Poemas de Voltaire

Cerca de 181 poemas de Voltaire

⁠E a noite, a Lua, virou o Sol, o dia.

Neste instante, o poeta, o guardião, varou a porta dourada e travessou o selo que separa o antes e o depois, o que era inconsciente do que era consciente, juntando tudo no agora. E a melodia do Destino soou para resgatar as almas que não existiam e fazer valer o amor esquecido. Somos senhores do mundo, mas quando criamos os seres, deixamos de ser nós.

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Eu sou um viajante do tempo

Uma criança solitária tem muito tempo de se investigar e muito medo da sua condição. Como eu estaria daqui a cinco anos, daqui a cinquenta anos? Provavelmente, como eu via os meus colegas de colégio, seria forte e inteligente, saberia resolver os problemas e não teria medo. Resolvi, então, me imaginar com nove anos pensando em mim, agora, com quinze anos. O novo e o velho se contemplando. Descobri que eu não era tão fraco ou burro assim e que não seria tão especial como gostaria. O tempo foi passando e eu me conectava muitas vezes comigo mesmo. Agora mesmo posso conversar com a hora da minha morte e até depois, dependendo da minha imaginação. Será que eu realmente mudei? O medo que me impeliu para frente aos nove anos não sumiu, e não será ele algo realmente positivo? Um anseio que é um motor da vida.⁠

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⁠Pornografia feminina

Na mansão dos Orkstip vive a loura, humilde e sonhadora Candice, a copeira, que nutre uma paixão secreta pelo herdeiro da fortuna da família, dona de uma companhia petrolífera, Jack Orkstrip. O despreocupado rapaz nem desconfia dos sentimentos de Candice e vive uma vida de luxo e futilidade. Já a sua noiva Valery Housborn morre de ódio de qualquer rival e vê na extrema beleza da empregada um perigo concreto.

Inserida por IrmosVoltaire


Observar e sentir

Eu sou louco, confio em mim
Não uso um marcador às páginas
E o meu relógio parou
Os sinos da igreja me chamam mas eu já a conheço inteira
Os seus traços e o seu canto
Caminho por sobre Deus e engulo a sua veste: pitangas!
Vivi muitos anos tentando entender, e entendi:
Não há nada a entender.

Inserida por IrmosVoltaire

⁠O conto do nada

O poeta se dedicava a contar histórias, contar para si mesmo. Histórias sobre coisas que não existiam, que ele inventava na hora. É fantástico, criar o mundo como quem joga xadrez consigo próprio. As histórias são piadas alegres ou tristes, grosseiramente desenhadas. Histórias de espionagem, cheias de riscos e suspense. Todas têm brilho, para satisfazerem o bom contista. Na minha história ninguém morre, os mortos ressuscitam e o final é feliz. Não há chefes, nem ninguém superior ou inferior, nem existe começo ou fim, porque a liberdade o exige.
O personagem sofre com tentações e obstáculos na sua corrida para casa a fim de escrever a história, antes que ela desapareça da sua mente.

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Um pouco de inteligência

Me chamam de idiota. Se com isso querem dizer que eu tenho pouca inteligência, têm toda a razão. A inteligência que eu tenho são uns poucos truques que aprendi agora. É por isso que eu sempre improviso. Improvisar é dar uma resposta sem usar o conhecimento ou o acúmulo de experiências. É responder à Inteligência. É pular num abismo sem paraquedas ou quaisquer garantias.

Inserida por IrmosVoltaire

⁠Escuridão

Se este mundo já existiu a algum dia, agora não existe mais nada. Pelas ruas cheias de poeira e detritos, abandonadas, vagam os espectros, no seu eterno ir e vir, carregando os seus acessórios imaginários, a sua personalidade, agora inútil. As árvores me fitam na escuridão com os seus olhinhos de musgo. Vou caminhando entre os fantasmas, sem saber se estou morto também, se não sou mais uma sombra que procura permanecer quando a muito não temos luz. Por que a Terra desapareceu e deixou esse gemido que ecoa ainda, ainda? Por que eu dormi e deixei que a vida fosse embora, mesmo antes de estar desperto e nada aproveitei do vinho da felicidade? Por que eu morri na praia, e por que lamentar?
A eternidade já passou e nós nem notamos!

