Poemas do Século XIX
Não sei explicar. Quando gosto imenso de uma pessoa, nunca digo a ninguém o seu nome. Seria como que entregar uma parte dela. Habituei-me a manter o segredo.
Parece ser a única coisa que nos pode tornar a vida moderna misteriosa, ou maravilhosa. A coisa mais banal adquire encanto simplesmente quando não revelada. Quando me ausento da cidade, nunca digo aos da casa para onde vou. Perdia todo o prazer, se o fizesse. É um hábito tolo, confesso, mas, de certo modo, traz algum romantismo à nosa vida.
(O Retrato de Dorian Gray)
Com que frequência costuma vê-lo?
- Todos os dias. Não podia sentir-me feliz se não o visse
todos os dias. Ele é-me absolutamente necessário.
(O retrato de Dorian Gray)
Estes são realmente pensamentos
de todo homem em qualquer tempo e lugar,
não são originais meus;
e se não são de vocês tanto quanto meus
não querem dizer nada
ou quase nada.
Felicidade… não noutro lugar, mas neste lugar, não por mais uma hora, mas agora.
- Efetivamente, disseram-me - tornou o conde - que os senhores repetiam sinais que nem sequer compreendiam.
- Decerto, senhor; e eu antes quero isso - disse a rir o homem do telégrafo.
- Por que é que antes quer isso?
- Porque desse modo não tenho responsabilidade. Sou uma máquina, nada mais, e, contanto que funcione, não me pedem outra coisa.
A pior forma de tirania que o mundo sempre viu é a tirania do fraco sobre o forte. Esta é a única forma de tirania que dura.
Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -
Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -
Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!
1157
Alguns Dias dos outros se separaram
Para com distinção adormecer -
O Dia em que um Companheiro chegou
Ou foi forçado a morrer.
You cannot make remembrance grow
When it has lost its Root ―
The tightening of the soil around
And setting it upright
Deceives perhaps the Universe
But not retrieves the Plant ―
Real Memory, like Cedar Feet
Is shod in Adamant ―
Nor can you cut Remembrance down
When it shall once have grown ―
Its Iron Buds will sprout anew
However everthrown ―
A lembrança, ninguém a faz crescer
Quando perdeu a raiz.
Apertar-se em volta a terra,
Mantê-la ereta, talvez
Possa enganar o universo,
Mas não recupera a planta.
A memória verdadeira
É como o cedro ― tem pés
Calçados em diamante.
Nem se pense que adiante
Cortá-la, se já arraigou:
Seus brotos de ferro irrompem
Novamente, se alguém a derrubou.
Demasiada Loucura é o mais divino Juízo -
Para um Olhar criterioso -
Demasiado Juízo - a mais severa Loucura -
É a Maioria que
Nisto, como em Tudo, prevalece -
Consente - e és são -
Objecta - és perigoso de imediato -
E acorrentado -
A "esperança" é aquela pluma que pousa
na alma e canta a canção sem
palavras e nunca para!
Meu nome é Álvares de Azevedo
Trabalho com o conceito.
2º geração romântica é o meu lema.
Poeta e ensaísta brasileiro,
Minhas poesias retratram minhas alegrias,
ultrarromantismo não é ridiculo.
Mergulho fundo em meu mundo interior,
Talvez eu só fale de amor, mais amor por favor.
Meus poemas falam do tédio da minha vida.
A figura da mulher aparece em meus versos,
Ora como um anjo,
Ora como um ser fatal,
Mas nunca deixando de lado o meu ideal.
Em alguns poemas surpreendo o leitor,
Pois além de poeta triste sou um grande sofredor.
Me mostro irônico e com um grande senso de humor...
Tratei minha morte com bastante amor,
Escrevi um poema sobre minha dor,
"Se eu morresse amanhã" minha linda irmã.
Minha mãe de saudades morreria!
E aqui no céu,
Outros poemas esvreveria,
Morri aos 21, com turbeculose
Na cidade do Rio, mas que povo "pobre"!
O mal do século me levou,
E meu coração logo parou.
Fui embora,
Fui para o além
Até logo meus amigos
Quero que fiquem bem.
