Poemas do Nordeste
Minha luta.
Aqui mesmo que eu nasci
onde a seca cobre a serra
dos momentos que sofri
não perdi a fé na terra
e nessa luta eu aprendi
a chorar... depois sorrir
sem ter medo dessa guerra.
A espera!
A enxada é o instrumento
que auxilia o sertanejo
é quem planta o alimento
quem acalma nosso ensejo
na espera pelo vento
que a chuva sem lamento
vem regar nosso desejo.
Vem chuva.
É sol quente todo dia
a seca está castigando
a planta sem alegria
e a terra se ressecando
a chuva bem que podia
vir aqui de vez em quando.
Eu fico!
Deixar minha terra jamais
pelo pouco que me reste
já estive nas capitais
entre o sul e o sudeste
o desrespeito é demais
e o preconceito fere mais
do que a seca do nordeste.
Destino sertão!
A seca quando arrocha
não nasce nada no chão
o vento parece tocha
devastando a plantação
a terra vira uma rocha
e a tristeza desabrocha
nas entranhas do sertão!
Autor.
O poema é uma sinfonia
escrita por linha reta
quem descreve a poesia
o amor tem como meta
quem lhe furta a autoria
não merece por um dia
ser chamado de poeta.
Rumo!
Sinto o clima sem mudança
o chão rachado no sertão
o sertanejo faz andança
sem rumo e sem direção
e pela seca que avança
só as águas da esperança
ainda irrigam o coração.
Sou matuto.
De matuto tenho jeito
isso vem desde menino
já sofri com preconceito
coisa ruim que recrimino
mas me sinto satisfeito
porque bate nesse peito
o coração de um nordestino!
SOMOS!
Não tem ninguém perfeito
aqui todo mundo é igual
cada qual com seu direito
no sertão ou na capital
embrulhe seu preconceito
que ser pobre não é defeito
defeito é fazer o mal.
A pele pode ser albina
pode ser negra também
ser de origem nordestina
ser do sul... tá tudo bem
parda, branca ou cristalina
não é a cor que determina
as atitudes de ninguém.
SER!
Sou dessa terra, oxente...
aqui vivemos em paz
o florar de cada semente
é a esperança quem traz
o chão é fértil e servente
e a vida boa da gente
a gente mesmo quem faz.
MEU SERTÃO!
Aqui mora meu coração
feliz a cada segundo
de manhã tem plantação
a noite o sono é profundo
todo vizinho é irmão
e eu não deixo meu sertão
por lugar nenhum no mundo.
Nosso povo.
Esse povo é valente
se vê no semblante
mas a terra carente
não deixa que plante
e assim vai pendente
com fome e descrente
no seu governante.
Terra seca.
Que triste ver a manada
se perder na primavera
minha terra tão sagrada
se cansou de tanta espera
a comida é quase nada
mas a fome é uma fera.
POVO FORTE!
Há tempos ninguém investe
na saúde ou no ensino
mesmo que a gente conteste
parece coisa do destino
pior que a seca do nordeste
é o preconceito ao nordestino.
SIMPLES!
A renda é muito pequena
como é tão pequeno o leito
sem chuva a seca é plena
mas a gente dá um jeito
não carece sentir pena
só precisa ter respeito.
UM SÓ DESTINO!
Tem gente que dá rasteira
no amigo ou no parente
tem pessoa que é grosseira
por ser rico ou ter patente
isso é uma grande besteira
porque a vida é passageira
e ninguém fica pra semente.
GENIVAL LACERDA
Partiu hoje sem aviso
Forrozeiro Genival
Céu agora tá em festa
Só a gente ficou mal
Com Sivuca e Gonzagão
Vai ter festa de montão
Até Deus tá de alto astral
CENTRAL DE ARTESANATO
A Central de Artesanato
No centro de Teresina
Tem madeira de ornato
Que encanta e fascina
É cultura vicejada
Na cidade planejada
A terra da cajuína