Poemas do Século XIX

Cerca de 1374 poemas do Século XIX

A esperança é uma ave que pousa na alma, canta melodias sem palavras e nunca cessa.

Emily Dickinson
The Poems of Emily Dickinson (1999).

Continua a bater à porta e a alegria que há dentro de ti, acabará por abrir uma janela e espreitar para ver quem é.

Emily Dickinson

Nota: Autoria não confirmada

Não é necessário ser uma câmara para ser assombrado, não precisa ser uma casa. O cérebro tem corredores superando lugar material.

Emily Dickinson
The Poems of Emily Dickinson.

O céu não nos usurpa nada - mesmo aparentes furtos são compensados sutilmente por designos ocultos

Emily Dickinson

Nota: Autoria não confirmada

O fardo do casamento é tão pesado que precisa de dois para carregá-lo - às vezes, três.

São as mulheres que nos inspiram para as grandes coisas que elas próprias nos impedem de realizar.

Por vezes é penoso cumprir o dever, mas nunca é tão penoso como não cumpri-lo.

Todas as mulheres querem ser estimadas e dão bastante menos importância ao fato de serem ou não respeitadas.

Suprimir a distância é aumentar a duração do tempo. A partir de agora, não viveremos mais; viveremos apenas mais depressa.

Não poderá a velhice chegar tão depressa que não tenhamos de fazer meio caminho para ir ao seu encontro? De resto, o que é que nos faz velhos? Não é a idade, são as doenças.

Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona – um triste molambo de mulher, – chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela.
– É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía, neste mundo.
– Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto?

Machado de Assis
Quincas Borba (1891).

Capítulo VIII
Razão contra Sandice

Já o leitor compreendeu que era a Razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair, clamando, e com melhor jus, as palavras de Tartufo:

La maison est à moi, c´est à vous d'en sortir.

Mas é sestro antigo da Sandice criar amor às casas alheias, de modo que, apenas senhora de uma, dificilmente lha farão despejar. É sestro; não se tira daí; há muito que lhe calejou a vergonha. Agora, se advertirmos no imenso número de casas que ocupa, umas de vez, outras durante as suas estações calmosas, concluiremos que esta amável peregrina é o terror dos proprietários. No nosso caso, houve quase um distúrbio à porta do meu cérebro, porque a adventícia não queria entregar a casa, e a dona não cedia da intenção de tomar o que era seu. Afinal, já a Sandice se contentava com um cantinho no sótão.

– Não, senhora, replicou a Razão, estou cansada de lhe ceder sótãos, cansada e experimentada, o que você quer é passar mansamente do sótão à sala de jantar, daí à de visitas e ao resto.

– Está bem, deixe-me ficar algum tempo mais, estou na pista de um mistério...

– Que mistério?

– De dois, emendou a Sandice; o da vida e o da morte; peço-lhe só uns dez minutos.

A Razão pôs-se a rir.

– Hás de ser sempre a mesma coisa... sempre a mesma coisa... sempre a mesma coisa...

E dizendo isto, travou-lhe dos pulsos e arrastou-a para fora; depois entrou e fechou-se. A Sandice ainda gemeu algumas súplicas, grunhiu algumas zangas; mas desenganou-se depressa, deitou a língua de fora, em ar de surriada, e foi andando...

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881).

– Se eu soubera, dizia Soares, que no fim de tão pouco tempo a senhora me faria beber fel e vinagre, não teria prosseguido em uma paixão que foi o meu castigo. Fernanda, muda e distraída, mirava-se de quando em quando em um psyché, corrigindo o penteado ou simplesmente admirando a esquivança desarrazoada de Fernando. Soares insistia no mesmo tom meio sentimental. Afinal, Fernanda respondia desabridamente, exprobrando-lhe o insulto que fazia à sinceridade dos seus protestos.
– Mas esses protestos, disse Soares, é que eu não ouço; é exatamente o que eu peço; jure que eu estou em erro e fico contente. Há uma hora que lho digo.
– Pois sim...
– O quê?
– Está em erro.
– Fernanda, juras-me isso?
– Juro, sim...

Machado de Assis

Nota: Trecho do conto Fernando e Fernanda (1866).

A beleza é um dom externo, que é raramente desprezado, exceto por aqueles a quem ela foi recusada.

O que você é te controla, e ecoa tão alto, que eu não consigo ouvir o que você diz ao contrário.

Ralph Waldo Emerson
Letters and Social Aims

As pessoas querem estar arrumadas na vida; mas só enquanto não o estão é que há alguma esperança para elas.

Apesar de viajarmos o mundo para encontrar a beleza, devemos carregá-la conosco ou nós não a encontraremos.

Os nossos conhecimentos são a reunião do raciocínio e experiência de numerosas mentes.

Disse um dos nossos estadistas: «A maldição deste país são as pessoas eloquentes».

Se um homem se apegar resolutamente aos seus instintos, o mundo acabará por ceder diante dele.