Poemas Famosos de Morte
Nada a retinha, nem o medo. Mas mesmo que agora se aproximasse a morte, mesmo a vileza, a esperança ou de novo a dor. Parara simplesmente. Estavam cortadas as veias que a ligavam às coisas vividas, reunidas num só bloco longínquo, exigindo uma continuação lógica, mas velhas, mortas. Só ela própria sobrevivera, ainda respirando. E à sua frente um novo campo, ainda sem cor a madrugada emergindo. Atravessar suas brumas para enxergá-lo. Não poderia recuar, não sabia por que recuar.
Sabemos que VOCÊ, aí de cima, não tem mais como evitar o nascimento e a morte. Mas não pode, pelo menos, melhorar um pouco o intervalo?
Que você é mesmo, tudo aquilo que me faltava. Amor eu sinto a sua falta e a falta é a morte da esperança. Que a vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância, diante da eternidade do amor de quem se ama.
Aquele que não aceita fugir de sua condenação à morte por respeito às próprias leis que o condenaram.
ROSA SELVAGEM
Antes da morte, a sorte.
A rosa selvagem com suas pétalas endurecidas.
A visita do desafeto que acha que faz o bem, a quem?
Carta para Jesus,
Venho aqui, pedir encarecidamente, que destrua a minha vida.
Odeio viver e estou cansado de tudo.
Sei que é errado o que estou fazendo, mas não tenho planos.
Minha vó se foi e tive mais um casamento destruido.
Não tenho objetivos e não vejo sentido na vida.
Não me importo para onde eu vou.
Só peço que o Senhor realize meu sonho.
O ódio e o desprezo que tenho pela vida é muito mais forte do que eu.
O inimigo conhece meus pontos fracos e usa categoricamente.
Sei que estou condenado ao fogo eterno.
Mas só o Senhor pode me dar uma morte digna.
Não peço dinheiro, status e nem ascensão, só peço a morte.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Nota: Trecho do poema "Quase", muitas vezes atribuído erroneamente a Luis Fernando Veríssimo.
Muitos filhos só entenderão que deveriam ter conhecido e amado mais seus pais no dia em que eles fecharem os olhos para sempre.
Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.
(Em: O Auto da Compadecida)
Quando nasceste, ao teu redor todos riam, só tu choravas. Faze por viver de tal modo que,
à hora de tua morte, todos chorem, só tu rias.
Se depois de eu morrer quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tenho só duas datas: a de minha nascença e a de minha morte. Entre uma e outra, todos os dias são meus.
Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas – mas eu também?! Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim.
- Pode provar o seu amor por ela?
- 50 anos chegam?
- Pode provar isso agora?
- Como pode um homem provar a sua fome, a não ser comendo?
(Abraham Farlan/Peter)
LACUNAS DA ALMA
Desejei o que não era preciso,
Por achar que me faltava algo,
Dispensei o que era necessário,
E perdi o que de importante tinha.
Sou um ser racional?
Óbvio que não!
Sou envolto por emoções,
Assim como todos os outros da minha
espécie,
O que me diferencia é que eu aprendo...
Aprendo tanto com os meus erros, como com erros alheios.
E se um conselho eu puder deixar,
É no sentido de valorizar,
Aquilo que se tem,
Ao invés daquilo que se quer ter,
Porque depois de perdido,
Não adianta se arrepender!
Danilo Castilho
Enterre os mortos. Não como os egípcios, para tentar a imortalidade. Mas como deve ser, definitivamente. Volte as costas ao passado. Olhe apenas em frente. Recorde que o tempo tudo cura.
Nós não sabemos que tipo de pessoas realmente somos até um momento antes da
nossa morte. Assim que a morte vier abraçá-lo você perceberá
o que você é.
Se arrancar meus braços te chutarei até a morte,
Se arrancar minhas pernas te morderei até a morte,
Se costurar minha boca te darei cabeçadas até a morte,
Se arrancar minha cabeça renascerei mil vezes se for precisso até matá-lo!
Dessa vez te salvarei.
A morte me chama pra jantar
Em forma de suicídio diz que vem pra me buscar
Com flores no caixão,
Um terço enrolado na mão
Me despeço deste mundo de muito preço e poucos valores
De muito ódio e poucos amores
Uma memória não deixarei,
Nem mesmo nas histórias estarei.
Pois quem escolherá a morte
Talvez não seja um azarado e sim um cara de sorte.
A Morte, que da vida o nó desata,
os nós, que dá o Amor, cortar quisera
na Ausência, que é contra ele espada fera,
e com o Tempo, que tudo desbarata.