alerta
O dandão nuca falhou
Levanta com hora e vamo
O jumento já rinchou
Bom, bom, bom
Ele tem tantas virtudes
Ninguém pode carcular
Conduzindo um ceguinho
Porta em porta a mendigar
O pobre vê, no jubaio
Um irmão pra lhe ajudar
Bom, bom, bom
E na fuga para o Egito
Quando o julgo anunciou
O jegue foi o transporte
Que levou nosso Senhor
Vosmicê fique sabendo
Que o jumento tem valor
Agora, meu patriota
Em nome do meu sertão
Acompanhe o seu vigário
Nessa terna gratidão
Receba nossa homenagem
Ao jumento, nosso irmão
Baiao de Sao Sebastiao
Vim do Norte
O quengo em brasa
Fogo e sonho do sertão
E entrei na Guanabara
Com tremor e emoção
Era um mundo todo novo
Diferente meu irmão
Mas o Rio abriu meu fole
E me apertou em suas mãos
Ê Rio de Janeiro
Do meu São Sebastião
Pára o samba três minutos } bis
Pra cantar o meu baião
Ai meu São Sebastião
Te ofereço este baião } bis
No começo eu tive medo
Muito medo meu irmão
Mas olhando o Corcovado
Assusseguei o coração
Se hoje guardo uma saudade
É enorme a gratidão
E por isso Rio amigo
Te ofereço este baião
Respeite Januario
Quando eu voltei lá no sertão
Eu quis mangar(zombar) de Januário
Com meu fole prateado
Só de baixo, cento e vinte, botão preto bem juntinho
Como nêgo empareado
Mas antes de fazer bonito de passagem por Granito
Foram logo me dizendo:
"De Itaboca à Rancharia, de Salgueiro à Bodocó, Januário é omaior!"
E foi aí que me falou mei' zangado o véi Jacó:
"Luí" respeita Januário
"Luí" respeita Januário
"Luí", tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
E com ele ninguém vai, "Luí"
Respeita os oito baixo do teu pai!
Respeita os oito baixo do teu pai!
Eita com seiscentos milhões, mas já se viu!
Dispois que esse fi de Januário vortô do sul
Tem sido um arvorosso da peste lá pra banda do Novo Exu
Todo mundo vai ver o diabo do nego
Eu também fui, mas não gostei
O nego tá muito mudificado
Nem parece aquele mulequim que saiu daqui em 1930
Era malero, bochudo, cabeça-de-papagaio, zambeta, feeei pa peste!
Qual o quê!
O nêgo agora tá gordo que parece um major!
É uma casemiralascada!
Um dinheiro danado!
Enricou! Tá rico!
Pelos cálculos que eu fiz,
ele deve possuir pra mais de 10 ontos de réis!
Safonona grande danada 120 baixos!
É muito baixo!
Eu nem sei pra que tanto baixo!
Porque arreparando bem ele só toca em 2.
Januário não!
O fole de Januário tem 8 baixos, mas ele toca em todos 8
Sabe de uma coisa? Luiz tá com muito cartaz!
É um cartaz da peste!
Mas ele precisa respeitar os 8 baixos do pai dele
E é por isso que eu canto assim!
"Luí" respeita Januário
"Luí" respeita Januário
"Luí", tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
Nem com ele ninguém vai, "Luí"
Respeita os oito baixo do teu pai!
Respeita os oito baixo do teu pai!
Respeita os oito baixo do teu pai!
Maldita seca que racha o chão de meu querido sertão
Que afasta seus filhos
Dor tão doida de deixar a terra natal
Terra tão querida
Ao mesmo tempo tão árida
Árida como os rostos que vejo nas janelas
A olhar o céu...