Poemas Góticos
Aos poucos, como bruma ao sol da manhã,
Foste partindo, tua ausência calada,
E eu, sombra que vagueia na solidão vã,
Senti a alma despida, a vida desnudada.
Gradualmente, o vazio tornou-se real,
Eco de um amor que se foi, ausente e cruel,
Resta-me a dor, companheira leal,
Num mundo sem cor, perdido em seu fel.
Meu doce Cavalheiro
Nos jardins de um amor em prantos,
A sombra da dúvida se faz presente.
Promessas ao vento, deixadas ao relento,
O temor da pobreza rompeu o elo resplendente.
Teu silêncio ecoa, em meu peito chora,
Perda e tristeza, a ausência sentida.
Na fragilidade dos laços, na dor dos passos,
Uma promessa de amor, agora partida.
O amor que temia a fome e a frieza,
Deixou-me à mercê da sua incerteza.
Ah, meu cavalheiro, por que a pobreza
Foi maior que a promessa de nossa realeza?
Na teia do tempo, tecida de esperança,
Busco a coragem que em nós ainda dança.
Para além da tristeza, além da lembrança,
A esperança de um reencontro, nossa derradeira aliança.
Que o medo do amanhã não determine nossos laços,
Que possamos encontrar paz nos braços
Um do outro, desafiando os espaços,
Rumo ao futuro, juntos, passo a passo.
E assim, meu doce cavalheiro, ainda te espero,
Com a certeza de que o amor vence o medo.
No horizonte, nosso reencontro é o que quero,
Para juntos, superarmos todo o desassossego.
Introspecção
Colho rosas na entrada
dos meus olhos, à noite.
A minha alma sem sombra
adormece nas palavras de paz.
Sombra da Existência
Em meio a uma noite que aos poucos me consome,
Percebo que a solidão é o que me domina,
De dentro a fora.
Entendo que a vida não me proporciona alegria,
Mas, em si, tristeza.
Triste mundo onde vivemos,
Triste gente que não sabe seu valor.
Após um velho senhor dizer em meus pensamentos
Que a vida é um ciclo sem fim,
Onde tentamos esconder nossa dor
E fugir dos nossos sentimentos.
Penso como alguém me destruiu
Em apenas um segundo de pensamento,
Em apenas um piscar de olhos percebo
Que ela não está mais lá.
Onde você está, em meio à escuridão
Destas noites sem fim,
Sem chance de encontrar-te vivo,
Pensando no que poderíamos ter sido
Em outra realidade?
Péssimo destino, que não entendo
Nada do que vejo.
Pego-me pensando: por que a vida
Sempre nos acorda ao nascer do sol,
Mas a escuridão que me cerca
Não me permite ver a luz.
Agora, no fim desta madrugada,
Percebo quem serei no futuro
Que estou alcançando.
Em um mundo de luz e sombra,
Ela caminha com graça serena,
Seus passos ecoam na terra,
Como a melodia de uma harpa plena.
Seus olhos são estrelas que brilham,
Refletindo sonhos e esperanças,
Um mar de coragem que nunca vacila,
Desafiando as ondas e as instâncias.
Mulher incrível, força da natureza,
Tece histórias com fios de amor,
Com um sorriso, transforma a tristeza,
E abraça o mundo com fervor.
Ela é a flor que desabrocha na primavera,
Um farol que guia em noites escuras,
Seus braços abertos, uma bandeira,
De paz, de luta e de aventuras.
Cada cicatriz é um conto vivido,
Cada riso, uma vitória cantada,
Ela é a essência do que é querido,
Uma alma livre, uma jornada.
Assim, celebremos sua existência,
A mulher que inspira e transforma,
Com sua beleza, força e resistência,
Uma verdadeira obra de arte que se forma.
Precisamos compreender que toda sombra é ausência de luz e que toda solução reside na nossa capacidade de aceitar uma nova visão dos fatos.
O espinho que parece uma ameaça, na verdade, é proteção.
Caminho sem pegadas
Crescer sem pai é caminhar sem sombra,
sem a voz que orienta nas noites de dúvida,
sem a mão firme que segura na queda,
sem o olhar que aprova, que acolhe.
É aprender a ser forte antes da hora,
sentir o peso do mundo com as próprias mãos,
e buscar nos próprios passos
um caminho onde nunca houve pegadas.
Na ausência de um abraço, a alma se encontra,
fazendo de si mesma um abrigo seguro,
mas no silêncio, o coração pergunta:
onde estava o pai, quando o mundo se fez tão grande?
O maior imitador, não é o macaco,
Como imensa gente diz e pensa!
É sem sombra de dúvida, o próprio Homem!
É como uma árvore criou raízes fundas dentro de mim. Os galhos atravessam, crescem para fora, me abrigam e eu me deito à sua sombra.
Uma autoestima saudável está diretamente ligada ao autoconhecimento. Quem compreende seus próprios contornos, sua luz e sua sombra, suas potências e limites, reconhece seu lugar e valor, e não aceita menos do que merece.
O que era magreza em sua juventude tornou-se transparência, diafaneidade que deixava entrever um anjo. Era mais que uma virgem, era uma alma. Parecia feita de sombras: o mínimo de corpo para que ali houvesse um sexo; um pouco de matéria envolvendo uma luz; grandes olhos sempre modestos; um pretexto, enfim, para que uma alma permanecesse na terra.
Quem sabe um dia a gente aprende ler o interior das pessoas, enxergar a face de uma intenção ou até mesmo invadir a porta escura que está escondendo algo muito bem guardado para não ser facilmente encontrado. A verdade na sombra é tão intrigante quanto a própria mentira.
Não sou água, não sou terra, não sou ar. Sou fogo, chama, prazer insanável. A quem me busca nunca poderá desvendar o que trago em minha mente! Sou fogo, mas em minhas brasas escondo sombras.
"É uma impressão estranha, esta de me olhar num espelho e não me ver nele, Não se vê, Não, não me vejo, sei que estou a olhar-me, mas não me vejo, No entanto, tem sombra, É só o que tenho."
Sou uma casa. Está escuro dentro de mim. Minha consciência é uma luz solitária. Uma vela ao vento. (...) Todo o resto fica na sombra. (...) Mas ainda está lá. Os outros quartos, nichos, corredores, escadas e portas. (...) E tudo que vive e vaga dentro de você está aqui. Vive. Dentro da casa que sou.
Poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho ao seu coração.As primeiras imagens,o eco dessas palavras que pensamos ter deixado pra trás, nos acompanham por toda a vida e esculpem um palácio em nossa memória ao qual mais cedo ou mais tarde - não importa os livros que leiamos, os mundos que descubramos, o quanto aprendamos ou esqueçamos - iremos retornar.
“Penso que têm nostalgia de mar estas garças pantaneiras. São viúvas de Xaraés? Alguma coisa em azul e profundidade lhes foi arrancada. Há uma sombra de dor em seus voos. Assim, quando vão de regresso aos seus ninhos, enchem de entardecer os campos e os homens”>
(trecho do livro em PDF: Meu quintal é maior do que o mundo [recurso eletrônico])