Poemas Melancólicos
As vezes, assim penso, vivo
Um monólogo diário
Atravessando as vielas
Sem atalhos
Em frente ao mar
Dedico-lhes meus devaneios
Discorro sobre tudo
Sem, ao menos, um pingo de receio
O mar atento
Se comunica através de suas ondas
Mergulhante, deslizante e ascendente
Cabe a interpretação daqueles que mantém os olhos bem abertos
Sorrisos e Lágrimas
Sorrisos e lágrimas compuseram uma canção
Onde o compasso é a batida do meu coração
Pulsos fortes e fracos misturando amor e dor
O som da solidão chega a ser ensurdecedor
Sorrisos e lágrimas fizeram uma oração
Quem entende as súplicas do coração?
Preces de alegria e tristeza ao meu Amor
A falta de resposta me tornou um pecador
Sorrisos e lágrimas se tornaram um santuário
Amor e dor me fizeram, de Eros, um vigário
De galho em galho, eu visitei outros prelados
Alegria e tristeza profanando os condenados
Sorrisos e lágrimas cavaram uma sepultura
Alegrias e tristezas levaram a minha fortuna
Eu não tenho nem com o que pagar o Caronte
A esperança morrerá ao margear o Aqueronte
De que adiantaram todos os esforços se você pareceu nunca se importar?
Corri atrás, te dei presentes, fiz de tudo pra estarmos juntos e o que ganhei em troca? Indiferença. Apenas.
Chega uma hora que a pessoa cansa. É como nadar contra a maré. É como segurar uma corda que esteja esfolando sua mão. Não tem jeito. Uma hora você vai soltar. E eu te soltei.
Filhas dos olhos meus
Oh, Filhas dos olhos meus...
Que escoam pelos horizontes do meu olhar
E trilham solitárias seus próprios caminhos
Fadadas ao fardo das emoções carregar.
Ah, Fragmentos do espelho de minh'alma...
Sigam seu destino fluido e ainda pesado
Aliviem as dores de um corpo sem calma
Curem as feridas do meu coração cansado.
Partam de mim e encontrem suas moradas
Caiam ao chão ou sequem ao ar...
Escorram até que eu durma sob cobertas molhadas
E levem de mim o que eu não conseguir carregar.
Ansiedade do Café
[Will] 2019
Em meus braços quentes,
Com um longo moletom,
Me esquenta com longos panos de algodão,
Mas quem diria nesse calor
Tudo o que eu quero... é,
esconder minhas "dor".
Um horror! ... Respingos, de dor e suor
Um moletom escondendo o medo
De brilhar como uma flor!
E para piorar...
Eu tomo um café,
Adoraria tomar-lo em um chalé.
E para piorar...
Temos o calor,
Amo o frio,
Como um amor no fervor.
O calor me detém,
A ansiedade também,
A desidratação me sufoca,
Como irei viver,
Logo nesta minha engenhoca.
E para piorar...
O café me agita
É como trem-bala,
Acredita?
Minha ansiedade
Já é alta, porém,
O café não se pode fazer falta!
Bate o cansaço
e a vontade de desistir
Bate o sentimento de culpa
e a vontade de sumir
Bate a saudade indescritível
e a vontade de sonhar
A vida bate e eu não revido
estou quase acostumando a apanhar.
►Cobertas
Sei que nós não estamos bem
Sei que nós não nos cuidamos bem
Sei também que você possui alguém,
Que sou apenas um manequim dos bons costumes
Que somos apenas atores, diante as luzes
Não te culpo, tão pouco te odeio
Não te escuto, mas já tinha receio
Confesso não entender o porquê ficamos desse jeito
Fiz de tudo para proporcionar aconchego
Fiz de tudo para apimentar nossos momentos
Mas, talvez eu apenas estivesse cumprindo com o meu papel
Talvez, eu era apenas um peão, em um jogo cruel
Destinado a ser maltratado, a ser usado
Vou te contar, eu chorei, chorei muito
Foi ontem à noite, no canto do escuro
Não estou conseguindo lidar com seus abusos
Não aguento mais viver com este insulto
Mereço ser livre, feliz, enquanto você se deita junto a outro
Ficarei bem, mesmo sabendo que você não se importa
Ficarei bem, só não volte a bater minha porta,
Quando se sentir só, sem um corpo sobre suas cobertas
Esteja certa de uma coisa,
Você nunca aprenderá o que é amar uma pessoa por completa
Viva sua vida, encoberta por perfumes e pregas
Termino aqui essa minha carta, um tanto quanto incompleta
Deixo, junto a ela, o amor antes declarado a donzela
Não passou despercebido à ilusão, inimiga eterna
Boa noite, que você continue em suas orgias prediletas
Boa noite.
