Poemas do Século XIX
A vida é tão bela que a mesma ideia da morte precisa de vir primeiro a ela, antes de se ver cumprida.
E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me...
A amizade lhe fará esquecer o amor; é mais serena que ele, e talvez menos exposta a perecer.
– [...] Para que queres tu mais alguns instantes de vida? Para devorar e seres devorado depois? Não estás farto do espetáculo e da luta? Conheces de sobejo tudo o que eu te deparei menos torpe ou menos aflitivo: o alvor do dia, a melancolia da tarde, a quietação da noite, os aspectos da Terra, o sono, enfim, o maior benefício das minhas mãos. Que mais queres tu, sublime idiota?
– Viver somente, não te peço mais nada. Quem me pôs no coração este amor da vida, senão tu? e, se eu amo a vida, por que te hás de golpear a ti mesma, matando-me?
– Porque já não preciso de ti. Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem. O minuto que vem é forte, jucundo, supõe trazer em si a eternidade, e traz a morte, e perece como o outro, mas o tempo subsiste. Egoísmo, dizes tu? Sim, egoísmo, não tenho outra lei. Egoísmo, conservação. A onça mata o novilho porque o raciocínio da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro tanto melhor: eis o estatuto universal. Sobe e olha.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
Pergunta-me por que é que uma moça, casada de fresco, pode ter aborrecimentos? Quem lhe disse que eu tinha aborrecimentos? Escrevi que estava aborrecida, é verdade; mas então a gente não pode um momento ou outro deixar de estar alegre?
É verdade que esses momentos meus são compridos, muito compridos. Agora mesmo, se lhe dissesse o que se passa em mim, ficaria admirada. Mas enfim Deus é grande...
Hinho Nacional Brazileiro
Enche o peito brasileiro
Doce luz, almo fervor,
Ante o dia abençoado
Do seu grande Imperador
Das florestas em que habito
Solto um canto varonil:
Em honra e glória de Pedro
O gigante do Brazil.
Em firme trono sentado
O colosso Imperial
Tem por base de grandeza
O coração nacional.
Das florestas em que habito
Solto um canto varonil:
Em honra e glória de Pedro
O gigante do Brazil.
Correm anos, e este dia
Surge na terra da Cruz:
Abre-se a alma do povo
Jorra do Céu nova luz.
Das florestas em que habito
Solto um canto varonil:
Em honra e glória de Pedro
O gigante do Brazil.
Falar de Jose de Alencar da prazer
Ele nasceu em Megisana Ceará Em primeiro de maio de 1829
e faleceu no rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1.877 É
patrono da cadeira 23 Por escolha de Machado de Assis
Acróstico
Iracema o mito
I radia a bravura de raça e Jose de Alencar Eternizou
Raiz da matas onde era guardiã
As palmeiras eram sua irmã seu balsamo
Caçador guerreiro símbolo de mulher
Elemento da mata onde é guardiã
Manteve a força de mulher ate o fim da vida
Amou Martim e não foi feliz, ele guerreiro e estrangeiro
O homem dividido entre o amor e sua patria
Mistura de raças se deu com este amor e nascimento de (Moacir)
Inesperadamente o seu amor volta a terra natal
Teus olhos negros secam de tanto chorar
O menino nasce em meio da dor de Iracema ....
DICÍPULO
Não anelo o alvorecer do cerrado, belo
Quero a inspiração do horizonte divino
Talhando verso, ferino, donzelo e singelo
Que outro, não eu! O faz tão cristalino
Invejo o magarefe, na lida de seu cutelo
Com ele, harmoniza a carne em traço fino
Benino, na retidão e um esmero paralelo
Que reputa, tal o ouvido ao som do violino
Mais que bardo, um eminente extraordinário
Enfeita, desenha, ressona num campanário
A poesia, em alto relevo, em divinal destaque
Por isso, escolto, imito-o, com meu pincel
Meus rabiscos, sobre o branco dum papel
Cingindo honraria, ao maior - Olavo Bilac!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/12/2019 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
IMENSO CÉU SEU
Com ou sem turbulência
O azul daqui de cima
É o imã que prende minha alma
E seus olhares
Brados, pungência...
