Poemas e Poesias

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ela come tangerina
com centenas de dedos
meditativos
empenhados na função
de descascar, separar um gomo
do outro
mas não mastiga, empurra
com a língua até a pele
descosturar
feito tecido ou papel
e romper
em suco

depois caminha pelos quartos
acaricia os cabelos das bonecas
muda a posição dos objetos
desliza dedos pelas paredes

até que cada canto da casa
cheire como os dias de verão

Precárias formas
escondidas no gelo
para evitar
o predomínio do tempo
sombra sem respostas
o pormenor da voz
pede permissão
para pertencer
à transparência.

Entre bocejos e café,
Aqui sozinha inquieta
Raciocinando e escrevendo
Enquanto o dia vai nascendo
E o corpo todo doendo.


A dor de não ter dormido
Porque, não me pergunte
Queria também saber
Porque ao invés de dormir
Me pego escrevendo aqui
Para zero pessoas ler.

Aquele brilho no olhar
Em seu olhar sedutor
Que bem-te-vi
Naquele luar inssensante
Em meio ao nosso santos
Me possuía entorno do seus cabelos
És aparece algo penetrante em minha alma
És enigmático,desconhecido
És amor

Que a noite lhe seja agradável...
Que o descanso lhe venha suave...
Que o sono lhe seja profundo...
E o vigor te inunde pela manhã..

http://versospremissas.blogspot.com

Pela primeira vez na minha vida
Quero vê-la colorida

Ficar na ponta dos pés
Esperar meus mil contos de reis

Navegar pelo oceano
Por todo ano, apenas para vê-la nadando

Oh! Minha vida não deixais de seguir pela via
Continue a caminhar pelas ruelas
Quem sabe elas poderão te acompanhar...

Por muito tempo vivia sem tempo

Por muitos segundos vivia como secundário

Por muitas listas vivia sem ser protagonista


Quero ficar na ponta dos pés
Chegar perto da sua mão
E dar-te-ei meu coração
Quero passar pelos passos
Viver no espaço e me abandonar no meu próprio abraço

Bato em sua porta

Espero por outra hora

Para dizer-te, olha a hora



Quero correr pela chuva

Me molhar nos cachos de uvas

Rodopiar nos postes

Criar novos recortes

Ah...

Quero passar o inverno contigo

Sabendo que já estou no meu abrigo

Quero caminhar de mãos dadas

Sabendo que meu coração só há de ter asas

Quero entrar na roda-gigante

Falar, eu te amo com mil alto-falantes

Apenas para não perder-te a cada instante...

Ah...

Os mais jovens sabem o que sentem

Por mais incrível que pareça eles já viram uma estrela-cadente

Os desesperados escrevem poemas

Os apaixonados escrevem livros

Os bêbados escrevem panfletos

Os escritores escrevem sobre si mesmos

Ah...

Os lunáticos escrevem por você

Sem saber se em algum universo irão te ter...



Já eu?

Não posso sonhar sem me deliciar com as palavras

Não posso beber sem me lembrar de você

Não posso ver, mas sinto o sentimento sentido pelo porquê

Oh céus!

Talvez mergulhe no mar das ilusões

Esperando o soar dos belos acordeões

Esse de "s"

"S" de Sofia

Sofia de Paulo

Paulo de Sofia

E lá ela ia...

Já eu?

Por enquanto sofria

Teatro

Mais uma máscara foi colocada,
Mais uma tristeza foi disfarçada,
Mais um falso sorriso foi estampado,
Mais um rosto foi costurado!

Por meio de mentiras
artista contam inúmeras histórias
Por meio de verdades
tolos relatam suas poucas glórias!

Máscaras de porcelana racham,
máscaras de vidro quebram,
máscaras faciais nunca se revelam!

Com elas pessoas atuam...
mas tome muito cuidado;
pois algum dia teu rosto será revelado!

CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Morte, não podes chegar a hora que bem entender e levar quem bem quiser,
já usastes a desculpa da doença, da idade, do acidente, que mais faltas inventar ?
E o próximo veraneio, e o almoço do próximo domingo ?
E o plano de parar de fumar ?
Porque acabas a festa sem a ultima dança, sem a ultima musica,
sem a ultima chance ?

CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Agora alguém vai ter de molhar aquelas plantas
vão ter de mexer nas gavetas, nas fotos, nas roupas e em tudo mais.
Tantas coisas que se tinha pra fazer.
Morte, não sei de onde tiras esta idéia.
A troco do que?

CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Porque me jogas contra Deus,
Aviso que não conseguiras
que desperdícios insistes em causar
Saibas que nunca iras tirar as lembranças de quem eu amo.
Morte, não te orgulhes, embora te aches poderosa
tu pra mim já estas MORTA.
Assim mesmo em letras garrafais.

Poema de Alexandre Pessoa - 2019

Gafanhoto.

Irei te dar um tempo,
o que for preciso.

Mas não encontre;
Um lugar melhor que o meu,
um canto melhor que o meu.

se não eu morreria
de tanto pular.