No corpo
Crio asas pesadas
Voam precipício abaixo
A cada segundo
A distância diminui
Até que não há onde descer
Deito-me e descanso
Oceano
No meio de uma tarde de sol
Ou em uma noite escura
Sinto um perfeito equilíbrio em mim
Como se a luz fosse necessária para brilhar
E a escuridão o abrigo para descansar
Mas o que fazer em noites com o relógio parado
E a mente vazia
Como se estivesse em meio ao um oceano
E não fazer ideia para que lado nadar
Ou em que destino pensar
Como se tudo fosse o caos
Que vai explodir como uma bomba
Em nosso pensamento?
Mas mesmo assim
Mesmo que você se sinta sem saída
A correnteza vai lhe levando
O tempo passando
E peixes coloridos e algas belas aparecem
Enquanto seus olhos se ofusca com a claridade
Pois no oceano gigante que é a sua mente
Você nada em águas belas, cristalinas
E se afoga em profundezas e cheias de magoas
Até o dia em que terá vontade de ver tudo
Mas não poder mais respirar.
Bêbado profissional
Você esgotou meu repertório
de palavras nas manhãs que eu as recitava.
Teve dias que foram difíceis o falar,
mas lembrava dos bons momentos,
e me inspirava.
Lembro-me do último dia.
quando minhas lágrimas
foram todas as palavras
que não se conteve em mim.
Sentei-me a prantos e cacos.
Homem chora, quando o amor se vai.
Chora o que nunca chorou,
Se perde nos buracos do coração,
Abre as garrafas de vodka,
e embreaga-se, esquece tudo.
Novo dia, dores antigas
garrafas novas, precipício a frente.
Volta, diz que foi um pesadelo.
Sombrio estou, não sei quem sou.
Me perdi, só nas bebidas me encontro.
Dizia que me amava,
se foi verdade, cadê os fatos?
Sei que errei, quando tudo lhe dei.
Fiz de você a única,
A única que encheu todo meu ser.
Morreria e mataria por ti,
Somente em teus braços
era eu vulnerável e por isso me despia.
Mas não pensei que a morte
você me daria.
Choro só na esquina,
largado e sujo, bêbado profissional.
Quando encontrar isso,
Serei apenas um póstumo.
►Campos Floridos
Estou sentindo aquele vazio
Estou escutando os meus suspiros
Aquele medo que antes eu sentia,
Está retornando, mais intenso, quem diria?
Aquela solidão que outrora me tinha,
Hoje está voltando mais forte do que eu lembrava
Adeus à alegria, autoestima ou estima
Estou em afogando em depressão, em dilúvio
Queria escrever uma canção de amor
Porém, estou mudo, em total desuso.
Todos esses versos voariam ao vento,
Se ela estivesse aqui, mas, faz tanto tempo
Não consigo me lembrar de nossos momentos
Arrancados e destroçados pelo tempo violento
Minhas lágrimas fazem serenas ao se recordarem dela
Minhas palavras se dedicam descrevendo minhas sequelas
Deixadas por aquela que sempre me fazia sorrir
Deixadas por aquela que fazia eu me sentir feliz
Aquela, que hoje não está mais aqui.
Deus, me diga, para onde o senhor a levou?
Por que, senhor, ela se foi e me abandonou?
Não me deixou uma simples carta em despedida
Não me deixou um só fio em minha coberta macia
O que farei agora? Se amá-la era o que eu mais adorava
Se amá-la era o que eu sabia e apreciava em minha vida?
Como continuarei esse conto romântico sem a atriz preferida?
