Poemas Góticos
Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam.
Na procura de conhecimentos, o primeiro passo é o silêncio, o segundo ouvir, o terceiro relembrar, o quarto praticar e o quinto ensinar aos outros.
Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar.
Sabei escutar, e podeis ter a certeza de que o silêncio produz, muitas vezes, o mesmo efeito que a ciência.
Por vezes a palavra representa um modo mais hábil de se calar do que o silêncio.
Não é bom que toda a verdade revele tranquilamente a sua essência; e muitas vezes o silêncio é para o homem a melhor decisão.
O silêncio é o espaço que envolve toda a ação e vida em comum. A amizade não precisa de palavras: é a solidão livre da angústia da solidão.
O silêncio que aceita o mérito como a coisa mais natural do mundo constitui o mais retumbante aplauso.
Temos tanta pressa de fazer algo, escrever, amontoar bens e deixar ouvir a nossa voz no silêncio enganador da eternidade que esquecemos a única coisa em relação à qual as outras não são mais do que meras partes: viver.
O escândalo do mundo é o que faz a ofensa,
E pecar em silêncio não é pecar totalmente.
Soneto aos meus pares
Pobre Augusto dos Anjos
Mesmo com o passar dos anos
Ainda confundem-te
Com teu eu-poético.
Pobre Augusto dos Anjos
Conheço os teus desenganos
Fostes tão jovem levado
Mas deixastes teu legado.
Pois, na podridão dos teus versos,
Esconde-se uma verde esperança
Da transformação humana, em cristãos belos.
A resposta nunca achada,
Só poderia ser dada
Quando na morte encontrastes, a substância primária.