Poemas e Poesias

Cerca de 56055 poemas poesias Poemas e Poesias

canção do exílio

o poeta sem sua plumagem
é um deus exilado do cosmo
strip-teaser metafísico
só lhe resta sambar no inferninho
do caos
sob os neons do nada
sempre nu diante do espelho
sem espelho diante de si

Geraldo Carneiro
Folias metafísicas, 1998
Inserida por pensador

o espelho

do outro lado um estranho
faz simulações como se fosse
um demônio familiar
é sempre noite, um assassino sonha
com mulheres assassinadas em série
sob as palmeiras de Malibu
o mundo é só uma ficção plausível
a imagem que baila ao rés-da-lâmina
é um último e improvável vestígio
da existência de Deus
o resto são ecos de outras faces
gestos de espanto e despedida
a música dos relógios, a morte

Geraldo Carneiro
Folias metafísicas, 1995
Inserida por pensador

conspirações

alguma coisa se desprende do meu corpo
e voa
não cabe na moldura do meu céu.
sou náufrago no firmamento.
o vento da poesia me conduz além de mimo sol me acende
estrelas me suportam
Odisseu nos subúrbios da galáxia.
amor é o que me sabe e o que me sobra
outro castelo que naufraga
como tantos que a força do meu sonho
quis transformar em catedrais.
ilusões? ainda me restam duas dúzias.
conspirações de amor, talvez não mais.

Geraldo Carneiro
Balada do impostor
Inserida por pensador

eternidade

para os estóicos o tempo não era
a mera caravana dos sucessos,
essa aventura quase sempre sem sentido
no rumo da anti-Canaã,
a terra onde não há qualquer Moisés
extravagando no Deserto dos Sinais
existe assim um outro tempo, imóvel,
no qual paira a palavra impronunciada,
o mito, sendo tudo e nada,
e idéias como flores ainda à espera
de outra Era ou só da primavera
e da decifração posterior
em suma, se os estóicos não criaram
um sistema solar irresistível
capaz de orientar a órbita dos astros
e as caravelas do conquistador,
em troca talvez tenham inventado
a melhor metáfora do amor

Geraldo Carneiro
Lira dos Cinqüent'anos, Relume-Dumará, 2000
Inserida por pensador

corações futuristas

pular a bandeira
pular a bandeira bordada
pular a bandeira bordada de seda e estrelas

rodar no balanço
rodar no balanço do mundo
rodar no balanço do mundo de sombras e
cachaça

dançar a ciranda
dançar a ciranda do sono
dançar a ciranda do sono perdido na noite

guardar o segredo
guardar o segredo da lua
guardar o segredo da lua afogada no poço

Inserida por pensador

quase soneto cheio de si

ó minha amada, canto em teu louvor
como se fora nato noutras terras
mais adestradas nos bailes do amor,
em Franças, Alemanhas, Inglaterras;
canto-te assim com tal engenho e arte
que até Camões invejaria o fogo
com que me ardo, outrora degredado
entre mil musas lusas e andaluzas,
e agora regressado aos seus brasis,
ó minha ave, minha aventura
e sobretudo minha pátria amada
pra sempre idolatrada, salve, salve:
o resto é mar, silêncio ou literatura

Geraldo Carneiro
Lira dos cinqüent'anos, Relume-Dumará - Rio de Janeiro, 2002, pág. 86.
Inserida por pensador

Olhos de ressaca

minha deusa negra quando anoitece
desce as escadas do apartamento
e procura a estátua no centro da praça
onde faz o ponto provisoriamente

eu fico na cama pensando na vida
e quando me canso abro a janela
enxergando o porto e suas luzes foscas
o meu coração se queixa amargamente
penso na morena do andar de baixo
e no meu destino cego, sufocado
nesse edifício sórdido & sombrio
sempre mal e mal vivendo de favores

e a minha deusa corre os esgotos
essa rede obscura sob as cidades
desde que a noite é noite e o mundo é mundo
senhora das águas dos encanamentos

eu escuto o samba mais dolente & negro
e a luz difusa que vem do inferninho
no primeiro andar do prédio condenado
brilha nos meus tristes olhos de ressaca

e a minha deusa, a pantera do catre
consagrada à fome e à fertilidade
bebe o suor de um marinheiro turco
e às vezes os olhos onde a lua

eu recordo os laços na beira da cama
percorrendo o álbum de fotografias
e não me contendo enquanto me visto
chego à janela e grito pra estátua

se não fosse o espelho que me denuncia
e a obrigação de guerras e batalhas
eu me arvoraria a herói como você, meu caro
pra fazer barulho e preservar os cabarés.

Inserida por pensador

Hoje me perguntaram
Qual o motivo do meu sorriso
Pensei em você
E de novo sorri.

Inserida por ozielassuncao

Eu escrevo por você...

Eu escrevo apenas o que eu sinto,
o que me vem ao pensamento.
E quando escrevo sobre amor,
é porque amo mesmo, não minto!

Eu escrevo o que minha alma diz,
o que os lábios não conseguem dizer.
Não quero aplausos de poeta,
mas teu amor eu quero, sempre quiz!

Marta Gouvêa

Inserida por MartaGouvea

Linda e bela flor

De tantas outras, é uma linda flor do campo, pura, meiga, gentil, solitária, misteriosa e ao mesmo tempo fascinante.
Consegue roubar a atenção em meio as formosas cachoeiras que Deus colocou ao seu redor.
A mais bela, a que mais me chamou atenção, que não me sai dos pensamentos, a que me move e acelera o velho coração.

