Poemas do Século XIX
(...) - Não lhe assustam meus caprichos e eletricidades?
- Se eu os adoro! respondeu Seixas.
- Não lhe parece difícil fazer a felicidade de um coração desabusado como este meu, e tão aflingido pela dúvida?
- Tenho fé no meu amor; Com ele vencerei o impossível.(...)
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Nota: Trecho de "Versos Íntimos": Link
Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.
Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.
Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.
Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz...
A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre, por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente.
Botas...as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar.
Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer.
O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se; basta a simples reflexão.
Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado.
Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies.
O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.
Gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.
O destino, como todos os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho.
Há quem me julgue perdido, porque ando a ouvir estrelas. Só quem ama tem ouvido para ouvi-las e entendê-las.
A pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo.
Flerte é um namoro inofensivo, sem consequências, que não acaba nem na pretoria nem na Casa de Detenção.
O Amor é uma árvore ampla e rica, de frutos de ouro, e de embriaguez; infelizmente frutifica apenas uma vez.
Se, a princípio, nos desencontrarmos, não desanimes.
Se não me achares aqui, procura-me ali;
em algum lugar estarei esperando por ti.