Os erros circulam entre os homens como as moedas de cobre, as verdades como os dobrões de ouro.
Quando sentimos que não há razão para sermos estimados, estamos à beira de lhe ter ódio.
A tirania não é menos arriscada para o opressor, do que penosa para o oprimido.
É alcançar muito de um amigo se, tendo subido ao poder, ainda se recorda de nós.
A maior parte das mulheres que escrevem as suas memórias só se pintam em busto.
Os homens em sociedade são como as pedras numa abóbada, resistem e ajudam-se simultaneamente.
É felicidade para os homens que cada um deles a defina a seu modo com variedade, na sua essência e objectos.
A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente intrigados e intrigantes.
Os pequenos inimigos, ainda que menos danosos, são sempre mais incómodos que os grandes.
Dos especuladores em revoluções muitos se perdem, e poucos prosperam por algum tempo.
Os homens não sabem avaliar-se exatamente: cada um é melhor ou pior do que os outros o consideram.
Ninguém está mais sujeito ao erro do que aqueles que só agem depois de haver reflectido.
Tem-se visto e vêem-se homens que na pobreza são ricos, na perseguição joviais e no desprezo estimados, porém, poucos se contam na boa fortuna ponderados.
Amigos há de grande valia, que todavia não podem fazer-nos outro bem, senão impedindo pelo seu respeito que nos façam mal.
Há pessoas que ganham muito em ser lidas, e perdem tudo em ser tratadas: escrevem com estudo e vivem sem ele.
A vida humana seria incomportável sem as ilusões e prestígios que a circundam.
Os povos, como as pessoas, variam de opiniões e gostos, e na sua inconstância passam frequentes vezes de um a outro extremo.
Há muita gente que procura apadrinhar com a opinião pública as suas opiniões e disparates pessoais.
Há benefícios conferidos com tal rudeza e grosseria que de algum modo justificam os beneficiados da sua ingratidão.
Os arrufos entre amantes podem ser renovações de amor, mas entre os amigos são deteriorações da amizade.
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