Inserida por Acropolle

AMOR SOZINHO

Eu não estou aqui p’ra que me fale de amor,
Eu estou aqui p’ra que você entenda
Que nada me faz tanto, que nada me inventa
Sem os teus sentimentos...

Por tudo eu quero te dizer
Que’u não sei caminhar sem te notar,
Sem me envolver,
É por você tudo o que canto...

Eu não estou aqui p’ra que me fale de paixão,
Eu estou aqui tão só por meu desejo
A me enlouquecer sem quer te dar um beijo,
Sem que me entenda uma razão...

Inserida por acessorialpoeta

BEIJO NA BOCA

Beijo na boca, não
beijo na boca, não
Se eu lhes de beijo na boca
eu lhe dou meu coração
beijo na boca, não.

O tic tác do meu peito
esta movido ao meu universo
seus lábios são mel de flores
você é paixão, eu confesso
beijo na boca, eu peço

Beijo na boca, não
beijo na boca, não
se eu lhes de beijo na boca
eu lhes dou meu coração
beijo na boca, não.

Mas quem dera o seu beijo
orvalho, chuva e poejo
com essa vontade louca
se eu lhe der beijo boca
desembesto o meu desejo.

Beijo na boca, não
beijo na boca, não
Se eu lhes de beijo na boca
eu lhe dou meu coração
beijo na boca, não.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

TRETA

São eles, são eles...
Os mandões lá de cima
a velejar em mares de lama
causarem danos e danos...
Desfolharem nosso tesouro
para depois debruçar os frutos
em outros oceanos.

São eles, a provocar o chorar da misera,
rios de lagrimas em nossas vidas
causadores do aborto da esperança,
são eles a causarem, apologia do poder,
lagrimas e desespero da fome,
desconcerto harmônico da família
a falta de esperança no coração do homem.

São eles... O disparate do poder
descarte da dignidade
funeral da integridade e da ética,
são eles, são eles..
São eles os mandões do nosso pais.

Antonio montes

Inserida por Amontesfnunes

REVERDECER

Passaram-se todas as estações,
e com elas...
As cores da minha pandorga
a balançar sobre os fios do tempo
pendurados em sentimentos eletrificados.

Só a primavera restou...
Toda notável, cheia de flor,
andam dizendo,
que a primavera reflete amor!
É pode ser... Jardins se enche de verde
galhos se renovam, e a felicidade...
Brota sobre os rostos do futuro.

Os sorrisos florescem diante do renascer
e se expandem pela avenida da vida
e o cheiro do nascimento, permeia o ar
... Tudo é novo...
Novo também, é a vontade de mar.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

VACANTE


Aquela caneta seca
jogada ao lixo sem valor
toda tinta d'ela se foi...
Rascunhando o nosso amor.

Hoje sem tinta, não escreve...
Romance poesia, não pinta
a felicidade, não torna visível...
O carinho camuflado em sonhos
nem esboça, lindas frases
d'aquele jardim medonho.

Aquela caneta seca,
jogada ao lixo sem nem um valor
toda tinta d'ela se foi...
Rascunhando o nosso amor.

Hoje sem tinta, não escreve...
Romance poesia, nem pinta,
aquela felicidade, ocultou-se
o carinho camuflado em sonhos
nem esboça aquelas lindas frases...
Fantasias de desejos medonho.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

VULTO

Não vou mais viajar de mim... Deixar de
me valorizar, para se acoplar e em ti, eu...
Descobri que o único valor desse mundo
que resta para mim, é esse eu aqui.

Quanta e quantas vezes, me peguei
voando de mim, para pousar em você,
e na verdade quando eu te encontrei...
Você fugia do meu querer.

Por isso... Não vou mais viajar de mim...
Para ficar dividindo meu inteiro
... Lhe dá todo valor do mundo
e se enterrar em meus pesadelos.

Aprendi a reconhecer meu valor,
não vou jogar o eu, na lacuna do esmo...
Resolvi que: serei feliz nesse mundo aqui
... Se eu, cuidar de mim mesmo.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

Só deite aqui ao meu lado.
Com a cabeça no meu ombro
E esqueça que existe um amanhã.

Inserida por ShandyCrispim

I
A luz se confundiu,
A hora sucumbiu,
Dos pássaros escuto os assobios
E a natureza os arrepios.
II
Vi passar a fala que reluzia,
Mas a minha mente te conduzia
Tudo fiz, mas no final, se desfazia.
Onde está a paz que trazia?
III
Aquela que foi atropelada pelo destino
Aquela que morava naquele cantinho
Aquela, que cuidava como um filinho
Aquela que a garra parecia de um felino.
IV
Aquela? Sim Aquela. Aquela desceu
A sua cor desapareceu
E a sua luz aos poucos enfraqueceu.
Naquele riacho onde tudo aconteceu.

V
Pena, muita pena
Pensava que que a sua luz era plena
E quando olhava parecia que valesse a pena.
Não, não, tudo era uma farsa, apenas uma milena morena.

Inserida por EneioPereira

FRÍVOLO

Manhã da roça
bacia de biscoito
vento solto
relincho de potro
sentimento afoito
tudo torto, tudo oco.

Barcaça das águas
fundo do mar morto
rabanada do boto
rosa do porto
olhos loucos
rebolo, tolo.

Pena de poema
tema treslouco
tudo ainda pouco
topada no toco
nesse ninho choco
... Tinoco, broco.

Inserida por Amontesfnunes

GALGAR

O tempo passa
a gente passa
hoje passa
o passar passa.

O amanhã passa
o ontem passou...
Tudo passa!
E quando o futuro passar
o passado também passa
e tudo fica sem graça.

Antonio montes

Inserida por Amontesfnunes