Poemas inteligentes

Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano-Novo cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa.

Clarice Lispector
Crônicas para jovens: de amor e amizade. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.

Sou uma pessoa insegura, indecisa, sem rumo na vida, sem leme para me guiar: na verdade não sei o que fazer comigo.

Clarice Lispector
Gotlib, Nádia B. Clarice: uma vida que se conta. São Paulo: Ática, 1995.

Nota: Trecho de carta de 11 de dezembro de 1970, para Olga Borelli.

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Já que ela não era uma pessoa triste, procurou continuar como se nada tivesse perdido. (Ela não sentiu desespero etc. etc.) Também que é que ela podia fazer? Pois ela era crônica. (...) Tristeza era luxo.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Mesmo sendo casto como gelo e puro como a neve, ninguém está livre da calúnia.

Amar não acaba. É como se o mundo estivesse à minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica As três experiências.

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“Se eu precisar de alguma coisa material para lembrar de você é porque eu estou admitindo a hipótese de que, em algum momento, eu possa te esquecer”

A Coisa
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

A feiura é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não basta sentir a chegada dos dias lindos. É necessário proclamar: "Os dias ficaram lindos".

E um amor arruinado, ao ser reconstruído, cresce muito mais belo, sólido e maior.

Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...

Fernando Pessoa

Nota: Trecho de "O Guardador de Rebanhos", do livro "Poemas de Alberto Caeiro", de Fernando Pessoa (heterônimo Alberto Caeiro).

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Fico com medo. Mas o coração bate. O amor inexplicável faz o coração bater mais depressa. A garantia única é que eu nasci. Tu és uma forma de ser eu, e eu uma forma de te ser: eis os limites de minha possibilidade.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Se eu pudesse, pegava a dor; colocava a dor dentro de um envelope e devolvia ao remetente.

É comum falarmos mais e fazermos menos; a intenção é apenas escrava da memória, violenta ao nascer, mas transitória.

Escrevo como se estivesse dormindo e sonhando: as frases desconexas como no sonho. É difícil, estando acordado, sonhar livremente nos meus remotos mistérios.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido alguma coisa não se sabe onde e quando.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Abandone-se, tente tudo suavemente, não se esforce por conseguir – esqueça completamente o que aconteceu e tudo voltará com naturalidade

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto A imitação da rosa.

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Eu te amo, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la.

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto O búfalo.

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Quando a dor cortante o coração maltrata e tristes gemidos ferem nossa alma, apenas a música e seus sons de prata, rápido nos trazem outra vez a calma!