Poemas Melancólicos
DOR
Se o vento soprar silêncio
E me perguntar o que é a dor
Direi no vão momento
Que é ausência de amor.
Mas, se insistir o que é tristeza
Causa de nos magoar
Direi então é a beleza
De sorrir para não chorar
Que são fagulhas de espinhos
Que penetram minh´alma
É a distância do carinho
Do tudo que fez-se em nada
Posso dizer sentida
Que a dor é pranto que cai
Que é todo o mal que fica
Quando todo bem se vai.
HORMÔNIOS
Apenas falando, você me injetou serotonina. Fiquei louco de alegria e minha única vontade era de partilhá-la com o mundo. Assim o fiz, compartilhei, compartilhei, compartilhei, até o momento em que o efeito da injeção passou, e eu me vi carente do teu afeto. No dia seguinte você não me aplicou serotonina, fiquei triste, e mesmo sem intenção, compartilhei...Custou entender que meu humor já não pertencia mais a mim, e sim ao reflexo da forma que você me tratava. Bobamente acreditei que tudo era reciprocidade, quando somente perdia-me em ti, a ponto de, agora, não saber quando realmente estou feliz.
pétalas de rosas e flores destruídas
amassadas em um vão sem fim, em vão
à procura de um sol que não raie por mim
esperando do inverno um eterno verão
TREM DAS 05:00AM
O dia mal havia raiado e você estava lá, acordada, na estação de metrô, esperando por ele. Tantos "bom dia" lhe foram dados, visto que todos ali já te conheciam. Ninguém nunca entendeu o porquê de sempre chegar no mesmo horário, sentar muitas vezes no mesmo lugar, e não fazer nada, além disso. Você esperou tanto por ele, e ele sempre esteve lá, vivendo como sempre vivia. Você desmarcou compromissos para encontrá-lo, mas quem disse que ele abriria mão dos próprios compromissos? Quem disse que ele retrocederia a própria vida por você?! Você o amou e esperou, e agora estava ali, entrando no primeiro vagão daquele trem, pois percebeu que devia amar alguém, que pudesse te encontrar na mesma estação.
AMOR CEGO
Uma vez disseram-me que o amor é cego, acreditei em parte; outra vez falaram que ele estava cego de amor, e por mais contraditório que isso represente, eu acreditei sem hesitar. Ao contrário do amor, há pessoas que cegam seus próprios olhos, pois assumir que está amando outro alguém, é difícil demais, e quebraria toda ética interna do bom samaritano. Então não, o amor não é cego! Ele é puro, verdadeiro, envolvente! Mas sim, alguns estão cegos de amor.
A UNIÃO DOS PONTOS
Na escrita posso entregar os meus sentimentos de bandeja, ou, camuflá-los a ponto de causar dúvida. Escrever me faz livre, dado que por mais que tentem, nunca saberão a minha real dedicatória, sem que eu os conte. Algumas vezes me faltam palavras, pois comigo não aceitam ser tratadas de qualquer maneira, nem unidas em prol de mágoa. Sobre você, elas nunca terminaram o pensamento, apenas me trataram como distração, fugiriam deixando em aberto o fim, foram um verdadeiro espelho seu, mas não se turbe a mente, o ponto se depôs a ficar, e se agora te escrevo, significa que...
CICATRIZ
Desde criança sempre gostei das minhas cicatrizes! Nunca lhes olhei com dó ou piedade, pelo contrário, as amei muito. Não amei pela dor que me foi causada, mas por cada história ali contada.
As cicatrizes que agora habitam meu cérebro, trazem consigo a dor, mas também as memórias de dias felizes que nunca se hão de partir. Para cada curativo, lhe dedico o viveram felizes para sempre! Nem sempre juntos, mas felizes sempre.
PLATÔNICO DESDE DA ALMA AO AMOR
Muitas vezes sofri por não te ter, mesmo sabendo que se tivesse, fugiria como um covarde. Eu amo desafios, coisas que visam o impossível, e esse foi um dos motivos pelo qual te amei tanto. Amar aquilo que não se pode ter, traz o conforto de está sempre estagnado, e a certeza de que ninguém partirá o coração outra vez. Me enfado todas às vezes que me vêm somente como alguém sensível, que enxerga amor em tudo, que sorri para toda tristeza. Estou farto de me acharem forte, e por isso machucarem meu coração, acreditando que tudo posso suportar. Se hoje luto por empatia, reflito o pouco que recebi. Se almejo o amor, exalo que isso me falta. Se mergulho nesse lago, sei que a luz me fornecerá oxigênio.
Oque é a vida?
mar de rosas,
ou mar de sangue
Clichê ou romântico
choro de mágoa,
ou felicidade arrastada.
Talvez por quem ama,
ou outrem sem importância
Essas coisas
Superficiais e insanas
completamente instantânea
como uma sensação
momentânea.
Violão ou viola,
choro da gaita ou da sanfona.
É assim que vivo,
e assim que me assombra.
Talvez o aflorecer mude minha rosa
talvez as pragas sejam
a melhor ESCOLHA.
Acorda
Certamente as cordas não eram para isso,
Pensei em amarrar os punhos da rede,
Quando dei por mim estava amarrada em outro lugar.
