Poemas Famosos sobre o Mar
Olhar para ele era como olhar
para o mar:
As vezes calmo
As vezes agitado
Mas sempre... perfeito!
"Nunca canso de olhar o mar
de frente"
A Triste Menina Chora a luz do luar sentada na varanda com frente a o mar.
O brilho da lua não pode mas contentar pois o sofrimento ali está a reinar.
A doce menina continuas a chorar, vagalumes na lua para tentar a animar
Mas sua dor é maior e não consegue passar sofrimento isolado onde possa constar um espinho cravado no peito está a maltratar a pobre e doce menina que ali estava a chorar.
(Wesley Nascimento)
Claridade da Lua,
tão clara quanto um eclipse solar.
Analua que deixou o mar mais bonito,
A brisa suavizou o ambiente,
a lente de uma vista escandalosa,
deixo aqui pra você, a paz ou a fúria que vem do mar,
trago tatuado comigo no punho a âncora.
Com ela tenha a firmeza de seguir em frente..
A tranquilidade de fluir sobre as águas..
A esperança de encontrar algo, e o mais importante,
a estabilidade de estar estável consigo mesmo.
Ao fechar os olhos, o mar sussurra cantares.
Que eu aprecio...
Bato as asas para voar ...pode até ser delírio
Mas... Acredito...!
Posso voar...
Então sinto o vento no rosto
Arrepiando minha pele e a alma
Meu olhar se perde no horizonte
Mas não existem estrelas, nem lua cheia...
Somente a luz do teu olhar...!
A luar está cheia
num mar seu olhar
sua face cheia de duvidas
ouvi sua voz nos meus pesadelos
você pode me ouvir estou sobre as nuvens
sinto onda de vento forte me chamando
poderia estar calmo com som da morte
que paira sobre lugar que deixei minha paixão
em teu rosto a mar que naveguei entre
covas da tua alma encontrei um chamado,
num espaço de espíritos somos algo bonito,
estou sozinho sem sua ajuda...
no rastro tantas ilusões... salve dessa morte.
podemos dormir profundamente,
através da chuva eu poderia ouvir você chorar.
Já agoniza o entardecer,
a lua prateada brotou do mar,
as ondas vagarosas tocam na areia
ressoando a mais bela poesia.
LETRAS POR ESCREVER
Serão escritas um dia, da serra
Rumo ao mar
Outras letras minhas
Sereninhas,
Inocentinhas
Que enviarei desta terra
Ao vento do meu gritar
Para poisarem no telhado
Da casa da escuridão
Em que escrevo versos
Controversos
Sem me deixarem comer
Desta fome de paixão!
Que ilusão
Que bendito chão
Da pocilga em que nasci...
Pelo menos aí
E ai,
Eu era carne de minha mãe,
Que Deus tem,
Sangue dela
E a dor sentida
Repartida
A acender a primeira luz da vida
Na vela
Pelas mãos nervosas de meu pai.
ALMA PERDIDA
Caiu-me a alma.
Não sei se dentro de um rio,
Ou na turbulência do mar.
Talvez na montanha
Tamanha de frio,
No calor do estio,
Quente de enregelar.
Será que ela fugiu de mim
E se esconde na cidade imensa
À espera da recompensa,
Numa espécie de arlequim
De rir pelas ruas
Sujas e nuas.
O que é que minha alma pensa?
Fartei-me dela, tão tensa
E cada vez mais pretensa
Gozando comigo sem par,
Que não perco mais um minuto
Em absoluto,
Para a encontrar!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 23-09-2022)
P A R E I
Precisava do ar das serras.
De tantas terras.
Faltava-me o iodo do mar.
Nem um ou outro eu pude aspirar,
Porque me prenderam no mesmo lugar.
Diz-me, então, porque paraste
Porque de ser tu, deixaste?
- Sei lá!...
Só sei
Que quando parei,
A minha vida ganhou outra luz
Como candeia que reluz
No quarto da solidão
E transforma a minha cruz
Num madeiro de expiação.
Afinal,
Até ao juízo final...
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 11-10-2022)
A V I D E Z
Tanto ávido à espera
Da esfera
Por armilar,
Para se poder guiar
No mar da ganância
E jactância
Onde se vai afundar.
São como cegos
Coxos e moucos,
Para alimentar os egos
Neste inferno de loucos.
Calcam e recalcam
O pai, a mãe
E todo o alguém
Que assaltam
Em nome da avidez,
Da sofreguidão
Que alguma vez
Os há de fazer penar
E findar,
Então!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 15-11-2022)
AMOR FUGIDIO
Luz que vieste do oculto
Luz que cega sem brilhar,
Que convida a mar de amar
Maré negra de outro vulto.
Por que andaste no ofusco
Do meu sol de companhia,
Quando eu somente te pedia,
Essa coisa do amor que busco.
Fugiste. Eu vi, eu sei,
Porque por ela me dei,
Na noite longa que dormia.
Um sono de olhos abertos,
Como que a fixar a luz,
A tua, dos olhos incertos.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 06-01-2023)
MAR LONGE DE TÃO PERTO
Um dia destes vou morrer, ó mar...
Sem te poder sequer avisar
Ou mandar um recado pelo ar
Pela terra e não por mar,
Que mar já és tu tão distante
Deste meu penado cante,
Poema ao longe sem te abraçar.
O que me fizeram, ó mar!?...
Agora que não tenho força de andar
Para sentir-te num solfejo
E amar a areia que amas num beijo.
Manda uma concha da tua água até mim,
Que mate a sede dos meus pés
E abrande a minha mágoa sem fim.
