Poemas Nordestinos
Flor do sertão.
Sertão meu bom sertão
tu me deste aquela flor
que florou no coração
do poeta sonhador
no jardim dessa união
brotou o mais lindo grão
da raiz do nosso amor.
Sou do sertão!
Considere minha região
meu sotaque é desse jeito
porque o povo do sertão
não merece preconceito
me traga a sua educação
e receba o meu respeito.
Voltar ao sertão.
Eu deixei o meu lugar
e os sonhos do coração
minha terra de plantar
o carinho de cada irmão
mas se Deus me apreciar
um dia eu posso voltar
pro aconchego do sertão.
Minha fé!
Na terra seca e aflita
que o sertanejo conduz
pelo sertão que habita
carrega um feixe de luz
no coração que palpita
do olhar de quem acredita
na fé que tem em Jesus.
Agricultor.
Sou nascido no sertão
sofredor da terra enxuta
com tristeza colhe o grão
que não produziu a fruta
sente a dor no coração
mas quem ama a plantação
não desiste dessa luta.
Destino de vidas.
O meu sertão é dependente
da água que traz sustança
sem ter nada que alimente
sobra a dor de uma mudança
e em outra terra diferente
cada lágrima é uma semente
que brota como esperança.
Meu sertão!
Aqui eu tive alegria
mas também dificuldade
tomava leite todo dia
não me faltava amizade
e quando a chuva permitia
o que eu plantava colhia
pra vender lá na cidade.
Sertão esquecido!
A fome e o abandono
a tristeza e a solidão
o desprezo do patrono
sem poder de decisão
terra seca não tem dono
da primavera ao outono
ninguém liga pro sertão.
Não dá mais.
Vou embora do sertão
a sorte não quer mudar
a seca maltrata o chão
não deixa a planta brotar
peço a Deus em oração
que proteja cada irmão
que sofre nesse lugar.
Saudade do sertão!
A saudade hoje é tanta
do sertão em que eu vivia
aquele cheirinho de planta
a fruta boa que eu colhia
o bolinho de mandioca
queijo coalho e a tapioca
e o cuscuz que mãe fazia.
Bucho cheio.
É assim no meu sertão
com tudo que tem direito
uma boa alimentação
do bucho topar no peito
e não tem um cidadão
empregado ou patrão
que não fique satisfeito.
Filho do sertão.
Agradeço pelo que tenho
conquistei por trabalhar
fui embora do engenho
sem ver a chuva pingar
do suor do meu empenho
sempre que posso venho
pro sertão que é meu lugar.
Repartir o pão.
Nem todos do sertão
tem comida ao seu dispor
na mesa de cada irmão
se divide a mesma dor
se puder repartir o pão
dobre os joelhos no chão
e agradeça ao Nosso Senhor.
O teu "amor"
Foi como a "chuva" no solo do meu sertão
Chegou de mansinho
Molhou a terra do meu coração
Perfumou tudo com seu aroma
E se foi...
Deixando saudades do teu amar...
Em mim!
A chuva e o verde.
Quando chove no sertão
o verde é quem predomina
cada semente no chão
uma por uma germina
pra colher na plantação
o melhor de cada grão
da culinária nordestina.
Solidão/PE
A Solidão que descrevo em verso
É o horizonte promissor do sertão
Um espaço bucólico no universo
Que encanta e comove em oração
Terra de gente singela
Que sonha à espera da sorte
Enquanto constrói com cautela
O caminho para manter-se forte
Do menino ao velho sábio
Histórias de fé não faltam por lá
Romeiros em visita incansável
Buscam conforto, entoam cantos como sabiá
Sob as bênçãos da Senhora de Lourdes
Toda Glória para a cidade e seus filhos
Uma grande família e união, suas virtudes
Querem, ó Pai, que lhes indique os trilhos
Na praça sob a sombra e frescor
A boa prosa dura o tempo esquecido
O ir e vir de um povo acolhedor
E o ficar sob o azul mais unido
Com o xaxado é festa, é magia
Com a sanfona é cantoria, é prazer
As carências não sufocam a alegria
Pudera todo filho neste berço permanecer
Não conheço a terra Solidão
Mas de longe cultivo carinho
Imaginando o viver na região
De certo ninguém lá é sozinho
Encerro estes versos com esperança
De um dia todo o povo abraçar
Até lá o meu desejo é bonança
E conquistas possam todos celebrar
Chove Chuva No Meu Sertão
Sol quente
Que bate na cachola
Queima o juízo
E o calor extrapola.
Sol ardente
Terra rachada
Chora o nordestino
Com mão na inchada.
Nordestino com sua crença
Pede a todos os Santos Benditos
São José, São João ,São Pedro
E o Padre Cicero.
Chuva ,caia para abençoar essa gente
Das mãos calejadas
Da face mapeada
Da pele manchada
Chuva,mate a cede
Desse povo amado
Que trabalha feito condenado
Para ganhar seu centavo.
Chuva,seja amiga
Encha os açudes
Para pescar o peixe,o pão
E que a fome mude.
Chuva, desça depressa
Estamos a esperar
Com muita fé
Para as barragens sangrar
Chuva,venha logo,
Estamos a implorar
Para vermos nesse horizonte
O verde e o mandacaru florar.
Povo do sertão.
Somos nordeste brasileiro
das terras secas do sertão
somos um povo guerreiro
do sangue de Lampião
não matamos por dinheiro
nem morremos sem razão.
Viver no nordeste.
Aqui a cultura investe
a beleza vem da raiz
do sertão ao agreste
da macambira a flor de lis
e quem nasce no nordeste
há mil razões pra ser feliz.
A vida de uma Baleia
Nasci em um sertão, dentro de uma fazenda, necessidade sempre passei, mas amor nunca faltou pra suprir o resto. Tinha um amigo falador de asas curtas, dois irmãos, um pai e uma mãe. Logo quando nasci me deram um nome estranho, Baleia, nunca intendi o porque, mas gostei.
Já faz alguns dias que saímos da fazenda, acho que papai achou algo melhor, espero que sim. Dias se passarão e comecei a dar falta do meu amigo falador, não o vi mais, acho que o pequeno deixou ele voltar voando para a fazenda, espero que tenha achado o caminho de volta.
Se papai achou algo, achou a quilômetros de distancia da fazenda, nem me lembro mais como voltar a ela. Já estou exausta, minhas pernas doem, as moscas me comem, as feridas de tantas já nem sinto.
Hoje o pai passou o dia a me cuidar, discuti-o em sussurros com a mãe, não consegui escutar, mas vi que ela não gostou nada da discussão. Minutos se passaram, meu pai mandou os pequenos irem na frente com mamãe , pediu que eu esperasse, chegou bem perto de mim, me abraçou e falou soluçando bem baixinho :
-Desculpa.
Uma lagrima caiu em mim, depois, tudo foi ficando turvo, escurecendo, e antes que se apagasse tudo, eu disse:
-Amo vocês.