Poemas Góticos
Sobre o nós:
é na tua luz que prefiro ver a minha sombra
é no teu corpo que prefiro desmaiar o meu abraço
é nos teus olhos que prefiro esconder o meu amor
é no teu jeito que prefiro enroscar a minha saudade de ti
Ilusão...
Enquanto eu permancer na ilusão de que não há ilusão, viverei à sombra de todas as formas de ilusão.
by/erotildes vittoria/
Maçã podre
Planto na sombra dos corpos grudados
O cálice amargo do licor condensado.
A magia transformada em vultos derramados
Vozes se transformam em gemidos sussurrados.
Quem sente mais forte não entende
A fraqueza pragueja nos arredores.
Estica-te na suavidade que me rende
Prece vazia de filme de horrores.
Aquele que feliz sorri na vida
Que toca o pandeiro da alma contente
Tem minha inveja assumida,
Ah, não quero ver nem mostrar os dentes.
Junto no chão a maçã mais podre.
Escuto ao longe fortes gargalhadas.
Sento a beira da margem salobra
Sem força e sem rumo pra pegar a estrada.
Sombra do olhar inquiridor
Por trás da sombra do olhar inquiridor esconde-se a covardia daquele que não permite ao próximo ser ele mesmo.
ÁRVORES DA VIDA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
A sombra fresca e revigorante que nos enche de vida e paz, é o fruto generosamente ofertado por muitas árvores que os tolos dizem que não dão frutos.
Vazio...
Sua sombra não mais me atravessa
Arrastou-se ao nada consta
Não há mais passo em falso
E nem mesmo gravidade
Em cima do muro, não há mais mandato.
A festa acabou e o céu já clareou
Terra firme, avante oxalá.
Aleluia, imunizei-me!
Praga pestilenta, o fogo queimou.
Fumaça da peste, o mar arrastou.
Afundou-se nos quintos dos infernos
Tudo que te faz mal, certamente morre.
Tempo, senhor dos destinos.
Memória se tem ,até o último suspiro
Tempo do meu tempo
Há tempo para consertar
Quando tudo está errado
Aliviada... Mãos se acenam !
Sobrou-me um vazio, nada mais.
Luz e Sombra
A sombra do nosso corpo
A luz da nossa vida
Nos trazem caminhos tortos
Onde possamos encontrar almas feridas
A melodia de uma música nos faz lembrar
Que a luz e a sombra sempre vão se encontrar
O sonho do futuro
Que será duro
Dois lados opostos
Se revelam em nossos rostos
No céu cada noite um espetáculo
Nos remetem a supera os obstáculos
E no mas profundo de nós
As vezes queremos levar a sós
Decisões que a vida nos traz
Sem realmente buscar o que nós satisfaz .
SOMBRA
Perdida esquecida, sem oxigénio
Num ergástulo escuro, sem dor
Pequena letra, palavra escondida
Insensata atmosfera, talvez hipócrita
De verdades que são muitas vezes
Falsas promessas, ânsia de liberdade
Coabita na contemplação da morte
Apenas pede a Deus a misericórdia
Que a sua alma anseia há tanto tempo
Um premio que ele acha que merece
Cobre o seu frágil corpo, com um velho
Manto preto já roto, ergástulo eterno.
Sou apenas a sombra no escuro, a águia sem asas... sou milhares e apenas um
Perdido em um mundo além do tempo, em dias sem pensamentos
Na arte de se esconder... Se esconder de mim mesmo.
Debaixo da sombra
do arvoredo os
passarinhos ouviram
o canto da minha
alma dizendo...
Tamo...Te amo...Te amo...
Lampejos da sombra
[...]
Quando não tiveres mais nenhum objetivo, quando perderes todas as tuas crenças e a tua fé, quando não enxergares utilidade em crescer, pois desprovido de sonhos e, tudo que já tiveres contigo começar a nada significar, então não verás sentido em nenhuma convenção social humana, perderás a alteridade, a moral, o amor, a ética e, finalmente, perderás ação na vida, ou nenhuma das tuas terão um motivo, uma direção.
Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde
Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
E subo do teu cerne ao céu de galho em galho!
Dos teus liquens, dos teus cipós, da tua fronde,
Do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,
Do fruto a amadurar que em teu seio se esconde,
De ti, - rebento em luz e em cânticos me espalho!
Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes,
No alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto!
E eu, morto, - sendo tu cheia de cicatrizes,
Tu golpeada e insultada, - eu tremerei sepulto:
E os meus ossos no chão, como as tuas raízes,
Se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto!
O que mais queria,
nos momentos difíceis,
era ser tua sombra.
Mesmo quando as
luzes estiverem apagadas,
ela estará lá, imperceptível.
Mas quando reacenderem,
é quem primeiro do
teu lado vai estar.
Estive no mundo dos mortos e perdi minha paz , hoje sou uma sombra do acaso que vaga sem direção e perdido no tempo me encontro sem vida , frio e vazio .
Só restaram as lembranças de uma verdade que se escondeu , deixando uma saudade de tudo aquilo que era bom .
Hoje me vejo velho e cansado , perdido numa trajetória de vida incerta , não restou ninguém , nada daquilo era verdade . Triste estou e me disperso com uma grande tristeza , deixo aqui meu sentimento de humilhação e aonde quer que eu esteja jamais esquecerei desses momentos .
Diário de um amigo a beira da morte.
J.R.M 21/04/15
Não sou seu castelo,mas sim o seu refugio.
Não sou o seu Sol,mas te acolho em minha sombra.
Não sou seu destino,mas o caminho que o conduz.
Não sou a obra prima ,mas sou a inspiração.
Não sou a certeza,mas tiro sua dúvida.
Não sou a sua vida,mas sou seu coração.(A.J)
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser ‘gauche’ na vida.
(Do poema "Sete Faces"/in: Alguma Poesia, 1930.)
MATURAÇÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Hoje gosto de calma. De ar puro. Sombra, rede, quintal. Gosto de amar, fazer amigos, ter liberdade para ser quem sou e deixar bem claro que é pegar ou largar. Escrevo e leio mais do que nunca, sei exatamente o que não quero, aprecio arte, boa música e já não tenho vergonha de ser sensível; romântico; sentimental.
De bem com a vida e comigo mesmo, estou no ponto em que tempo não é dinheiro e sossego não é caretice. Posso desprezar a moda, gostar do que realmente gosto e sonhar ao meu bel prazer... e como não se chega impunemente a tal estágio de segurança, bom gosto e sinceridade, chego à conclusão de que realmente chego à velhice.
Cerrado
À sombra do pequizeiro
Delirei a vida a sonhar
No uivo do guará faceiro
Chora o meu recordar
Nos galhos tortuosos
Brotam as saudades
De cheiros maravilhosos
De infância, alacridades
Tem gosto de gabiroba
Aridez do sol a rachar
Vigor doce de mangaba
Buritis a nos sombrear
Constrói o João de barro
Nostalgias em todo lugar
O vaga-lume tão bizarro
Ilumina o meu poetar
O horizonte é sem fim
Onde põe a lua a repousar
Lobeiras talham o jardim
Das savanas a enfeitar
A arapuá em sua cabaça
Ornam o beiral do passado
Ipês em flor pura graça
Desenham o meu cerrado...
Rio, 22/03/2011,
17’07”
LUA NOVA
Lua nova
onde estás
que não te vejo
não me apareces
nem por um lampejo
na sombra da terra
escondes sem cortejo
fase triste
fase escura
fase em riste
fase agrura
as estrelas lá no alto
brilham por compaixão
na estrada o viajante
se perde na escuridão
os pirilampos aqui embaixo
em plena extinção
fico tristonha
fico amargurada
noite enfadonha
noite apagada...
mel - ((*_*))
“A uns satisfaz uma sombra,
a outros nem o mundo basta.
Uns batem com a porta,
outros hesitam como se não houvesse saída”
.
(em “Tradutor de chuvas”. Lisboa: Editorial Caminho, 2011).