Que a tua água salgada
Seja cura abençoada
Das chagas deste meu ser
Um pouco antes de eu morrer
Na cama deste poema,
Dilema sempre de mim.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 05-02-2023)
ESPINHO-MAR PÃO E
ÀS VEZES MAR CÃO
Como eu te amo, Espinho
Flor do mar
A brotar
Num lençol de verde linho
Nesta minha inquietude
Cravada na solicitude
Daquele botar
Do barco ao mar
A querer buscar
Algum peixe graúdo
Que os deuses
Por vezes,
Só te dão
Em ração
De pão
Miúdo.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 13-04-2023)
ROSA RECALCADA
Rosa formosa dos seios grandes
Com cheiros de mar nas axilas
Trazias em ti almoços de sandes
E no coração memórias de pilas.
Nas tuas pernas feitas almofadas
De sal ao sol já tão crestadas
Alapavam outras de estofadas
Peles e espumas contaminadas.
Rosa enjeitada rameira sem nada
Objeto abjeto corpo de diversão
Em que tornaram o teu destino coitada
Mulher viva e tão morta de ilusão.
E um dia na campa ao lerem o teu jazer
Hão de estar sem arrependimento
Todos os que exploraram o sofrer
Do teu corpo de fora para o de dentro.
(Carlos De Castro, In Há Um Livro Por Escrever, em 18-04-2023)
MEU MAR MINHA LINHA
Era eu um pequenito
Naquela praia grande
De areal imenso
Do então Espinho extenso.
Eu ficava sozinho
Sentado numa pedra
Mais ao longe
Como que a comandar
A proa do meu barco
Rumo àquela linha do horizonte
Que eu via sempre direitinha
Com aqueles barcos grandes
De cargas de pão, de ouro
E especiarias, nos porões
Das fantasias.
Se calhar alguns petroleiros
Assaltados pelos piratas
Da minha verde imaginação
Que passavam com pachorra,
Na linha, do mar quente de verão.
E eu então imaginava:
Para além daquela linha, ficava
A Beira de Moçambique,
Era aí que o meu pai morava.
Não muito longe, eu via numa tela:
A Caracas do meu tio Vitorino,
Emigrado em Venezuela.
Depois, de barriga vazia
Voltava à areia da praia,
Morna da sorna da tarde
Que se ia com os barcos
E convidava ao sono.
Então, eu cobria-me com o meu manto
De areia
E, entretanto,
Adormecia...
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 30-05-2023)
PROGENITURA QUIÇÁ
Pai, é barco
É vela,
É uma caravela no mar
Manso
Ou bravo,
Lutando contra a maré
E disputando com a ralé.
É aquela flor chamada cravo
Que nunca renega a fé
Quando o barco ameaça partir-se
Nas ondas revoltas,
Tortas,
Da vida.
Então aí, a mãe ao sentir-se,
Toma conta do leme
E não treme
Nunca no torto
Até o barco amainar,
Serenar,
Em bom porto,
Ainda que isso lhe vá custar
Em contrapartida,
Alguns anos a menos da sua própria vida.
(Carlos De Castro, em Há Um Livro Por Escrever, em 15-07-2023)
NA NOITE
Era noite escura,
Tudo invitava ao descanso,
Até o rugido do mar era manso,
Convidando ao remanso.
Nisto, o chiar de pneus no asfalto,
Como um grito alto
Na noite serena e pura
Toda silêncio de negrura.
Gritos e bebedeiras loucas na noite.
Músicas tolas debitadas às paletes,
Que mais pareciam um açoite
Nos ouvidos, como foguetes
Estourando nas retretes.
Era uma discoteca na estrada,
Urros de animais grotescos,
No rebentar de fluidos
Dos possuídos
De duas patas quixotescos.
E a noite ia avançando
A chorar pelo seu descanso,
Já em maré de balanço.
Lembrou-se então,
Com emoção,
Dos tempos
De outros tempos,
Que era a dona do serão.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 31-10-2023)
Me chamo José
Me chamo José
José daqui, José de lá
José de qualquer canto
José de qualquer mar.
José de minas
José de Drummond
José da Bahia
José do Ceará.
Me chamo José
Por não ser doutor
Sou apenas José
José lavrador.
Mesmo sendo José
Arranjei um amor
Que se chama Maria
Maria fulor.
Meu pai é José
Assim como eu sou
José de arimateia
Carregou o senhor.
Me disse que é santo
Todo homem José
Que veste o manto
O manto da fé.
Aqui nesta terra
De tanto José
Deus nunca se esquece
Do povo que é.
José de Abreu
José Xavier
José das medalhas
Maria José.
O mar que um dia ao teu lado conheci
o mar que contigo descobri, não existe mais
durante as minhas insônias, nos meus sonhos
leve, escutava, como música de Bach,
seus suspiros tristes ao esbarrar no cais.
O mar em que um dia bebemos a seiva da eternidade
hoje não nos satisfaz, o mar que antes era calma
descanso e paz, assim como teu, não existe mais.
O mar das ilusões
O mar não pode secar
assim acreditam os mortais
sendo sua experiência permanente
na efêmera visão dos temporais
morre o homem, como morrem assim os animais.
E o mar não se abala, continua impávido, soberbo e soberano, sobre-humano, atemporal.
É o mar nossa idéia de refúgio
é do mar que sugamos o doce e o sal.
Foi do mar que saiu a vida andando, é para o mar que um dia nós voltamos.
Sem o mar não há sonho ou metafísica, é o mar nossa grande eternidade.