Poemas de despedida de morte para dedicar a quem partiu

Aprendendo a conhecer os males da natureza, despreza-se a morte; aprendendo a conhecer os males da sociedade, despreza-se a vida.

Portanto, hipocritamente os velhos invocam a morte, / e criticam a velhice e a longa duração da vida: / quando a morte se aproxima, ninguém quer / morrer, a velhice não pesa mais.

A morte não é um mal: porque liberta o homem de todos os males, e ao mesmo tempo que os bens tira-lhe os desejos. A velhice é o pior dos males: porque priva o homem de todos os prazeres, deixando-lhe deles todos os apetites; e traz consigo todas as dores. Não obstante, os homens temem a morte e desejam a velhice.

Não é verdade que a morte é / o pior de todos os males; / é um alívio para os mortais / que estão cansados de sofrer.

Vem morte, tão escondida, / que eu não te sinta chegar, / para que o prazer de morrer / não me dê novamente a vida.

A morte não pode ser pensada, pois é ausência de pensamento. Temos de viver como se fôssemos eternos.

A pálida morte bate com pé igual nos casebres dos pobres / e nos palácios dos ricos.

Aquilo a que chamo fadiga é a velhice, de que a morte constitui o único repouso.

Morte, que mistérios encerras?... Ninguém o sabe... Todos o podem saber... Basta ir ao teu encontro, corajosa, resolutamente, que nenhum mistério existirá já!

Os homens vivem juntos, porém cada um morre sozinho e a morte é a suprema solidão.

Moço continuarei até a morte porque, além dos bens que obtenho com a minha imaginação, nada mais ambiciono.

Quem tem a sorte de nascer personagem vivo, pode rir até da morte. Não morre mais... Quem era Sancho Panza ? Quem era Dom Abbondio ? E, no entanto, vivem eternamente, pois - vivos embriões - tiveram a sorte de encontrar uma matriz fecunda, uma fantasia que soube criá-los e nutri-los, fazê-los viver para a eternidade!

A morte surgia-lhe como uma consagração de que só os mais puros são dignos: muitos homens desfazem-se, poucos morrem.

Ninguém aqui morre só a sua morte; / é um pouco de nós todos que se vai / e naquele que nasce há um pouco de todos nós / que se torna outro.

[Quando foi perguntado se tinha medo da morte]
Da morte, nunca tive medo. O que não quero é ficar aleijado. Disso sim, tenho um medo que me pelo...

Sobre os amantes e os soldados, sobre os homens condenados à morte, sobre todos aqueles que o poder cósmico da vida preenche, o poder do destino desce por vezes imprevisto numa súbita iluminação que será a sua graça e o seu fardo.

A moda é uma variante oblíqua de se lutar contra a morte. Ora na velhice tal luta é mais problemática. E é por isso que no velho a moda é mais ridícula.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, 1992

Epitáfio é uma inscrição num túmulo que mostra que as virtudes adquiridas pela morte têm efeito retroativo.

O difícil é a moral estática, é mais fácil preparar os homens para a morte que ajudá-los a viver o dia a dia.

Na juventude, pensamos na morte sem a esperar; na velhice, esperamo-la sem nela pensar.