Poemas Góticos de Amor
CARREAR
O silêncio, origem de um final
Conhece o caminho do suposto
Lágrimas correndo com tal gosto
Em uma sensação de dor visceral
Que lacera a alma tão brutal
Na fúria de qualquer desgosto
Como sombras dum sol posto
E uma avalanche descomunal
Do desejo, ali sentidos e cego
E nesta escuridão submerso
A emoção é arrancada do ego
Que maltrata, e deixa disperso
Na ilusão, e então as carrego
No olhar, no peito e no verso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/10/2020, 10’33” – Triângulo Mineiro
VERSO ...
Instante vazio. Um silêncio carrancudo
E a inquietação ativada no sentimento
Tudo é parado, nem mesmo o vento
Cochicha na mansidão, está tão mudo
Eu fico a versar, em um rogo agudo
Vejo, solitário, o vão do pensamento
Que em tal momento é tão sedento
Tão inútil e, que no engano me rudo
Ó divindade desta razão tão bonita
Que dá relevo ao agrado e, acredita
Na consolação das solidões tortas
Cede-me a poética e distinta calma
Para que, no soneto traga pra alma
Fôlego, e não quietas horas mortas...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06/03/2021, 10’10” – Triângulo Mineiro
PERJURO
Busco à noite, o silêncio, exausto de saudade
Pois é justo o repouso do sentimento fatigado
Novo instante, entanto! Lembrança que brade
Na emoção solitária. O desassossego acordado
Penitência ou vigília? Eu sei que n’alma invade
Toma de todo o pensamento, cada um pecado
Nesta disputa do coração, tão dura eternidade
Largando o meu olhar no tormento assustado
Bem aberto, tenho a sensação ali dormente
Na escuridão, cego, sinto mais que um vidente
Cada batida, cada som do suspirar no escuro
Assim, de dia a poesia, e de noite, à traição
Por que hão de me tirar a poética e a paixão
Dum amor que não deu, se era pra ser puro!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14/05/2016, 13'40" – Araguari, MG
POR QUE
Por que, em vez do silêncio, não me arraste?
Por que foste tu alvo, a emoção enamorada?
Por que sempre, na lembrança, és tu citada
E em cada verso o teu doce cheiro deixaste?
Por que no olhar aquele olhar com desgaste
Do desejo? por que, ó minha singular amada
Poeto, e suspira uma sensação tão desolada
De uma solidão, ó tomento, amargoso traste
Foste, e no perder não sabia o que perdia
Hoje chora no peito está resistente certeza
Que não teve intuição no que o amor dizia
Agora, vazio e poética sóbria, uma tristeza
Imaginado em que parte estás de cada dia
E, tenho a saudade numa nostálgica dureza
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG - 29/07/2021, 19’06”
DETALHES
Como é cruel a solidão na sensação atada
Como é penoso o silêncio arfando no peito
Com a poética em uma melodia desafinada
Torturando a ilusão perdida e sem proveito
Ter o vazio de uma flor, um gesto indeciso
Um olhar triste, no coração fúnebre círios
Que aquecem a dor e queimam o sorriso
Sem nada, absorto em sofrentes martírios
E eu, cá, no cerrado, de infeliz memória
Sem estória, numa redundante oratória
Suspiros, sussurros, nos mesmos ideais:
Buscando por um alívio dum solitário ser
Querendo o alguém sem ter que perder...
Pois, amar é sempre um sentido a mais!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 janeiro, 2023, 20’09” – Araguari, MG
O tempo e a distância
não são longos para o pensamento e,
no silêncio dele,
te encontro
todos os dias.
Carrego em mim
o silêncio e a jura,
mesmo sem ter
jamais te ouvido
antes na vida,
e me fixo tua.
Cabe a nós
o recato para
a preservação
daquilo que
nos espera
e faz o coração
permanecer
em sinfonia.
Quando o amor
é inevitável,
os astros dançam
no absoluto
e indomável,
em nós o paraíso
já é impenetrável.
Certa daquilo que
nos une e move
as montanhas,
venho preparando
o quê há de ser
além dos dias
e distâncias;
e assim será.
Você não
imagina,
que eu
te quero
em silêncio,
poesia
açucarada
e com o 'quê'
da mística
incidental
das flores
das dunas
que nasceram
aqui no vale,
e mesmo que eu
recatada me cale,
saiba que daqui
para frente
cada letra só
será para você.
Eu não pertenço
a esse mundo,
e sim a cena
do suave beijo
a enternecer,
e a sua mão
irreversível
que virá
por debaixo
do vestido
me fazendo
enlouquecer.
Porque eu
te quero,
e é mais forte
do que eu,
o meu desejo
cadencial
é bem assim:
repleto,
intenso,
urgencial
e cheio
de mel.
Não vai passar,
porque sem
se conhecer,
algo em ti
me reconheceu
de forma
inefável,
e te fez oceano
pacificado
para me receber,
porque de maneira
doce e inefável:
já me tens
inexplicável.
