Poemas do Século XIX
É obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?
(in De Profundis)
O mundo está mudado porque você é feito de marfim e ouro. As curvas de seus lábios reescrevem a História.
Las personas más insoportables son los hombres que se creen geniales y las mujeres que se creen irresistibles
Estou convencido de que Deus fez um mundo diferente para cada homem, e de que é nesse mundo, que está dentro de nós mesmos, que devemos tentar viver.
Qualquer um pode ter empatia com o sofrimento de um amigo. É simpatizar com o sucesso dele que exige uma natureza delicada.
Descobrir exatamente o que não aconteceu nem vai acontecer é um privilégio inestimável de todo homem culto e talentoso.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos e fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Neste mundo existem somente duas tragédias. Uma é não conseguir o que se deseja, e a outra é conseguir.
Recomendar à um pobre que economize, é o mesmo que aconselhar um homem que está a morrer de fome a comer menos.
A única diferença entre um santo e um pecador é que todos os santos têm um passado e todos os pecadores têm um futuro.
La rebeldía a los ojos de todo aquel que haya leído algo de historia, es la virtud original del hombre.
A moralidade é simplesmente a atitude que adotamos em relação às pessoas de quem pessoalmente não gostamos.
Para recuperar minha juventude eu faria qualquer coisa no mundo, menos fazer exercício, levantar cedo, ou ser respeitável.
"...Escolho meus amigos pela sua boa aparência, meus colegas pelo bom caráter,
os inimigos pelo bom intelecto...!"
Devo dizer a mim mesmo que eu me arruinei, e que ninguém, grande ou pequeno, pode ser arruinado, exceto por sua própria mão. Estou quase pronto para dizê-lo. Estou tentando dizê-lo, ainda que, no presente momento, talvez não seja o que pensem. Essa cruel acusação eu trago sem piedade contra mim mesmo. Foi terrível o que o mundo fez para mim, mas muito mais terrível foi o que eu fiz a mim mesmo.
[...]
Diverti-me sendo um flâneur, um dândi, um homem da moda. Acerquei-me das naturezas mais baixas e das mentes mais mesquinhas. Tornei-me o dissipador do meu próprio gênio, e trouxe-me uma curiosa alegria desperdiçar uma eterna juventude. Cansado de ficar nas alturas, deliberadamente desci às profundezas, à procura de uma nova sensação. O que me era o paradoxo na esfera do pensamento tornou-se para mim a perversidade na esfera da paixão. O desejo, no fim das contas, era uma doença, ou uma loucura, ou os dois. Cresci sem prestar atenção às vidas dos outros. Sentia prazer no que me agradava, e segui em frente. Esqueci que toda pequena ação do dia comum constrói ou destrói o caráter e que, portanto, o que alguém fez na câmara secreta um dia terá que clamar do alto dos telhados. Deixei de ser senhor de mim mesmo. Deixei de ser o capitão da minha alma, e não sabia. Permiti que o prazer me dominasse. Terminei em terrível desgraça. Só me resta agora uma coisa: a humildade absoluta.
(Na obra "De Profundis")