Componho pra não me decompor
Poeta maldito perito na arte
De Arthur Rimbaud
Garçom, traz outra dose, por favor
Que eu tô
Entre o Machado de Assis e o Xangô
Romance - Arthur Rimbaud (Versão do Livro "Angel", de Iago Silva")
Não somos sérios aos dezessete anos.
- Uma bela noite, cansado de cerveja e limonada,
Cafés barulhentos com suas lâmpadas brilhantes!
Andamos sob as tílias verdes da praça
As tílias cheiram bem nas boas noites de Junho!
Às vezes, o ar é tão fragrante que nós fechamos os olhos.
O vento carregado de sons – a cidade não é longe –
Tem o cheiro de vinhas e cerveja...
- Ali, você só é um pequeno trapo
Azul escuro, emoldurado por um galho,
Alfinetado por uma estrela malvada, que derrete
Em estremecimentos doces, pequena e muito branca...
Noite de Junho! Dezessete anos! – Nós somos dominados por tudo isso.
A seiva é champanhe que sobe à cabeça...
Nós falamos bastante e sentimos um beijo nos lábios
Tremendo ali, como um pequeno inseto...
Nosso coração selvagem vai Robinsonando pelos romances,
- Quando, na luz de uma lâmpada pálida da rua,
Uma menina passa, atraente e charmosa,
Sob a sombra da gola terrível de seu pai...
E à medida que ela te acha incrivelmente ingênuo,
Ao bater suas pequenas botas,
Vira abruptamente e de modo vívido...
- Então, cavatinas morrem em seus lábios...
Você está apaixonado. Ocupado até o mês de Agosto.
Você está apaixonado. – Seus sonetos a fazem rir.
Todos seus amigos somem, você é ridículo.
- Então, uma noite a garota que você venera condescende a lhe escrever...!
- Aquela noite... – você retorna aos cafés claros,
Você pede cerveja e limonada...
- Não somos sérios aos dezessete anos
E quando temos tílias verdes nas praças.
Eu sou o poeta do Corpo
Eu sou o poeta do Corpo
e sou o poeta da alma,
as delícias do céu
estão em mim
e os horrores do inferno
estão em mim
- o primeiro eu enxerto
e amplio ao meu redor,
o segundo eu traduzo
em nova língua.
Eu sou o poeta da mulher
tanto quanto o do homem
e digo que tanta grandeza existe
no ser mulher
quanta no ser homem,
e digo que não há nada maior
do que uma mãe de homens.
Canto o cântico da expansão e orgulho:
já temos tido o bastante
em esquivanças e súplicas,
eu mostro que tamanho
nada mais é do que desenvolvimento.
você já passou os outros,
já chegou a Presidente?
É pouco: até aí hão de chegar
e irão ainda mais longe.
Eu sou aquele que vai com a noite
tenra e crescente,
e invoco a terra e o mar
que a noite leva pela metade.
Aperte mais, noite de peito nu!
Aperte mais, noite nutriz magnética!
Noite dos ventos do sul,
noite das poucas estrelas grandes!
Noite silenciosa que me acena
- alucinada noite nua de verão!
Sorria, ó terra cheia de volúpia,
de hálito frio!
Terra das árvores líquidas e dormentes!
Terra em que o sol se põe longe,
terra dos montes cobertos de névoa!
Terra do vítreo gotejar da lua cheia
apenas tinta de azul!
Terra do brilho e sombrio encontro
nas enchentes do rio!
Terra do cinza límpido das nuvens,
por meu gosto mais claras e brilhantes!
Terra que faz a curva bem distante,
rica terra de macieiras em flor!
Sorria: o seu amante vem chegando!
Pródiga, amor você tem dado a mim:
o que eu dou a você, por tanto, é amor
- indizível e apaixonado amor!
Quero dizer o que eu penso e sinto hoje, com a condição de que talvez amanhã eu vá contradizer tudo.
O ser humano cultuará algo, não tenha dúvidas sobre isso. Podemos pensar que nosso tributo é pago em segredo no recesso escuro de nossos corações, mas ele se revelará. Aquilo que domina nossas imaginações e nossos pensamentos determinará nossa vida e nosso caráter. Portanto, cabe a nós ter cuidado com o que adoramos, pois o que nós estamos venerando nós estamos nos tornando.