Sentimento pesado nunca quis admitir
Só queria que ela saísse dali
Não queria ela sendo tocada
Não queria ela sendo xingada
Nem que soubesse o que me fez sentir
Eu já pensei em abandonar o meu mundo vazio
Só que meus medos fugiram comigo
E eu seria um fracasso em qualquer lugar
Resolvi ficar resolvi ficar
Ainda verão as minhas lágrimas por aí
Comemorando vitórias porque eu sou foda
Não quero Deus se preocupando comigo
Não quero tá nos achados e perdidos
Quero correr com muita velocidade
Quero cantar e acordar toda cidade
Sentir o sol aquecer o meu caminho
Porque eu tô vivo
Hoje confesso que tô muito magoado sim
Como se o mundo se aproveitasse de mim
O meu sorriso causa efeito mas não volta
Nenhuma gratidão esse ambiente me sufoca
Tudo é dinheiro isso corrói o ser humano inteiro
Não fica nada nem coração só esqueleto
E eu não quero meu final se definindo em joias
Eu prefiro o choro dos meus amigos em volta
Amanhã cedo vou olhar pro mundo diferente
Olhar pro céu sentir o sol bem quente
Quero minha trilha no fone sair pra dar um rolé
Pensativo e descobrindo o que a minha vida quer
O último adeus
Ninguém podia desvendar.
Ninguém nem ao menos sentira.
“Tudo em vão”, foi o que eu disse.
Porém, estou tentando aprender a perder.
Um infortúnio pensar em dor naquela hora.
A morte foi uma maneira de me esconder.
Você podia dizer adeus, mas tu fugiras antes disso,
e eu acabei fugindo do mundo.
Não vá, por favor, fique.
Desliguei a luz como você gostava.
Não diga que a culpa será minha
por não te amar do mesmo jeito.
Só porque você vai embora.
Gotas de chuva caem na janela.
Eu costumava contá-las na mente.
Como um tufão destruindo tudo,
eu me despedacei e me recompus.
Foi tao difícil entender toda aquela escuridão.
Quando eu nem ao menos consegui entender uma perda.
Eu não quis pedir ajuda, mesmo quando Deus apareceu pra mim,
e eu sumi da presença dele.
Não vá, por favor fique.
Esta tão tarde, tenho medo que se perca.
Quem diria que eu que me perderia.
Nas minhas próprias magoas.
Eu não sei porque doeu tanto.
Parece vago, mas minhas palavras foram sugadas
por tudo o que algum dia eu reguei.
Tão seco como aquele adeus.
Tic-tac, o tempo passa.
Mesmo quando eu tinha tudo,
eu não vou dizer que não tive nada.
Mas eu sei que tudo tem explicação.
Meu coração se encherá de novo.
O clichê é uma tendência humana, eu sei.
Não vá, por favor fique.
Está tão tarde, tenho medo que se perca.
Porque eu apaguei aquelas luzes?
Agora não vejo nada.
Parece vago, mas minhas palavras foram sugadas
por tudo o que algum dia eu acreditei.
Tão seco como aquele adeus.
Tão seco como aquele adeus.
Tiro minhas mãos dos bolsos… lentamente,
balanço as mesmas sem ao menos exitar.
A palavra...tanto pode ser direcionada de forma afetuosa... com carinho... e proporcionar alegria para quem ouve...quanto pode também ferir... e desencadear enorme tristeza...
Preste atenção...
►Saudades
Às vezes se torna um conto cômico
Se lembrar de alguém que não irá voltar
Acaba por se transformar em algo momentâneo
Assim como um beijo que jamais voltarei a sentir
Aqueles lábios macios que jamais irei usufruir
Curvas que minhas mãos nunca mais poderão conduzir
Tudo o que resta é um pobre coração infeliz.
E, em demasiada expectativa
O abandono me deixou em profunda agonia
E, talvez sem um bilhete ou recado,
Aquela tristeza que eu julgava ter superado
Hoje está aqui, bem do meu lado
Sussurrando palavras que provocam lágrimas
Lágrimas em depressão, vazias, sem bela emoção
Debulhando-me, recordo outros contos, que pensava serem eternos
Assim como aquela frágil pétala,
Que prometera ficar comigo em inverno, e que se fora bem antes
Agora me vejo em péssimo semblante
Implorando que, em misericórdia, eu tenha mais uma chance
Peço apenas mais uma, desejando ardentemente um único romance.
A caneta começará a se revoltar
Em versos e páginas eu a abuso, sem parar
Sem folga, sem férias, noites a madrugar
Mas, ela sabe que, se eu a soltar
Eu irei me afogar, em mares sem horizonte
Mas deixarei no sótão este ser repugnante.