Poemas e versos curtos
E, ao amanhecer, sentir o calor do seu abraço.
E, ao entardecer, admirar o seu sorriso doce.
E, ao anoitecer, sentir seu beijo de boa noite.
E, ao findar o dia, estar radiante por viver os fragmentos dos dias,
como se fossem simples versos de amor.
Cegos talvez ainda somos
Cegos ainda andamos
A primitiva beleza
Ainda não conhecemos
Por quanto tempo irá
As luzes artificiais nos cegar
Por quantas noites
Vamos peregrinar
Até que céu se torne
A companhia para os solitários
A tela para artistas
E versos para poetas.
Beijo roubado
Levou junto
o olhar
o desejo
os pensamentos
o sorriso
o sossego…
nunca mais
ela quis beijar
apenas
que roubasse
seus beijos.
Coragem!
Junte nas tuas mãos
os teus medos secretos
arremesse-os
com muita força
com toda a força
de dentro de ti
para o universo
dissipar
e transformar
em coragem
em afronta
em capacidade
faça com fé
e os medos
terão receio
em te habitar.
Com templo
Contemples enquanto há tempo
a flor
o pistilo
a cor...
o cheiro
inale devagar
é apressada a vida
há beleza no contemplar
contemple
enquanto ha tempo.
Minhas letras, estrofes e rabiscos
viajam de carona, flor em flor,
sigo o vento rápido, vento de corisco,
escrevo a poesia inteira na areia,
e escondo na renda do pescador.
Pérsio Pereira de Mendonça
CÉU DE SONHOS
O firmamento é o perene e passageiro momento
que nos leva e nos traz tudo que o sonho é capaz,
leva na enxurrada os amores,
traz em gotas de chuva as dores,
se renova em arco íris de sentimentos
as mesmas velhas e conhecidas cores,
que se renovam continuas e assaz.
Quando meus olhos não enxergarem mas teus passos
Quando tua voz virá pó aos meus ouvidos,
Quando a música não me disser mas nada
Que serei sem essa chama...?
Que será da minha poesia ?
Que serão dos meus versos?
Que será de mim, sem o sonho de nós ?
PRISÃO
Prisão sem barras
Que muito me sufoca
Prisão sem paredes sem saída
Prisão do coração da alma
prisão que a cada dia e a cada hora fica sempre a diminuir...
Diga-me qualquer coisa.
Fale-me qualquer coisa.
Cite-me qualquer coisa.
Recite-me qualquer coisa.
Pronuncie qualquer coisa.
Grite-me qualquer coisa.
Sussurre-me qualquer coisa.
Xingue-me de qualquer coisa.
Coise qualquer coisa
Pra coisar essa minha vida
tão
coisada.
Com a inspiração surge a criatividade.
Suprindo a necessidade que há em mim, em se expressar.
Seja minha inspiração impetuosa.
De um sorriso rico em detalhes.
E um olhar sublime.
Torne-se meus versos.
Meus traços, minha arte.
É incrível como o tempo passou
E ainda assim nada mudou
Aliás tudo somente acrescentou
Um amor verdadeiro que nunca passou.
Sou espiga e o grão que retornam à terra.
Minha pena (esferográfica) é a enxada que vai cavando,
é o arado milenário que sulca.
Meus versos têm relances de enxada, gume de foice
e o peso do machado.
Cheiro de currais e gosto de terra.
De que vale ter voz
se só quando não falo é que me entendem?
De que vale acordar
se o que vivo é menos do que o que sonhei?
(VERSOS DO MENINO QUE FAZIA VERSOS)
(trecho extraído do livro “O fio das missangas”, Cia. das Letras, 2004, pág. 131.)