Poemas Nordestinos
O sertão tem algo que me encanta
e não é o sol
e não é a seca...
muito menos as cidades.
O que me encanta de verdade no sertão
são os sertanejos,
é o jeito deles,
aquele jeito simples de levar a vida.
A chuva no sertão
Faz tempo que não via,
a chuva cair sem parar,
vendo a terra encharcada
sem o sol avistar.
E no sertão se faz festa,
quando esverdeia a plantação,
e quando saía a dor cinza,
nós dava pulos de emoção.
Porquê não há nada mais lindo,
do que ver todos os meninos,
se molhando no terreirão,
até os véios virava menino,
naquela grande diversão.
Hoje é assim que me sinto,
então pra chuva partindo,
pulando, correndo e sorrindo,
Agradecendo e me divertindo.
Porquê fazia tempo que aqui
não chovia tanto para molhar o chão.
Boi com sede no sertão,
É de partir o coração,
Ver os quarto arriar,
Sem um pingo de água pra dar,
Ver o bicho chorar,
E não ter como consolar,
Ver tanto lugar com água a fartar,
E tanta gente a desperdiçar..
NO SERTÃO!
No sertão a vida é dura
mas é cheia de beleza
é fértil na agricultura
e de tudo tem na mesa
aqui é o berço da cultura
e no pote a água pura
tem sabor de natureza.
Vida, vida!
Casa simples no sertão
é gostoso de viver
ouvir o canto do azulão
ir na roça pra colher
ter a certeza da razão
e sentir no coração
um bom dia amanhecer.
C é princesa
É doce como uma chuva de caju em pleno sertão
Linda como o orvalho que cai delicadamente nas pétalas de rosas onde se encontrar os necta mais puro
C é sol e calor chuva e sertão
Seus lábios são lua que toca o mar em pleno esplendor,
É chuva de verão que não quer passar
É fogo é terra é água é mar
De todos os sonhos vc é o melhor de sonhar
PORTO SECO!
No sertão a seca assola
arde a pele e fere o peito
vive a beira da degola
ainda sofre preconceito
sem saúde e sem escola
não precisa de esmola
mas carece de respeito.
RIQUEZA DO SERTÃO
Nordeste de lampião
Terra seca e Juazeiro
Cuscuz tripa e buxada
Canta galo no celeiro
Rapadura com farinha
No meu sertão forrozeiro
Depois de lê algumas poesias no livro Sertão Japão, autoria de Xico Sá, Edições Casa de Irene.
Para: Xico Sá
O deserto do Saara no sertão
brasileiro - a luta do povo,
é como cacto a florir na sêca.
Seria eu o sertão? De solo árido batido quebradiço
Terra sofrida
E poucos pássaros por aqui hão de cantar
Mas a questão é, oque a fez se encantar
Por tamanha e devasta terra que chamo de lar
Não sei, mas o teu caminhar
Faz dos sulcos da terra água brotar
E o verde começa a espalhar
Logo aparecem os rouxinóis a cantar suas melodias pelo ar
Árvores a crescer, onde fará ninho o sabiá
Talvez tamanha mudança seja feita de amor?
Tenho certeza que sim!
E logo a terra devastada, se torna vasta e densa de vida
Que tu trouxe, e logo parto contigo
Rumo ao infinito
Duas ararinhas vermelhas a voar
Os céus a desbravar, e seguindo as estrelas a nos guiar
E lá vamos
Juntos
Eternos amantes a voar
Eternamente se amar
E ver aos poucos a vida brotar
SERTÃO!
No meu sertão irrigado
de tudo brota no chão
tomate tem de bocado
coentro, alface e agrião
cebola tem no roçado
e tudo vai pro mercado
em troca Deus dá o pão.
No rosto tem o sorriso
sem negar de onde veio
nossa terra é o paraíso
e o sertão é nosso meio
e o nordestino inciso
pode tá de bolso liso
mas a bucho vive cheio.
O dizido das horas no Sertão por Jessier Quirino
Para o sertanejo antigo,
O ponteirar do relógio,
De hora em hora, a passar,
Da escurecença da noite,
À solnascença do dia,
É dizido, ao jeito deles,
No mais puro boquejar:
Se diz até que os bichos,
Galo, nambu, jumento,
Sabe as hora anunciar!
Uma hora da manhã,
Primeiro canto do galo.
