Poemas inteligentes
A verdade é que no céu e na terra há mais coisas do que aquelas com que pode sonhar a nossa vã filosofia
Acabou pensando nele como jamais imaginara que se pudesse pensar em alguém, pressentindo-o onde não estava, desejando-o onde não podia estar, acordando de súbito com a sensação física de que ele a contemplava na escuridão enquanto ela dormia, de maneira que na tarde em que sentiu seus passos resolutos no tapete de folhas amarelas da pracinha custou a crer que não fosse outro embuste da sua fantasia.
– A noite de hoje está me parecendo um sonho.
– Mas não é. E que a realidade é inacreditável.
Nunca brinque com os sentimentos dos outros, porque você pode ganhar o jogo, mas o risco é que com certeza você vai perder aquela pessoa para sempre.
“Vivo para florescer outros jardins e, sem perceber, o meu se abarrota de rosas e manacás... Vivo, cada dia, como se fosse cada dia. Nem o último nem o primeiro - O Único..."
Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados...
Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte.
O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
O melhor professor nem sempre é o de mais saber, é sim aquele que, modesto, tem a faculdade de transferir e manter o respeito e a disciplina da classe.
E Julieta disse a Romeu: De que vale um nome, se o que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume?
Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito...
Nunca escreverei uma palavra para lamentar a vida. Meu verso é água corrente, é tronco, é fronde, é folha, é semente, é vida!
É. Eu me acostumo mas não amanso. Por Deus! eu me dou melhor com os bichos do que com gente.
Aconteça o que acontecer, o tempo e as horas sempre chegam ao fim, mesmo do dia mais duro dentre todos os dias.
Me pergunto como pude sucumbir nesta vertigem que eu mesmo provocava e temia. Flutuava entre nuvens erráticas e falava sozinho diante do espelho com a vã ilusão de averiguar quem sou. Era tal meu desvario, que em uma manifestação estudantil com pedras e garrafas tive que buscar forças na fraqueza para não me colocar na frente de todos com um letreiro que consagrasse minha verdade: Estou louco de amor.
Mas qual luz abre a sombra deste balcão? Eis o oriente é Julieta, e o sol! Oh, e a minha mulher e o meu amor!
(Ma quale luce apre l'ombra da quel balcone? ecco l'oriente. E Jiulietta, é il sole, oh, é la mia donna, é il mio amore! Atto II, Scena II
Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor.
Nota: Trecho de poema de "Autobiografia sem Factos", de Fernando Pessoa.