Poemas do Século XIX
Respondendo ao lindo soneto Velhas Árvores, de Olavo Bilac,
uma comparação das velhas árvores com as pessoas
que vão se deixando ficar velhas...
Velhas árvores / Velhas Pessoas
Olavo Bilac / Marcial Salaverry
Olha essas velhas árvores, mais belas,
Do que as árvores novas, mais amigas,
Tanto mais belas quando mais antigas
Vencedoras da idade e das procelas.
"Para vencer da idade as procelas,
são idéias das mais antigas,
que confidenciamos às pessoas amigas,
que desejam sempre estar mais belas..."
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
"E ouvindo as velhas tagarelas,
sempre entoando as mesmas cantigas,
mais aumentam nossas fadigas,
cansados das vãs palavras delas..."
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem;
"Na realidade, todos envelhecem,
mas sabendo viver, que envelheçamos
com um sorriso, como na nossa mocidade..".
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
"De certos achaques e ataques todos padecem,
mas mesmo cansados, nos ampa...ramos,
contando com a mão de Deus, forte e cheia de bondade..."
A "esperança" é aquela ave que se aferra à alma, canta uma música sem letra e não para nunca.
A Morte é um Diálogo entre
O Espírito e o Pó.
“Dissolva” diz a Morte — O Espírito “Senhora
Tenho uma Ideia melhor” —
A Morte duvida — Impreca desde a Cova —
O Espírito se vira
Só deixando — como prova —
Um Casaco de Argila.
A Morte é um Diálogo entre
A Alma e o Pó.
Diz a Morte ‘Some” — A Alma “Só
Me cabe ser Crente” —
A Morte — sob a Terra — clama.
Vai-se a Alma
Deixando o seu — prova cabal —
Manto de Lama.
Para demonstrar o erro era preciso alguma coisa mais do que arruaças e clamores.
A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira.
Este desejo de capturar o tempo é uma necessidade da alma e dos queixos; mas ao tempo dá Deus habeas corpus.
Quando a gente não pode imitar os grandes homens, imite ao menos as grandes ficções.
Data daí a opinião particular que tenho do canapé. Ele faz aliar a intimidade e o decoro, e mostra a casa toda sem sair da sala. Dois homens sentados nele podem debater o destino de um império, e duas mulheres a graça de um vestido; mas, um homem e uma mulher só por aberração das leis naturais dirão outra coisa que não seja de si mesmos.
Pátria brasileira (esta comparação é melhor) é como se disséssemos manteiga nacional, a qual pode ser excelente, sem impedir que outros façam a sua.
As glórias de empréstimo, se não valem tanto como as de plena propriedade, merecem sempre algumas mostras de simpatia.
Não seria propriamente um efeito da arte, concordo, e sim da natureza; mas que é a natureza senão uma arte anterior?
É difícil marcar o lugar onde para o homem e começa o animal, onde cessa a alma e começa o instinto - onde a paixão se torna ferocidade. É difícil marcar onde deve parar o galope do sangue nas artérias, e a violência da dor no crânio.
— Deus! Crer em Deus! Sim como o grito íntimo o revela nas horas frias do medo — nas horas em que se tirita de susto e que a morte parece roçar úmida por nós! Na jangada do náufrago, no cadafalso, no deserto — sempre banhado do suor frio — do terror e que vem a crença em Deus! — Crer nele como a utopia do bem absoluto, o sol da luz e do amor, muito bem! Mas se entendeis por ele os ídolos que os homens ergueram banhados de sangue, e o fanatismo beija em sua inanimação de mármore de há cinco mil anos! Não credo nele!
Só levo uma saudade – é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
(...)
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Se é verdade que os homens gozadores,
Amigos de no vinho ter consolos,
Foram com Satanás fazer Colônia,
Antes lá que do Céu sofrer os tolos!
Oscar Wilde dizia: “não é difícil encontrar pessoas dispostas a se compadecer de nossas provações, mas são raras aquelas que se alegram, sinceramente, com nossos triunfos. Um amigo assim deve ter uma natureza muito pura”.
E a minha mágoa de hoje é tão intensa que eu penso que a Alegria é uma doença e a Tristeza é minha única saúde.