Poemas e Poesias
A música do espaço pára, a noite se divide em dois pedaços.
Uma menina grande, morena, que andava na minha cabeça,
fica com um braço de fora.
Alguém anda a construir uma escada pros meus sonhos.
Um anjo cinzento bate as asas
em torno da lâmpada.
Meu pensamento desloca uma perna,
o ouvido esquerdo do céu não ouve a queixa dos namorados.
Não aguardas
Nenhuma "iluminação" particular
Nem assento e clavícula de nenhuma deusa
Que te percutisse — gong —
Nem de nenhum Van Gogh
Que súbito te tornasse
Eterna
O Pão de Açúcar é um cão de fila todo especial
que nunca se lembra de latir pros inimigos que transpõem a barra
e às 10 horas apaga os olhos pra dormir.
como eu odeio doença, é como uma preocupação
que se torna realidade
e simplesmente não deve ser capaz de acontecer
em um mundo onde você é possível
meu amor
nada pode dar errado para nós, diga-me
ANIMAIS
Você se esquece de como nós éramos antes
quando ainda éramos de primeira classe
e o dia veio gordo com uma maçã na boca
de nada adianta preocupar com o Tempo
mas nós tínhamos alguns truques nas mangas
e fizemos umas curvas fechadas
todos os pastos pareciam nossas refeições
não precisávamos de velocímetros
de gelo e água nós fazíamos coquetéis
Eu não iria querer que fosse mais rápido
ou verde que agora se você estivesse comigo Ó você
foi o melhor de todos os meus dias
Talvez seja para evitar alguma grande tristeza,
como em uma tragédia da Restauração o herói clama “Durma!
Ó pois o longo profundo sono e então esqueça!”
que se voa, flutuando por sobre as cidades sem costa,
guinando ascendente da calçada como um pombo
o faz quando um carro buzina ou uma porta bate, a porta
dos sonhos, vida perpetuada em amores coloridos em tons
e belas mentiras todas em línguas diferentes.
O poeta
O poeta é um grande ator,
ele finge não sentir dor.
Mas ele expressa sua dor,
com poemas de amor.
O poeta brinca com palavras.
E como em uma mágica,
as transforma em um poema.
Um poema mágico.
O poeta quando vai criar seus poemas,
viaja pelo mundo das palavras.
E lá ele encontra as mais belas palavras.
E cria os mais belos poemas.
ESTRANHO TROFÉU
Era noite...
Como se fosse andorinhas
eu vi um bando de corujas,
voando sobre minha rinha.
Sobre a qual, lá eu estava...
Peleando com a morte
... Disputando a vida
e a dádiva taça da sorte.
Mas não sabia que:
O troféu da vida querida...
Era o abraço forte da morte.
Antonio Montes
MEU PAÍS
Onde esta você meu país...
Aonde você esta!
Infectado pelos ratos
que não param de te roubar
todavia te surrupiando
e depois vão desviando
pouco a pouco para lá.
Onde esta você meu país?!
Você aonde esta...
Com facínoras comandando
só calhorda no comando
o que será do seu futuro
e das crianças o que será?
Perdesse a credibilidade
diante dos olhos seus
nada mais em ti é verdade
cadê o olhar do nosso Deus?!
Onde esta você meu país...
Você aonde esta?!
Na cede... Ninho de cobras
enrolando o paladar
seu tempero eles te roubam
só para expor o gastar.
Roubar agora é desvio
ponte aera da perdição
esperança perdeu seu pavio
apagando a nação.
Onde esta você meu país
você aonde está?!
Me diga p'ra onde você foi
pois preciso te achar.
Antonio Montes
PÁSSARO PRESO
Esse pássaro na gaiola
prendido por seu enrola
esta ali sem aceitar.
Todavia ele esta insistindo
e você não dá ouvido
o que ele quer, é só voar!
Essa grade que tu fez
satisfaz, somente a sua vez
e você, não quer escutar.
Passarinho esta diluído
todos seus dias em perigo
já não contenta em chorar.
Passarinho, passarinho...
Eu sou assim como tu
tosaram as minhas asas
e quando eu cai em casa
me proibiram de voar.
Minha vida é brasa em tino
comandada pelas farras
dos carrascos de passarinhos.
Antonio Montes
LOURO VERDE
Entre um papaco e outro
o louro verde lá do alto
esta fazendo curupaco.
Esse louro é todo verde
porque te chamam de louro
se o loiro para ti e sede.
