Poemas Góticos
Meus passos são criticados dia após dia.
Meus pensamentos sempre foram vítimas de incompreensão.
É um controle bizarro que sempre me atormentou.
É o cabelo que tá feio, a barba que é de terrorista, os amigos que nunca prestam, as músicas que ouço fazem mal, me visto igual mendigo, tudo...
Todo cisne é um patinho feio em meio a seu berço.
Toda história tem em seu final uma lição.
Nunca me senti parte de nenhum grupo.
Não sou como minha família. Não sou como meus amigos. Não sou como meus colegas. Não sou como meus mestres. Não sou como meus pupilos. Me sinto sempre o estranho no ninho.
Há tantos anos que não sei o que é um lar, que nem morando sozinho me sinto em casa.
Não me recordo de ter tido um melhor amigo, aquele irmão que está sempre do teu lado vivendo as mesmas coisas que você.
Nem meu próprio irmão eu conheço direito.
Minha vida é toda picotada. Um fragmento aqui, outro ali. Vou juntando tudo até formar o que entendo como sendo uma.
Não lamentarei ao final de minha vida ter sido um avião sem asas ciente de que sempre fui um foguete.
Apenas decolarei e...
acabou.
Vivo, morta.
Sempre me perdendo e me reencontrando.
Sigo pelos versos de minha alma que canta, clama e abandona meu corpo todas as noites.
Sonho, viva.
Como se não houvesse mais nada a fazer aqui,
A alma sai com o vento
Voa no universo
Sorri, se alegra, reencontra amores
Reencontra os mortos, destrói as dores.
Sonho, viva.
Enfim volta, se ajeita, acelera meu ritmo cardíaco e me acorda.
Novamente,
Vivo, morta.
Depressão- seja valente
Vi alguém dizendo que pensa em morrer.
Vi alguém dizendo que não é feliz.
Vi alguém dizendo que não entende nada.
Vi alguém dizendo que a sociedade é um lixo, e que ele não precisa e não suporta mais viver neste mundo, disse para que as pessoas que o amavam não ficar triste, e ainda que não sabe para onde vai, porém, vai ser um anjo da guarda das pessoas que o queriam bem.
A depressão não se explica, existe ajuda, e você precisa ser forte e deixar quem te ama pertinho.
Sabe, eu queria poder ajudar pessoas que pensam que estão sozinhas e que não vão conseguir.
Eu sei que você pode, eu confio e sei que tem forças.
Por isso sempre vou dizer para quem eu amo que amo mesmo, pode ser a ultima vez, dizer como esta lindo(a), dar aquele abraço forte e apertadinho que mesmo rápido pareça uma eternidade.
É difícil e não da pra julgar a DEPRESSÃO, só quem esta vivendo sabe o que se passa dentro de si e o turbilhão de pensamentos que deixa tudo bagunçado.
MAIS SEJA FORTE E VALENTE.
REFLEXÕES DE UM ADEUS
Agora, sentado,
ouvindo apenas o ruído do silêncio,
parado,
eu penso em nós.
Vem vindo do fundo, gritante,
alarmante,
a ansiedade do tempo passado
preenchendo do nada
o vazio de dois mundos.
Somos duas pontas de flexas,
disparadas do infinito,
que não se encontrarão.
Um grito de alarme
cresce na garganta
e espanta
no vôo, a felicidade
que em vão tenta o pouso
em minha alma angustiada.
Somos dois que
marcham ao longo,
sem cruzamentos,
nem encontros.
Tontos,
procuramos nos dar as mãos
através o nevoeiro do tempo.
Ilusão temerária de sermos um,
quando seremos, eternamente
dois.
Pois,
não percebes?
Teu mundo é formado
de outras cores.
Consulto o silêncio,
tal fora o relógio da vida,
e vejo nos ponteiros
que não se tocam
nossa própria tentativa
do ser uno.
Nessa ilusão míope não vemos
que passamos
um pelo outro,
sem nos tocarmos,
como os ponteiros
que marcam a vida,
perdida.
Amante
No silêncio frio da noite mansa,
mansamente, veio deitar ao meu lado,
aninhando-se a mim como a criança
que procura abrigo a seus temores.