Socorro me ajuda, por favor, me ajuda!
Ninguém veio me ajudar.
O brilho dos meus olhos,
Pouco a pouco se esvaindo,
No canto direito do olho, uma lágrima caindo...
Minhas pernas esticadas tentando tocar o chão, meus olhos se fecharam, pensamento a milhão.
O filme de uma vida se passou, o ar que regava meu peito ardeu e, por fim o coração parou. Acabara com a minha dor e enfim, a solidão morreu.
Arde a felicidade em minhas entranhas
Nunca em mim coisa mais estranha
A manter - me cega
Me dei o direito
Mesmo sem jeito
Caio em seus braços
Feito pintura apática
Feito desenho sem traço
Sua sedução é concisa
Como perna de bailarina a levantar
Cada movimento calculado
Cada rodopio é estudado
E me entrego totalmente a seu deleite
Visto que sua sedução foi só enfeite
E o perigo está por vir
Porque não existe perfeição
E se assim é volúpia
Certamente morrerei
Encarcerarei
Feito presa fácil
Sem mais cantar
Nunca mais cantar
Nunca mais
Nunca
Um ser solitário
Controle seus pensamentos para não se perder
Aja como se estivesse bem para ninguém se preocupar
Coloque um sorriso no rosto para ninguém te questionar
Mas no silêncio solitário
Do quarto escuro e frígido
A morte passa pelos seus olhos
E lágrimas escorrem pelo seu olhar sombrio
De um ser sozinho e depressivo
Que se questiona da vida e seus sentidos
Numa rua deserta com a chuva fjna caindo sobre ela,
vejo um misto de tranquilidade e abandono,
duas sensações distintas com emoções diferentes,
como se estranhamente alívio e tristeza estivessem presentes na mesma cena, representados respectivamente
pela vida de árvores frondosas e por uma ausência inconveniente.
A solitude e a solidão atipicamente ficaram entrelaçadas causando uma sensação simultânea de amor e lamentação nesta madrugada chuvosa que deixou a emoção tão à vontade que se expressou desta forma confusa, por isso que a mente ainda está inquieta e acordada nesta hora inoportuna, falando em voz alta.
Às vezes, durante a quietude, a alma sente a necessidade de chover lágrimas para desabafar e ninguém está perto para ver e nem precisa, o que importa é que ela chova para não se afogar por dentro por reter suas angústias ou contentamentos, então, graças a Deus que há este momento de purificação ao externar seus profundos sentimentos, uma contínua e necessária libertação.
Quando lhe perdi!?
Quando os meus beijos perderam o sabor pra você?
Quando lhe perdi?
Quando os meus toques perderam o encanto?
Quando lhe perdi!?
Quando os seus olhos pararam de brilhar ao olhar nos meus?
Quando lhe perdi?
Quando passou a está tão longe, mesmo tão perto?
Quando lhe perdi!?
Quando a minha chegada passou a não mais valer a pena à sua espera?
Quando lhe perdi?
E a fila andou
A fila andou,
era assim que Fátima dizia,
só que ela estava na fila
e eu não sabia,
um dia, depois de muito sofrimento,
a morte tirou-lhe a vida.
foi embora para sempre
a minha esposa querida.
O que ficou foi tristeza
Amargura e muita dor,
um vazio indescritível
um angustia persistente
do meu amor ausente,
de tudo que fomos nós.
A fila andou, sim senhor
e me deixou de presente
um lar que um dia foi da’ gente
e que agora não tem nome,
vazio e só tem lembranças
de tudo aquilo que fomos.
Quando será a minha vez?
IDAS E VINDAS
De um instante para o outro, todos se foram. Você também se foi, mas diferente dos demais, você sempre volta, e como eu amei as suas voltas. No espaço de repouso da tua ida, entendi que meu peito não desfalece de tamanha carência e pobreza por afeto.
Entre o trânsito acelerado, dei de cara com muitas placas, uma dizia-me "pare", a outra dizia-me "volta". Por muito amei as tuas voltas, mas ensinarem-me que eu não mereço ninguém que volte, mas alguém que permaneça comigo para sempre.
Um problema de dentro
Eu tenho estado cansado
Tenho tido pouco cuidado
Estou com olheiras bem traçadas
Resultantes de muitas batalhas
Maioria de conflitos mentais
Maior parte acidentais
Eu simplesmente falhei
São problemas que não evitei
Essa foi uma grande guerra
Que finalmente se encerra
Não me encho de orgulho
Preciso fazer melhor
E mostrar do que sou capaz
ACORDANDO DE UM SONO PROFUNDO
Muitos exaltam a inteligência avassaladora dos escritores, tal inteligência que não é exclusiva, mas em demasia se estabelece na imaginação. As virtudes da vida também trazem consigo consequências dolorosas, assim me sinto, assim se faz. Em tantas ocasiões me vi ser esfaqueado pelas minhas próprias mãos, açoitado pela mente fértil, tendo eu acreditado nas minhas próprias ilusões de histórias nunca escritas.
Linhas
Tal qual o vai e vem da maré,
tal qual o grão de areia arrastado,
assim seguem alguns corações
por alguma tristeza, despedaçados !