MORFINA


Embora, eu seja maior que todo esse "nada" existencial em mim,
desatino a ficar preso nos mesmos entulhos que o passado me criou.
Nenhuma morfina poderia fazer passar tudo que se criou,
e de certa forma, fui eu, o culpado de toda essa dor.

Deixei de ouvir-te. E sei que sou
mais triste com o teu silêncio.

Preferia pensar que só adormeceste; mas
se encostar ao teu pulso o meu ouvido
não escutarei senão a minha dor.

Deus precisou de ti, bem sei. E
não vejo como censurá-lo
ou perdoar-lhe.

Sinto o que não sentia
Quero o que não queria
Penso no que não podia
Desejo o que não devia

Eu sei

Uma noite. Uma única noite. Será que foi só isso? Talvez para você tenha sido, mas para mim não. Ah... pra mim significou muito mais. Aquela taça de vinho, aquela lua cheia (de vida), aquele olhar que sorria, as palavras que voavam... detalhes assim não saem da minha retina. Ficam cravados.
Eu ainda posso sentir o cheiro, a mão na nuca, sua boca na minha, o gosto de álcool e de desejo. Ainda posso sentir o coração pulsando acelerado, os pelos arrepiados e a cabeça perdida em pensamentos. Eu ainda posso sentir você aqui porque a intensidade de uma noite dura muito mais que doze horas. Foram toques que dançaram ao som de sussurros, beijos que gritaram em liberdade, sorrisos genuínos. Ainda que breve, foi real. E não posso acreditar que tenha sido unilateral. Seus olhos me contaram, seu corpo comprovou, as palavras não mentiram e um sorriso se abriu. Confessa, vai, você também sentiu.
Foi um espetáculo. Não, talvez só um ensaio, mas no palco da sorte. Não gosto de falar em sorte, mas não sou capaz de dizer o que aconteceu ali. Sorte, azar, acaso, destino, loucura... É foi uma loucura, mas não foi só uma noite. E ainda que não se repita, não foi só uma noite. Não foi.

Os naufrágios são belos
sentimo-nos tão vivos entre as ilhas, acreditas?
e temos saudades desse mar
que derruba primeiro no nosso corpo
tudo o que seremos depois

José Tolentino Mendonça
Baldios. Lisboa: Assírio & Alvim, 2010.

Nota: Trecho do poema Murmúrios do mar.

...Mais

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.

Primavera

Todo o amor que nos
prendera
como se fora de cera
se quebrava e desfazia
ai funesta primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

E condenaram-me a tanto
viver comigo meu pranto
viver, viver e sem ti
vivendo sem no entanto
eu me esquecer desse encanto
que nesse dia perdi

Pão duro da solidão
é somente o que nos dão
o que nos dão a comer
que importa que o coração
diga que sim ou que não
se continua a viver

Todo o amor que nos
prendera
se quebrara e desfizera
em pavor se convertia
ninguém fale em primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

Abrace mais e julgue menos.
Somos breves.
Estamos todos cumprindo nossa jornada. Respeite os diferentes modos de viver.
E lembre - se que suas verdades são apenas suas, não são verdades universais.

AMAR

Quando o amor nasce na cerne da gente
É como se estrelas ofuscassem o olhar
Dá uma vontade de dançar de repente
É no universo do ser amado se afogar...

O tempo ganha ares de " para sempre"
O céu se torna mais claro e o dia sereno
Euforia e calmaria são paradoxos presentes
Os medo da vida, num segundo, mais ameno.

Há uma musicalidade constante no ar
As margaridas são ainda mais viçosas
E cores mais azuis ganham as ondas do mar

É como se em vigília se estivesse a sonhar...
Suspiros e risos tomam conta da alma
Tudo pela loucura e a doçura de amar!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados)

ENTREGA

Nada há em mim nada que não te pertença
Todo o meu querer
Todo o meu sofrer
Minhas saudades
Minhas verdades
Minhas loucuras
E minha razão!

Amo te como só os loucos amam
Sem pensar
Sem pesar
Sem culpas
Ou desculpas
Num desejo puro
Que não se corrompe
Que se entrega
Com simplicidade
Na carnalidade
E no sentimento.

E é assim que te pertenço
Não forçosamente
Não sem desejar
...sou o que sou
Quem eu sou
Toda a minha essência
Toda a minha carência
Minhas certezas
E ambivalencias ...

Porque não há nada em mim que não te pertença!
...Minha alegria
Minha apatia
Meu eu
E minha poesia!

Elisa Salles
(Direitos autorais reservados)

SIMBIOSE

Vamos nos misturar.
Nos tornar um
Transladar nossas essências
Numa indecência inocente
Sem pudor, declarar
o nosso amor...

Não há dúvida ou paradoxos
Não há medo, não há dor.
Na saliva e no suor
Há beleza
Há arte
Há poesia
Uma harmonia que preenche o cosmo
Paixão em homogeneidade
Minha pele na tua
Minha nudez nas tuas mãos
Na compleição dos gestos
Na pureza dos complexos
Nos movimentos aleatórios
Simbióticos
Com plexo e sem nexo
Somos o côncavo e o convexo
Somos razão e emoção
No meu
No teu
Coração.