Ao sentir seu calor, busquei tocá-la
aspirando seu perfume, mas calado
esperei de olhos fechados o hálito morno
de sua boca a me beijar o corpo.
Sua mão ávida deslizou em meu peito
a brincar distraída com meus pelos.
Logo, correu suave pelo meu ventre
palmilhando cada centímetro de pele.
Meus dedos correram em seus cabelos
e como um cego procurei seu entorno
tocando, subindo e descendo planícies
buscando nervosos morros e cavernas.
Loucamente, cavalgou minha cintura
e senti seus movimentos nervosos,
em quase delírio por tê-la tão perto.
Mas, no clímax do desejo abri meus olhos
a tempo de vê-la perder-se no vazio escuro.
Por quê?
De repente o vazio
Traz o som do nada,
E no silêncio que crio
Vem a ausência de tudo.
Parado, incrédulo, mudo
Não quero sentir a falta
Que cresce no corpo
E na alma, e maltrata
O coração vacilante
Com as incertezas
De amante,
De tristezas.
Por que ir adiante
Na ilusão fugaz
Do amor vivido?
O amargor que vem à boca
É a perda sentida,
E lívido
Busco compreender o partir
Sem adeus, sem porquê.
Às vezes, é bom sair de cena. Sentar na plateia. Ser o espectador de todos os que nos rodeiam. Foi o que eu fiz. Observei, com cuidado, os que mereciam minha empatia. Os que mereciam minha amizade. Meu respeito. Meu escândalo, quando necessário. E, com ainda mais cautela, observei os que só mereciam o meu silêncio.
E foram muitos.
Não é o desprezo,
nem o mau desejo.
Muito menos vingança.
Mas o silêncio.
Apenas.
Você não está mais sozinho...
Estarei aqui sempre que você precisar de uma mão para segurar e um ombro para apoiar. Te ofereço meu colo para você repousar e se for preciso, suas lágrimas eu vou enxugar.
E se é do silêncio que você precisa, prometo em silêncio ao seu lado ficar...
A vida é barulhenta. Dentro ou fora de nós, nada se aquieta. Queremos nos comunicar, exigimos respostas na velocidade de super-hiper-mega bytes, contabilizamos "notificações", desejamos ser cutucados de volta. Sem perceber, desaprendemos a silenciar. Desaprendemos a suportar a voz que cala e sofremos com a falta de respostas. Desaprendemos a ser ausência.
De vez em quando é necessário ser silêncio. Habituar-se à própria presença, inteirar-se de sua solidão.
Comunicar tudo sem dizer nada.
As três palavras mais estranhas
Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.
Quando pronuncio a palavra Silêncio,
destruo-o.
Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não-ser.
Amor... e Morte...
O amor
é como a morte
ato banal de todo dia...
Emoção forte
de tristeza ou de alegria,
ele sempre nos surpreende, e a ele nunca nos acostumamos
talvez...
O amor é como a morte:
quando amamos
é sempre a primeira vez.
A morte não é um mal: porque liberta o homem de todos os males, e ao mesmo tempo que os bens tira-lhe os desejos. A velhice é o pior dos males: porque priva o homem de todos os prazeres, deixando-lhe deles todos os apetites; e traz consigo todas as dores. Não obstante, os homens temem a morte e desejam a velhice.
Portanto, hipocritamente os velhos invocam a morte, / e criticam a velhice e a longa duração da vida: / quando a morte se aproxima, ninguém quer / morrer, a velhice não pesa mais.
Aprendendo a conhecer os males da natureza, despreza-se a morte; aprendendo a conhecer os males da sociedade, despreza-se a vida.
Vem morte, tão escondida, / que eu não te sinta chegar, / para que o prazer de morrer / não me dê novamente a vida.
Não é verdade que a morte é / o pior de todos os males; / é um alívio para os mortais / que estão cansados de sofrer.
A morte não pode ser pensada, pois é ausência de pensamento. Temos de viver como se fôssemos eternos.
Morte, que mistérios encerras?... Ninguém o sabe... Todos o podem saber... Basta ir ao teu encontro, corajosa, resolutamente, que nenhum mistério existirá já!