Se seu verde é todo verde
podiam te chamar de verde
loiro não tem, em sua rede!
Mas esse louro fala e chora
se chega ou se vai embora
chora sem saber da hora.
Também dá tchau e assovia
desce do agora e do jirau
e gira ali todos os seus dias.
Esse louro todo verde
incomoda com toda aurora
em sua forma de bom dia.
Baila com sua algazarra
vê o sol, faz grande farra
saldando-o com alegria.
Esse louro, na moldura vista
silenciou-se em seu silencio
e na pintura do artista.
Agora na escassez dos seres
contem seu nome na extinção
nos louros gosto dos prazeres.
Esse louro... Quer café
... Pediu café!
Orou sua fé de pouca fé
e logo mais, pediu o pé.
Antonio Montes
ESPREITO FIM
A morto estava, morto
Com sua seriedade pálida...
Não sorria
não mexia nada!
A morte estava solta...
Corria pela vida
adentrava pelas banalidades
e loca... Carregava navalhas
sob dentes da sua boca.
Antonio Montes
BICICLETA NA VIDA
O menino da bicicleta...
Não se aquieta!
Sempre frenético,
pedala como se fosse um atleta
... Empina, rodopia...
Rascunha zero no chão
se cai, nem faz cara feia
e sai, aos abraços com o vento
nadando na emoção.
O menino da bicicleta...
Adora o seu, ie, ieh ieh,
rodando por ai...
Parece gente grande,
zanzando em suas contas
e sonhando com faz de conta...
Só quer saber de correr,
perde a hora dormir
perde o tempo de comer
... Passa o dia divagando
e quando chega a noite...
Já vai sonhando com o amanhecer.
O menino da bicicleta
parece adulto
zanzando sem hora certa
... Vai p'ra cima
vai p'ra baixo
igualzinho uma peteca.
Antonio Montes
Canto.
Um canto de encanto
Algo sentido, ouvido de dentro
do fundo do coração
de quem em grito quase em promessa, em lamento
dizia
amanhã tem mais
Sentado na mesa vejo um reflexo
ela inerte ali posta e, numa aposta
tudo para contrariar aquela promessa
dado na emoção
meu rosto enrubesce em vergonha
se assanha a imaginar
há se promessa não fosse retórica
talvez como aquele beijo assanhado ganhado em ânsia
Beijo beijado, de encanto
de fazer espanto
de Fazer ficar a desejar mais.
Utopia
Passam momentos
transpassam tempos e,
lembramos daquela infância
em que sonhamos amar alguém
que preenchesse
todos os desejos;
naquela terra batia brincava
levantando poeira
sem eira
sem amanhã
apenas criança
tempo passou
avançou
a menina agora mulher
depois de conquistar espaços
em um arrasto
preencheu vazios
não sei se foi sonho
é sonho
Então você percebeu que estava chovendo
Se aninhou no meu peito ao sentir o vento
E eu encantado só apreciava o momento
Se faz sol você me deixa
Te espero no frio
Que é quando tu me procura
Quando tira a armadura do verão
me transborde!
me consuma!
me abuse!
mas antes...
me acalme.
tome um café comigo.
diga que tudo vai ficar bem.
só então faça oque tiver que fazer!
FERRÃO DE MARIBONDO
No pedaço do serrado
andava eu, desconfiado
e o maribondo me ferrou.
Um contra gosto à mim, imposto
me pegou marcando posto
com seu ferrão me marcou.
Tudo aqui, tornou-se fato
acusar já é disparato
mesmo o que, o vídeo mostrou.
Sabemos, sabemos...
No comando é só desvio
há eles isso é pavio
p'ra ganhar o seu amor.
Antonio Montes
DORMIREI CONTIGO
Dormirei contigo,
sim, em pensamentos pode ser...
Mesmo que eu não te tenha em meu lençol
mas, se você está comigo!
Assim, toda meiga como flor
O meu amor terá a cor...
Do majestoso amanhecer de sol.
Antonio Montes
AOS TOMBOS
Balngo-bango, maribondo
na carreira eu me arrombo
sobre poeira e aos tombos
na fumaça me escondo.
Eu vou por ai aos pombos
em ditongo, orangotango
dança o tango no losango
cozinhando ao fogo brando.
Se não dê, parto pro cano
espatifando os tímpanos
vou seguindo assim os planos
como faço com os anos?
Antonio Montes