Poemas de William Blake
Há um Sorriso que é de Amor
E há um Sorriso de Maldade,
E há um Sorriso de Sorrisos
Onde os dois Sorrisos têm parte.
E há uma Careta de Ódio
E há uma Careta de Desdém
E há uma Careta de Caretas
Que te esforças em vão pra esquecê-la bem
Pois ela fere o Coração no Cerne
E finca fundo na espinha Dorsal
E não um Sorriso que nunca tenha sido Sorrido
Mas só um Sorriso solitário
Que entre o Berço e o Túmulo
Somente uma vez se Sorri assim
Mas quando é Sorrido uma vez
Todas a Tristeza tem seu fim
Estava zangado com meu amigo;
Disse-lhe minha ira, minha ira acabou.
Estava zangado com meu inimigo;
Não lhe disse minha ira, ela aumentou.
Aqueles que reprimem o desejo assim o fazem porque o seu desejo é fraco o suficiente para ser reprimido.
O homem não tem um corpo separado da alma. Aquilo que chamamos de corpo é a parte da alma que se distingue pelos seus cinco sentidos.
Veja o mundo num grão de areia, veja o céu em um campo florido, guarde o infinito na palma da mão e a eternidade em uma hora de vida!
Não revele aos amigos os seus segredos, porque você não sabe se algum se tornará seu inimigo. Não cause ao seu inimigo todo o mal que lhe possa fazer, porque você não sabe se ele se tornará um dia seu amigo.
William Blake escreveu:
“Há coisas que são conhecidas
E coisas que são desconhecidas
E entre elas, há portas.”
O amor não busca agradar a si mesmo,
nem destina qualquer cuidado a si próprio,
mas se dá facilmente ao outro e
constrói um Paraíso no desespero do Inferno.
Tigre, tigre que flamejas
Nas florestas da noite.
Que mão que olho imortal
Se atreveu a plasmar tua terrível simetria?
O Tigre
Tigre! Tigre! Brilho, brasa
Que a furna noturna abrasa,
Que olho ou mão armaria
Tua feroz simetria?
Em que céu se foi forjar
O fogo do teu olhar?
Em que asas veio a chama?
Que mão colheu esta flama?
Que força fez retorcer
Em nervos todo o teu ser?
E o som do teu coração
De aço, que cor, que ação?
Teu cérebro, quem o malha?
Que martelo? Que fornalha
O moldou? Que mão, que garra
Seu terror mortal amarra?
Quando as lanças das estrelas
Cortaram os céus, ao vê-las,
Quem as fez sorriu talvez?
Quem fez a ovelha te fez?
Tigre! Tigre! Brilho, brasa
Que a furna noturna abrasa,
Que olho ou mão armaria
Tua feroz simetria?
Augúrios de inocência
Ver um mundo num grão de areia,
E um céu numa flor do campo,
Capturar o infinito na palma da mão
E a eternidade numa hora
Um tordo rubro engaiolado
deixa o céu inteiro irado
Um cão com dono e esfaimado
prediz a ruína do estado
Ao grito da lebre caçada
da mente, uma fibra é arrancada
Ferida na asa a cotovia,
um querubim, seu canto silencia....
....Toda noite e toda manhã linda,
uns nascem para o doce gozo ainda
outros nascem numa noite infinda
Passamos na mentira a acreditar
qdo não vemos através do olhar
que uma noite nos traz e outra deduz,
quando a alma dorme mergulhada em luz
Deus aparece e Deus é luz amada
para aqueles que na noite têm morada
E na forma humana se anuncia,
para aqueles que vivem nas regiões do dia.
Como o ar para o pássaro, ou,
o mar para o peixe, assim,
o desprezo para o desprezável.
Em toda a revolta do homem que chora,
na criança que grita o pavor que sente,
em todas as vozes na proibição da hora,
escuto o som das algemas da mente.
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