Poemas sobre mulheres

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⁠Um só dia
Um só dia é muito pouco para celebrar a Mulher
Um só poema
Uma rosa
Uma homenagem qualquer
Palavras são muito pouco
Não importa o que eu disser
E mesmo assim
Dizer é o meu dever
É dever da humanidade reconhecer que a mulher
É força
É dignidade
É o que é e o que quer ser
E ela quer ser liberdade
Quer ser mãe
Quer ser artista
Ser sozinha, aventureira
Empresária, agricultora
Ser juíza, sacoleira
Quer ser talvez Bossa Nova
Mas também quer ser Funkeira
Quer ser simples, popular
Quer ser a jóia mais cara
Quer ser muitas e ser plural
E ainda assim, quer ser rara
Quer ser livre, corpo e mente
Quer ser e é diferente
E a diferença é clara
A diferença é a força
A garra, a resistência
A coragem, a sabedoria
A pressa e a paciência
É tão claro e evidente
Ser igual e diferente
Faz parte da sua essência

Inserida por jurasecreta

"Acho engraçado quando algumas mulheres perguntam sobre um cara ”ele tem carro?”. Elas preocupadas com o carro, e eu aqui torcendo pra ele ter no mínimo um coração."

(...) vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica "Precisa-se".

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E eu, como estava dizendo, sempre quis ser dessas mulheres imperfuráveis, inatingíveis, inaudíveis e incompreensíveis. Mas nunca consegui. Quando vou ver, já contei minha vida pra primeira pessoa que me deu um pouco de atenção. Já tô rindo alto no restaurante porque não me controlei e fiquei feliz demais. Já escrevi um texto sobre o fulaninho da terça passada… E quando vou ver, lá se foi a mulher misteriosa que eu gostaria tanto de ser. Porque eu jamais poderia ser uma.

Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. As “inhas” não moram mais aqui. Foram para o espaço, sozinhas.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Liberdade Crônica. Porto Alegre: L&PM, 2014.

Nota: Trecho da crônica "As boazinhas que me perdoem": Link

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Jamais essa mulher nascerá. Só de uma rede de laços se pode nascer. Ela continuará a ser semente abortada, poder por empregar, alma e coração secos. Ela há-de envelhecer funebremente, entregue à vaidade das suas capturas.
Tu não podes atribuir nada a ti próprio. Não és cofre nenhum. És o nó da diversidade. O templo, também é sentido das pedras.

Na receita de mulher há de se conquistar, não vencer. Sucumbir, não perder. Não chorar, se afogar em pranto. Não rir, gargalhar! E nunca, jamais ir embora, talvez, partir…

E tenho, vos asseguro, tudo o mais que faz de mim uma mulher às vezes viva, às vezes objeto.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nós, as mulheres, quando buscamos um sentido para nossa vida, ou o caminho do conhecimento, sempre nos identificamos com um dos quatro arquétipos clássicos. A Virgem (e aqui não estou falando de sexualidade) é aquela cuja busca se dá através da independência completa, e tudo que aprende é fruto de sua capacidade de enfrentar sozinha os desafios. A Mártir descobre na dor, na entrega, e no sofrimento, uma maneira de conhecer a si mesma. A Santa encontra no amor sem limites, na capacidade de dar sem nada pedir em troca, a verdadeira razão de sua vida. Finalmente, a Bruxa vai em busca do prazer completo e ilimitado - justificando assim sua existência. Athena foi as quatro ao mesmo tempo.

Os costumes não admitem a paixão para as mulheres. Permitem-lhes somente o amor. É talvez por essa razão que elas amam tão totalmente.

Ele escolheu uma mulher que não faz mal a uma mosca. Deve ser por isso que ela não consegue matar meu zumbido dentro da sua cabeça.

Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor que eu. E sempre volta.

Tati Bernardi

Nota: Trecho da crônica "A Bela e o Burro".

Você sabe que não sou mulher de arrependimentos, de olhar pra trás, essas coisas.

Isto é grande sabedoria para uma mulher adquirir: Não importa o quanto ele pise na bola, para teu marido sempre há de ter perdão.

A mulher verá seu marido no sofá da sala, distraído com o cachorro ou com a tv, totalmente relapso e esquecido do mundo e sorrirá consigo: “o que seria dele sem mim?!”

Nem a mulher mais linda do mundo sai bem em todas as fotos. Alguns ângulos realmente não favorecem. Não existe perfeição absoluta. Seu cabelo pode ser um escândalo de bonito, mas a sua unha pode ser fraca. Sua bunda pode ser dura e empinada, mas seu pé pode ser feio. Seu par de seios podem ser maravilhosos, mas seu nariz pode ser torto. Por isso, não fique apontando o dedo e dizendo nossa-quanta-celulite-na-perna-da-Camila só porque você não tem nenhuma. As pessoas são muito mais do que um punhado de celulites. Além disso, se você se olhar bem no espelho verá um monte de defeitos. Fora os de dentro: esses espelho nenhum mostra.

“Um dos maiores segredos para a felicidade entre homens e mulheres está no fato de que os homens sempre se acham mais espertos que as mulheres, e vice-versa...”

Inserida por AugustoBranco

Fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, (...) faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, (...) faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta (...)

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Inserida por tham

A coisa mais complicada para uma mulher é como os homens podem ser tão simples.

Inserida por gifavaretto

E eu torço, do fundo do meu coração, pra que você consiga virar essa mulher que não enlouquece, que é superior, que entende a natureza, que aceita que os homens flertam mesmo, procuram mesmo, não conseguem mesmo, mas que, aos poucos, talvez, você consiga acalmá-lo, casar, ter filhos e que, talvez, sei lá, você possa aceitar essa natureza nojenta, o mundo como ele é. Eu nunca consegui, nunca, eu quero que a natureza se foda!!

Inserida por Dhyuli