Quando chega duas horas,
Segundo galo, a cantar.
Às três, se diz madrugada,
Às quatro, madrugadinha,
Ou o galo a miudar!
Às cinco, é o cagar dos pintos,
Ou, mesmo, o quebrar da barra.
Quando é chegada seis horas,
Se diz: o sol já de fora,
Cor de Crush, foi-se embora…
E tome o dia, a calorar!
Sete horas da manhã
É uma braça de sol.
O sol alto é oito em ponto,
O feijão tá quase pronto
E já borbulha o mungunzá!
Sendo verão, ou, se chove,
Ponteiro bateu as nove…
É hora de almoçar!
Às dez é almoço tarde,
Pra quem vem do labutar.
Se o burro dá onze horas,
Diz: quase mei dia em ponto!
Às doze é o sol a pino,
Ou o pino do meio dia.
O suor desce de pia,
Sertão quente, de torá!
Daí pa frente, o dizido,
Ao invés de treze horas,
Se diz: o pender do sol.
Viração da tarde é duas,
Quando é três, é tarde cedo,
Às quatro, é detardezinha,
Hora branda, sem calor.
O sol perde a cor de zinco
Quando vai chegando às cinco,
Roda do sol… a se por!
Às seis é o por do sol,
Ou hora da Ave Maria.
Dezenove, ou sete horas,
Se diz que é pelos cafús.
Às oito, boca da noite,
Lá pras nove, é noite tarde,
Às dez, é a hora velha,
Ou a hora da visage!
É quando o povo vê alma,
Nos escuros do lugar.
É horona pirigosa,
Fantasmenta e assustosa,
Pro cabra se estupefar!
Às onze, é o frião da noite,
É Sertão velho, a gelar,
Meia noite é meia noite
E acabou-se o versejar.
Mais um dia foi-se embora
E, assim, é dizida as horas
Neste velho linguajar!
A Paraíba também é um local para amar
Seja no sertão ou no mar,
Contigo quero passear
De mãos dadas no Pavilhão do Chá.
Do alvorecer ao crepúsculo no Rio Sanhauá
Quero você agarrado na minha cintura,
Indo muito além do forrozar
Vamos juntos namorar...
Eis-me aqui, e você aí
Dá até para escrever uma letra de forró,
Quando você não está aqui
Porque foi na Paraíba que eu te conheci.
Não existe o 'cedo', e nunca é tarde
Para amar sempre existe tempo,
Aos poucos vamos nos aproximando
Por causa desse amor que está florescendo...
Que bela a natureza,
Chuvas caindo no sertão
Banhando rios, lagos...
Formando poças,
Esperança,
O sertanejo agradece
Em oração.
Pássaros,
Cantam a mesma canção
Louvam ao Pai Eterno
Em sinfonia,
Dançam a melodia
Numa só voz,
Renascendo
Ressurgindo
Sorrisos,
Alegrias,
Cada flor
Floresce,
Cresce
Em nós !
Deliciando-me com mais um entardecer no sertão
Amanhã volto pra casa, com saudades de antemão...
Boa noite amigos queridos!!!
mel - ((*_*))
Carne de charque.
A carne de charque é adorada
em toda parte do sertão
no cuscuz pela estrada
do Ceará ao Maranhão
e eu gosto dela torrada
ou cozinhada ou no feijão..
Homem do sertão
Faz o sinal da cruz
Entrega tua alma a deus
Pois teu corpo já pertence a esse chão
Onde o inferno predomina.
Trago tintas nas mãos.
Cara respingada.
Paredes brancas, que eram ...
Nova imagem do sertão ficou e tem cor, cor de calor..
Mãos que criam,
que pintam e escrevem sem medo.
Sem travas.
Que travas??
Não se trava
Quais são suas placas, suas palavras, seus riscos?
Não diga nada.
Não critique, se tu não faz e não tem os teus.
A arte é livre...então crie.
Arte que se renova.
Todo dia ela levanta cedo e troca de roupa.
Nem as palavras que foram ditas, cantas e escritas.
Nem a tinta que ficou rente as unhas, não ficou pronta.
não foi terminada
Do meu ventre sai...a vida!
Da minha cabeça sai imagem em plena ação.
Nunca paro, nunca durmo.
Nem nossa arte
Nossa arte.
[Minha arte.]
Nossa poesia.
[Minha vida.]
indivíduo.
Ser que também não é sozinho.