Poemas do Século XIX
O egoísmo não consiste em viver como cada um de nós acredita que tem de viver, mas exigir aos outros que vivam como nós próprios.
O que havia em você que eu pudesse influenciar? Seu cérebro? Ele era subdesenvolvido. Sua imaginação? Ela estava morta. Seu coração? Ainda não tinha nascido
Uma grande paixão é privilégio de quem não tem nada que fazer. É a única ocupação das classes ociosas de um país.
"Se vc quiser ser bom o mundo não vai levá-lo a sério, se quiser ser mal o mundo não vai acreditar em vc, consiste nisto a espantosa besteira do otimismo".
A personalidade é coisa assaz misteriosa. Nem sempre podemos analisar o homem pelo que faz: às vezes ele observa a lei e, no entanto, não possui valor, outras, infringe-as, e no entanto é grande.
A consciência e a covardia são, na realidade, a mesma coisa. A consciência nada mais é que a firma dessa razão social. E isso é tudo
A desobediência, para quem conhece a história, é a virtude específica do homem. É pela desobediência que ele progrediu - pela desobediência e pela revolta.
Não é a maneira mais certa e verdadeira de livrar-se da tentação? Ceder a ela? Resista, e sua alma adoece ansiando por coisas proibidas. Cada instinto que nos esforçamos por sufocar germina na mente e os envenena. O corpo peca uma vez e supera o pecado, porque a ação é um meio de purificação...
A moralidade moderna consiste em aceitar o modelo da própria época. Considero que uma forma da mais grosseira imoralidade é o facto de qualquer homem de cultura aceitar o modelo da sua época
She wore far too much rouge last night and not quite enough clothes. That is always a sign of despair in a woman.
"Qualquer um pode simpatizar com as penas de um amigo.
Simpatizar com seus êxitos requer uma natureza delicadíssima"
Antes de me dizerem: você tem que mudar, feche meus olhos e me enterre, assim não serei obrigado a ver essa dolorosa mudança.
As Três Irmãs do Poeta
É Noite! as sombras correm nebulosas.
Vão três pálidas virgens silenciosas
Através da procela irrequieta.
Vão três pálidas virgens... vão sombrias
Rindo colar num beijo as bocas frias...
Na fronte cismadora do Poeta:
"Saúde, irmão! Eu sou a Indiferença.
Sou eu quem te sepulta a idéia imensa,
Quem no teu nome a escuridão projeta...
Fui eu que te vesti do meu sudário...
Que vais fazer tão triste e solitário?..."
- "Eu lutarei!" - responde-lhe o Poeta.
"Saúde, meu irmão! Eu sou a Fome.
Sou eu quem o teu negro pão consome...
O teu mísero pão, mísero atleta!
Hoje, amanhã, depois... depois (qu'importa?)
Virei sempre sentar-me à tua porta..."
-"Eu sofrerei"-responde-lhe o Poeta.
"Saúde, meu irmão! Eu sou a Morte.
Suspende em meio o hino augusto e forte.
Marquei-te a fronte, mísero profeta!
Volve ao nada! Não sentes neste enleio
Teu cântico gelar-se no meu seio?!"
-"Eu cantarei no céu" - diz-lhe o Poeta!
Tudo vem me lembrar que tu fugiste,
Tudo que me rodeia de ti fala.
Inda a almofada, em que pousaste a fronte
O teu perfume predileto exala
...
Perdoa-me, Visão dos Meus Amores
Perdoa-me, visão dos meus amores,
Se a ti ergui meus olhos suspirando!…
Se eu pensava num beijo desmaiando
Gozar contigo uma estação de flôres!
De minhas faces os mortais palores,
Minha febre noturna delirando,
Meus ais, meus tristes ais vão revelando
Que peno e morro de amorosas dores…
Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora…
Sem que última esperança me conforte,
Eu – que outrora vivia! – eu sinto agora
Morte no coração, nos olhos morte!