Poemas de Mia Couto

Cerca de 134 poemas de Mia Couto

“O que pode suscitar uma pequena história é quanto por trás do cientista reside um homem, com suas ignorâncias, suas incertezas e suas crenças tantas vezes muito pouco científicas”.
(trechos do texto elaborado para crianças lusófonas integradas no programa interescolar "Ciência Viva", Julho de 2004, publicado em "Pensatempos)

Um homem pode ter barba ou não barba, mas um filho e uma exigência pelo respeito.

⁠A fadiga que sentimos não é tanto do trabalho acumulado, mas de um cotidiano feito de rotina e de vazio. O que mais cansa não é trabalhar muito. O que mais cansa é viver pouco. O que realmente cansa é viver sem sonhos.

Os vindouros, esses que aguardam por corpo, são quem mais deveríamos temer. Porque deles sabemos o quase nada. Dos mortos ainda vamos recebendo recados, afeiçoamo-nos a suas familiares sombras.

Inserida por Filigranas

" O homem sabe os segredos do mundo: o rio verdadeiro não mexe. Flui, deixado e desleixado. Quem faz mover as águas são os rabos dos peixes, inumeráveis leques que nunca pausam. Como nós. Deixemo-nos quietos como pedras e o tempo não anda".
(Na berma de nenhuma estrada - p.50)

Inserida por portalraizes

Como ele sempre dissera: o rio e o coração, o que os une? O rio nunca está feito, como não está o coração. Ambos são sempre nascentes, sempre nascendo. Ou como eu hoje escrevo: milagre é o rio não findar mais. Milagre é o coração começar sempre no peito de outra vida.

Inserida por portalraizes

" O amor é deitar o fogo para apagar a água?"
(in " Na berma de nenhuma estrada " - página176)

Inserida por portalraizes

"Eis o que descobri: as aranhas que observei sobre a mesa estiveram sempre dentro de mim. E dentro de mim fabricaram uma teia que me tolda não apenas os movimentos, mas toda a minha vida".
(in "Mulheres de Cinzas" página 236)

Inserida por portalraizes

" Porque o amor é esquivadiço. A gente lhe monta casa, ele nasce no quintal". (in " Terra Sonâmbula ")

Inserida por portalraizes

⁠Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada. E nunca nos visitámos tão pouco.

Mia Couto
E se Obama fosse africano?, e outras interinvenções. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Inserida por ClaudioLouro

⁠"a chuva cai, cantarosa, abençoada. O chão, esse indigente indígena, vai ganhando variedades de belezas. Estou espreitando a rua como se estivesse à janela do meu inteiro país. Enquanto, lá fora, se repletam os charcos a velha Tristereza vai arrumando o quarto. Para Tia Tristereza a chuva não é assunto de clima mas recado dos espíritos. E a velha se atribui amplos sorrisos: desta vez é que eu envergarei o fato que ela tanto me insiste." -

Inserida por Camaradotti

O vento foi um pássaro e fugiu para fora de si mesmo quando os homens o quiseram capturar. Deixou de ter corpo, fez ninho nas nuvens e viaja com elas para pousar quando se cansa. É por isso que o vento canta.

Mia Couto
O bebedor de horizontes. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
Inserida por mstrege

⁠A guerra nunca partiu, filho. As guerras são como as estações do ano: ficam suspensas, a amadurecer no ódio da gente miúda.

Mia Couto
O último voo do flamingo. Alfragide: Caminho, 2022.
Inserida por pensador

Era como se o mar, com seus infinitos, lhe desse um alívio de sair daquele mundo.

Mia Couto
Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
Inserida por pensador