Poemas inteligentes

Banqueiro

O banqueiro ignora que tem dinheiro suficiente
para fechar o banco e começar vida nova.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.
Inserida por portalraizes

Sou espiga e o grão que retornam à terra.
Minha pena (esferográfica) é a enxada que vai cavando,
é o arado milenário que sulca.
Meus versos têm relances de enxada, gume de foice
e o peso do machado.
Cheiro de currais e gosto de terra.

Cora Coralina

Nota: Trecho do poema "A gleba me transfigura", do livro "Vintém de cobre: meias confissões de Aninha". 6ª ed., Global Editora, 1996, p.109.

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Inserida por portalraizes

Há tantos deuses!
“Há tantos deuses!
São como os livros — não se pode ler tudo, nunca se sabe nada.
Feliz quem conhece só um deus, e o guarda em segredo.
Tenho todos os dias crenças diferentes”...

( Álvaro de Campos [Heterônimo de Fernando Pessoa], (escrito em 9.3.1930), In Poesia, Assírio e Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002. (trecho))

Inserida por portalraizes

O conflito que nos queima a alma, deu-o Antero mais que outro poeta, porque tinha a igual altura do sentimento e da inteligência. É o conflito entre a necessidade emotiva da crença e a impossibilidade intelectual de crer.
Barão de Teive

(do livro em PDF: Fernando Pessoa AFORISMOS E AFINS)

Inserida por portalraizes

Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã.

(extraído do livro em PDF: JOSE (trecho de “O LUTADOR”)

Inserida por portalraizes

Desceu sobre nós a mais profunda e a mais mortal das secas dos séculos — a do conhecimento íntimo da vacuidade de todos os esforços e da vaidade de todos os propósitos. Barão de Teive

(do livro em PDF: Aforismo e afins)

Inserida por portalraizes

Todos nós temos momentos futuristas, como quando, por exemplo, tropeçamos numa pedra.

(extraído do livro em PDF: Aforismo e Afins)

Inserida por portalraizes

“ Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos”...

(trecho extraído do livro em PDF: Poemas de Alberto Caiero)

Inserida por portalraizes

Hoje sou a saudade imperial
Do que já na distância de mim vi...
Eu próprio sou aquilo que perdi...

Inserida por melloncollie

O villain, villain, smiling, damned villain!
My tables! — Meet it is I set it down
That one may smile, and smile, and be a villain.
At least I’m sure it may be so in Denmark.

Inserida por asmotelicos

E ponde na cobiça um freio duro,
E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dão à gente:
Milhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.

Luís de Camões
Trecho do livro Os Lusíadas, canto IX.
Inserida por rapha777

There is a tide in the affairs of men.
Which, taken at the flood, leads on to fortune;
Omitted, all the voyage of their life
Is bound in shallows and in miseries.
On such a full sea are we now afloat,
And we must take the current when it serves,
Or lose our ventures.

William Shakespeare
Julius Caesar Act 4, scene 3, 218–224
Inserida por anacarolinam

Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.

Inserida por gtrevisol

O TEU SILÊNCIO é uma embarcação com todas as velas pandas...
Brandas as brisas brincam nas flâmulas,teu sorriso...
E o teu sorriso no teu silêncio á as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso...

Inserida por secarval

O Amor

Contemplo o lago...

Autopsicografia

Basta Pensar em Sentir

Basta Pensar em Sentir (em gif animado)

Cai Chuva do Céu Cinzento

Chove (em gif animado)

Eu amo tudo o que foi

Poemas ao vento

Tenho tanto sentimento

Teus olhos entristecem

Abat-Jour

Abdicação

Abismo

A Grande Esfinge do Egito

A Minha Vida é um Barco Abandonado

A Morte Chega Cedo

Andei Léguas de Sombra

Ao Longe, ao Lua

Mais Poemas de Fernando Pessoa

Inserida por ketylen

Abat-Jour

A lâmpada acesa
(Outrem a acendeu)
Baixa uma beleza

Sobre o chão que é meu.
No quarto deserto
Salvo o meu sonhar,
Faz no chão incerto
Um círculo a ondear.

E entre a sombra e a luz
Que oscila no chão
Meu sonho conduz
Minha inatenção.

Bem sei... Era dia
E longe de aqui...
Quanto me sorria
O que nunca vi!

E no quarto silente
Com a luz a ondear
Deixei vagamente
Até de sonhar...

Inserida por MERRAH

Fernando Pessoa
Cancioneiro

Tomamos a Vila depois de um Intenso Bombardeamento

A criança loura
Jaz no meio da rua.
Tem as tripas de fora
E por uma corda sua
Um comboio que ignora.

A cara está um feixe
De sangue e de nada.
Luz um pequeno peixe
— Dos que bóiam nas banheiras —
À beira da estrada.

Cai sobre a estrada o escuro.
Longe, ainda uma luz doura
A criação do futuro...

E o da criança loura?

Inserida por MERRAH

E como a vida é bela e doce e amável!
Não presta o espinhal a sombra ao leito
Do pastor ao rebanho vagaroso,
Melhor que as sedas do lençol noturno
Onde o pávido rei dormir não pode?

Inserida por andozia0905

Na certa cada um tinha o próprio caminho a percorrer interminavelmente, fazendo isso parte do destino, no qual ela não sabia se acreditava ou não. (...)

Então, e como sempre, era só depois de desistir das coisas desejadas que elas aconteciam.

Clarice Lispector
Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trechos do texto A procura de uma dignidade.

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Inserida por katiacristinaamaro

Não morres satisfeito.
A vida te viveu
Sem que vivesses nela.
E não te convenceu
Nem deu qualquer motivo
Para haver o ser vivo.

A vida te venceu
Em luta desigual.
Era todo o passado
Presente presidente
Na polpa do futuro
Acuando-te no beco.
Se morres derrotado,
Não morres conformado.

Nem morres informado
Dos termos da sentença
Da tua morte, lida
Antes de redigida.
Deram-te um defensor
Cego surdo estrangeiro
Que ora metia medo
Ora extorquia amor.

Nem sabes se és culpado
De não ter culpa. Sabes
Que morre todo o tempo
No ensaiar errado
Que vai a cada instante
Desensinado a morte
Quanto mais a soletras,
Sem que, nascido, mores
Onde, vivendo, morres.

Inserida por Binha2309