Algodão celestial
Sobre a imensidão salgada – nu paladar
Doce, no olhar
Traz o que é bom
Ceifa o que é mau
O bem suplanta o sal.
Aroma comestível
Frágil semblante natural
Naturalmente, água e sal
Que do céu ganha um presente
Um azul quase que onipotente
Que traz um sentido - ou vários - real e
Ambivalente
Dualidade do horizonte
Ou horizontes
Retidão do universo sem fim
O azul, o Branco
O mar que morre em mim.
Luciano Calazans. Céu Brasileiro, 02/09/2017
Vamos tentar contar as estrelas que Bilac ouvia,
com este soneto, procuro prestar uma homenagem
ao nosso Príncipe dos Poetas.
Osculos e amplexos,
Marcial
OUVIR ESTRELAS
Olavo Bilac
"Ora direis ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
*************
ESTRELAS AO LUAR
Marcial Salaverry
Em noites enluaradas,
até o brilho das estrelas é maior,
inspirando almas apaixonadas,
para viver o amor melhor...
Não amar, seria o pior,
e com as carícias desejadas,
uma lição que sabemos de cór,
é bom amar em noites estreladas...
Além de amar, vamos estrelas contar,
parafraseando Bilac que as ouvia,
melhor para a paixão controlar...
Contá-las, para melhor o amor viver...
Ao lado da pessoa que amamos,
Contá-las para melhor as saber...
Marcial Salaverry
Entrelaços duplamente eternos
Sob a lua prateada, tão serena e tão casta,
No princípio se eleva a imagem que contrasta.
Por entre estrelas de um azul profundo e frio,
Deus traçava o infinito, seu divino desafio.
O mármore do tempo, tão polido e sem falha,
Ressoava na cidade, na vida que trabalha.
Em ouro e prata, brilham as máquinas de ferro,
Álvaro vê Bilac, no reflexo do espelho.
"Amarás!", dizem versos em rimas bem medidas,
Mas o grito da alma, nas ruas e avenidas,
Se perde na turba, na frenética canção
Da máquina e estrofe, pulsação e coração.
Porque Deus, em seu esplendor e perfeição,
Ofertou ao mundo um Filho, a salvação.
Mas na esquina de Lisboa, em um olhar de contraste,
Campos busca o seu ritmo, antes que sua alma se desgaste.
"Eis que estou!", exclama o poeta, em pulsação,
Na busca pelo eterno, pela exata expressão.
A beleza parnasiana, na técnica e na arte,
Se funde com o grito, rasga a alma, parte a parte.
Na metrópole do ser, onde o sonho e o real colidem,
Bilac e Campos dançam, e suas vozes decidem:
O eterno e o efêmero, juntos, se entrelaçam,
Em versos e máquinas, que o tempo não deslaçam.
Ah! Que saudades de um certo soneto
O qual ontem deixou-me posto em lágrimas
O soneto que com suas últimas rimas
Fez-me querer ter sido mais inquieto
“Por timidez, oque sofrer não pude”
Gasto de toda minha coragem agora
Se não quero que meu amor vá-se embora
Devo fazê-lo ficar, amiúde.
Não desperdiçarei minha juventude
Não sentirei remorso em minha velhice
Mártir do sofrimento e solitude
Mesmo que não o beije por tolice
Mesmo que eu não sofra se tu me iludes
Não vou sofrer pelo que nunca disse.
16.dez, dia de Bilac!
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, ~16 de dezembro de 1865 - 28 de dezembro de 1918~.
hoje, é dia de ouvir estrelas. e foi vigiando as estrelas, depois seguindo-as, que os três Reis Magos foram ao encontro do menino Deus.
o Natal está próximo!
faça um exercício e, nos próximos nove dias, eleja e acompanhe uma 'estrela'. se você tem fé, se você acredita, Ele virá! e, a estrela que você elegeu, será o seu sinal.
A mocidade é uma sublime impaciência. Diante dela, a vida se dilata e parece-lhe que não tem para vivê-la mais do que um instante.
O amor, o verdadeiro amor consiste na possessão mútua de duas almas; e essa, pode o homem iludir-se alguma vez, mas quando se realiza, é indissolúvel. Nada separa duas almas gêmeas que prende o vínculo de sua origem divina.