O seu silêncio não me engana,
E tampouco a tua ausência.
O teu peito sempre reclama,
E quer o meu por excelência.
A sua emoção pela vida,
E repleta de malícia.
A sua forte experiência,
E que deseja-me rendida.
O seu silêncio não me engana,
E tampouco menos escraviza.
O meu peito é cheio de liberdade
E sou feita de inteira [poesia].
A tua convicção de que só se vive
- uma vez -
É distante da minha razão que segue
A luz do amor e a voz do coração,
A minha vida é vivida com paixão.
Com toda a doçura
que há no meu peito
em silêncio te espero,
e sei que me tens
ocultado do Universo.
Com toda a gravitação
que há em ti
sobre mim pairando
por savanas tropicais
e subtropicais:
a certeza sobre nós
construiu um cais.
Com toda a ternura
que há no teu peito
em silêncio te espero,
e sei que já temos
a Lua por testemunha.
Com toda a redenção
que há para nós
da loucura do mundo
e a tranquilidade
que só o amor possui:
a beleza da canção
trouxe ritmo e paixão.
Com toda a expectativa
do que está porvir
o silêncio é preparação,
e sei que já nos temos
sob a Lua e sua proteção.
Quer sair da matrix coletiva?
Em silêncio, bem sereno
Caminhe para dentro de seu coração
Atravesse esse portal que sempre esteve aberto
Para te libertar dessa ilusão
Fazer você, peregrino
Retornar a sua própria realidade
Viver em paz
Em sua própria dimensão
Penetrando em suas redes internas
Para nunca mais se escravizar.
Fiquem na paz.
Vivendo com felicidade no coração
Quanto mais medito na consciência divina
No silêncio de minha escuridão
Mais eu sinto a presença
PODEROSA
Do amor de Deus em minha vida
Paz💞
Ele afunda em silêncio, consumido por "ais" e "uis" e "por quês". Poderia se juntar à cerâmica fria, se imaginar em um isolamento perfeito, imerso em lágrimas, longe de todos os elementos que fervorecem o ambiente, gritam, gemem, o fazem querer escapar. Por fim, torna-se uma concha, que um dia já foi forte e neste momento tenta provar mais uma vez sua força, tentando continuar selada, protegendo-se, envolvendo em nácar tudo aquilo que a ameaça. Ao fim, obtém sua pérola e a segura com sua mão trêmula, protegendo-a, apertando-a contra seu peito.
Sua pérola, nada mais do que uma coleção de má lembranças que justo agora não deveria abrilhantar, uma aglomeração de invasões de espaço; vinda de tempo, de outros, de sua própria protetora.
Ele sente, se amedronta, aloca possíveis acontecimentos porvir. Teme que possam cutucá-lo, abri-lo, simplesmente afim de explorá-lo.
Sem contra-ponto ele retorna, não seguro de si, não seguro dos outros, mas seguro de que agora sua rígida pele irá protege-lo como um forte manto, sua capa cristalizada em cálcio, seu próprio escudo, parte de sua idealização.
Ele só quer ser lembrado por sua forma, seus traços, sua força. Como uma concha ele enfeita o ambiente, traz consigo sua beleza, seus segredos.
Tudo deve permanecer assim
Amar...
Quero fazer do dia de hoje o dia das minhas declarações de amor. Vou esquecer, definitivamente, todas as minhas dúvidas e todos os meus conflitos, para poder fazer de hoje o dia do amor. Quero olhar para quem amo e dizer com palavras, com os olhos e com o coração: "Eu te amo". Quero dizer isso a todos os que os que aprendi a amar. Sem distinção alguma de sexo, parentesco, amizade, coleguismo, vizinhança; enfim, sem nenhuma limitação ou condição; apenas com a sinceridade do meu sentimento. Quero dizer a todos eles: Eu te amo...
Se você ama, diga que ama. Diga o seu conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olham amorosamente e têm um lugar de encontro. Diga a sua gratidão. O seu contentamento. A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe. E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também possam ser ouvidas. Prepare surpresas. Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas. Reinaugure gestos de companheirismo. Mas, não deixe para depois. Depois é um tempo sempre duvidoso. Depois é distante daqui. Depois é sei lá...
Eu só queria que você me amasse de volta.
Eu só queria que você percebesse o quanto eu te quero.
Eu só queria que você me abraçasse e dissesse o quanto sente medo de me perder.
Eu só queria que você estivesse aqui para dizer que isso tudo não passa de loucura.
Mas, não. Você realmente não me ama.
Eu queria que a dor do amor não correspondido te invadisse e te devastasse.
Eu queria que você não conseguisse pensar em mais nada além de nós dois, igual a mim.
Eu queria que você me implorasse de joelhos para sair disso, e ao mesmo tempo não aguentasse ficar longe de mim por 2 minutos.
Eu queria te matar por não me amar.
Mas, não. Não adiantaria. Por quê?
Eu só queria que você me amasse de volta.