Poemas de John Keats

Cerca de 17 poemas de John Keats

Tudo o que é belo é uma alegria para sempre
O seu encontro cresce; e não cairá no nada.
Mas guardará continuamente para nós
Um sossegado abrigo, e um sonho todo cheio
De doces sonhos de saúde e calmo alento.

John Keats
KEATS, J. The poetical works of John Keats. London: William Smith, 1841.

Nota: Trecho do soneto "Endymion".

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NO MAR

Ele sustém eternos murmúreos
Nas praias desoladas, e com soberbas cristas
Inunda vinte mil cavernas, até que o sortilégio
De Hécate as deixe com seu velho e assombroso som.
Muitas vezes se encontra tão tranqüilo,
Que até a menor das conchas permanece dias imóvel
Desde o desenlace dos ventos celestiais.
Vós, cujos olhos se enchem de tormento e tédio,
Regozijai-os com a imensidão do mar;
Vós, cujos ouvidos estão atordoados pelo rude ruído,
Ou enfastiados pela música melosa -
Sentai-vos na boca de uma velha caverna, e meditai
Até que escuteis, como se cantassem, as ninfas do mar!

John Keats
KEATS, J. Nas invisiveis asas da poesia. São Paulo: Editora Iluminuras Ltda, 1998.

Se a poesia não surgir tão naturalmente como as folhas de uma árvore, é melhor que não surja mesmo.

John Keats
KEATS, J. Selected Letters of John Keats. Massachusetts: Harvard University Press, 2009.

Nota: Trecho de "Carta a John Taylor" (27/02/1818)

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Oh, se eu ao menos pudesse ter uma vida de sensações em vez de uma vida de pensamentos.

John Keats
KEATS, J. Selected Letters of John Keats. Massachusetts: Harvard University Press, 2009.

Nota: Trecho de "Carta a Benjamin Bailey"

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O único meio de fortalecer o intelecto é não ter uma opinião rígida sobre nada – deixar a mente ser uma estrada aberta a todos os pensamentos.

John Keats
KEATS, J. Selected Letters of John Keats. Massachusetts: Harvard University Press, 2009.

Nota: Trecho de "Carta a George e Georgiana Keats"

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Endymion

O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.
Assim, cabe tecer cada momento
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras,
Das nossas tristes aflições escuras,
Das duras dores. Sim, ainda que rara,
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos
Que refrescam, e o bálsamo da aragem
Que ameniza o calor; musgo, folhagem,
Campos, aromas, flores, grãos, sementes,
E a grandeza do fim que aos imponentes
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória:
Fonte sem fim dessa imortal bebida
Que vem do céus e alenta a nossa vida.

John Keats
KEATS, J. The poetical works of John Keats. London: William Smith, 1841.

Nota: Trecho do soneto "Endymion", traduzido por Augusto de Campos no livro "Byron e Keats: Entreversos" (2009)

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AS ESTAÇÕES HUMANAS

Quatro estações se sucedem no decurso do ano;
quatro estações tem o homem na vida;
tem ele sua Primavera ardente, quando a fantasia
absorve toda a beleza com facilidade;
tem seu Verão, quando voluptuosamente
rumina os doces pensamentos juvenis da Primavera
e, assim, sonhando alto, aproxima-se do céu;
grutas quietas tem a alma em seu outono,
quando as asas ele fecha, satisfeito em contemplar
as brumas, indolente, deixando as coisas belas
passarem imperturbadas como um riacho veloz.
Tem também seu Inverno, desfigurado e pálido,
sem o qual se veria privado de sua natureza mortal.

John Keats
KEATS, J. The poetical works of John Keats. London: William Smith, 1841.

Me dê livros, vinho francês, fruta, bom tempo e um pouco de música ao ar livre tocada por alguém que não eu conheço.

Eu quase desejo que fôssemos borboletas e vivêssemos apenas três dias de verão. Três dias como estes eu poderia preencher com mais deleite do que cinquenta anos comuns poderiam conter.

O último dos teus beijos sempre foi o mais doce, o último sorriso o mais luminoso, o último gesto, o mais gracioso.

A poesia nos deve surpreender pelo seu delicado excesso e não porque é diferente. Deve tocar nosso irmão como se fosse suas próprias palavras, como se ele fosse se lembrasse de algo que, na noite dos tempos, já conhecia em seu coração. A beleza de um poema não está em deixar o leitor contente. É sempre uma surpresa capaz de nos tirar a respiração. Ela deve ser como o pôr do sol: milagroso e natural, ao mesmo tempo.

John Keats
KEATS, J. Selected Letters of John Keats. Massachusetts: Harvard University Press, 2009.

Nota: Trecho de "Carta a John Taylor"

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As melodias ouvidas são doces, mas aquelas que não foram ouvidas são mais doces.

Você não vê o quão necessário é um mundo de dores e dificuldades para ensinar uma inteligência e torná-la uma alma?

Estou com esse temperamento no qual se eu estivesse debaixo de água, dificilmente iria espernear para chegar à superfície.

'Beleza é verdade, verdade é beleza' - isto é tudo
O que conheceis sobre a Terra, e é tudo o que precisais conhecer.

John Keats

Nota: Trecho de "Ode a uma urna grega"

"'Beleza é verdade, verdade é beleza' - isto é tudo o que conheceis sobre a Terra, e é tudo o que precisais conhecer."

Estrela brilhante, fosse eu como tu és constante -
Não em solitário esplendor no alto do céu pendurado
E com as eternas pálpebras abertas vigilante,
Como um eremita da natureza paciente e acordado,

As águas movendo-se em sua tarefa sacerdotal
De pura ablução nas praias da terra inteira
Ou observar a máscara virginal
da neve sobre cada charneca e cordilheira -

Não - apesar de ainda constante, imutável ainda,
Acomodado sobre o seio maduro da minha amada linda,
Sentir para sempre seu suave subir e descer,

Despertar para sempre em doce desassossego,
Ainda, ainda ouvir seu delicado ofego,
E viver para sempre - ou então na morte desfalecer.

(Poema "Bright Star", de John Keats,1795-1821, traduzido por Alex Raymundo)

Inserida por LEandRO_ALissON