Inserida por IrmosVoltaire

⁠Vertigem

As nuvens constroem castelos pelo céu,
arquitetura de água imponderável.
O amor pelas nuvens cria em nós a antigravidade.

Inserida por IrmosVoltaire

⁠Cabelos do rosto

Eu estou numa luta com a barba há anos. Ela cresce, eu corto. Ela se emaranha, eu penteio. Ela fede, eu lavo. Ela me considera um apêndice e eu acho que tem razão: me recobre a cara, controla o que entra e o que sai e ainda me coloca no meu lugar, aqui, atrás dela.

Inserida por IrmosVoltaire

⁠Se estás à procura de um gato preto, numa quarto escuro, sem mesmo saber se ele lá está. Aguarde com paciência curiosa, digna da boa Ciência, a evidência. Se lá, o gato estiver, ele há de miar. Ele há de miar, ou não. Importante é que ideias por ali circulam.

Quando um boi entra em um palácio, não se torna um rei, mas o palácio se transforma em um celeiro.

Não estar ocupado e não existir representam a mesma coisa. Todas as pessoas são boas, exceto as ociosas. Cada um deve dar a si mesmo todo o trabalho que possa para tornar a vida suportável neste mundo. Quanto mais avanço em idade, mais sinto a necessidade do trabalho. Ele se torna pouco a pouco o maior dos prazeres e substitui as ilusões da vida".
/ Voltaire, citado por Will Durant /

⁠"A superstição deixa o mundo inteiro em chamas, a filosofia as extingue"

⁠Chamamos loucura a essa doença dos órgãos do cérebro que impede um homem de pensar e de agir como os outros. Não podendo gerir seus bens, é interdito; não podendo ter ideias de acordo com a sociedade, é excluído; se for nocivo, é enclausurado; se for furioso, trancafiam-no.

Voltaire
Dicionário filosófico (1764).

⁠Em suma, Sir, estou convencido de que tudo: astronomia, astrologia, metempsicose, etc. – vêm a nós das margens do Ganges.

Voltaire
Obras completas de Voltaire (1817).

Vá à Bolsa de Valores de Londres … e você verá que os representantes de todas as nações se reúnem ali para tratar dos seus interesses. Ali, judeus, muçulmanos e cristãos lidam uns com os outros como se fossem todos da mesma fé – e aplicam a palavra infiel apenas a indivíduos que vão à falência. Lá, o presbiteriano confia no anabatista e o Anglicano aceita uma promessa do Quaker. Ao deixar essas reuniões livres e pacíficas, uns vão para a sinagoga, outros para as igrejas ou mesquitas, além daqueles que preferirão uma boa bebida, …, mas todo mundo está feliz.

Vi tantas coisas extraordinárias, que para mim não há mais nada de extraordinário.

Voltaire
Cândido, ou o otimismo (1759).

A vida está densamente semeada de espinhos, e não conheço outro remédio senão passar rapidamente por eles.

Voltaire
CHANDON, Louis Mayeul. Mémoires Pour Servir à L’Histoire de M. de Voltaire (1785).

Nota: Apesar de ter feito a metáfora com os espinhos certa vez, o pensamento não se encontra nos escritos de Voltaire. Ele foi atribuído ao filósofo pelo biógrafo francês Louis Mayeul Chandon.

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Aquele que te convence a acreditar em absurdos tem o poder de fazer você cometer injustiças.

Voltaire
Collection des Lettres sur les Miracles (1765).

Nota: Muitos pensamentos semelhantes atribuídos a Voltaire tem o final diferente (com atrocidades, em vez de injustiças).

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Papa: uma pessoa santa a qual é necessário beijar os pés e, algumas vezes, atar as mãos.

Inserida por AdagioseAforismos