Poemas de Vida Soneto
LAÇOS
Tantos sentimentos me perseguem...
E nesta vida em que eu vou passando
Céus inteiros me clareiam, quando
Todos os de bom amor me seguem...
Com a voz do infinito eu vou cantando
As melodias dos que não temem,
Dos que, nos louvores, prevalecem
Nos maus das noites dispersando...
Eu anseio qual se afia prudentemente,
O que não se firma em mau intento,
Que não se deixa amar secretamente.
Pois que os sentimentos nesse mundo,
Não inquire tudo o que se vai vendo...
Mas anseia o coração, que é profundo!
AFETO
O tenho porque a vida me deu, portanto,
Para mantê-lo altivo e forte
Sem que o tenha de repente à morte,
O complemento de essência um espanto!
Sempre o mantendo de perfume infanto!
Sempre o ouvindo de inteira sorte!
Que morrer não fosse nunca a norte
Cantando... e sorrindo... chorando e tanto.
Ao sol alto e de infinito o ando viver...
De sorrisos largos, complexo, equivalente;
Que o tenho a propósito de encontrar...
Que no mesmo recesso e ao mesmo querer
O sobressalto, portanto, a toda gente,
Que o amor nos seja a vida, o som, o ar...
SUBSTÂNCIA FLUIDA
Eu só queria ser o que nunca fui;
Vida, som, ar... não sei o quê.
Queria ser a tua fragrância que dilui...
E, nos ares do amor, amar você!
Eu só queria ser o que inteiro flui...
Na alma, brotar o que não vê.
Queria ser o teu amor que não deflui
E dentro de mim, o teu por quê!
Queria ser a tua substância fluida,
Jazer em tua alma numa outra vida
E ser inteiramente o teu querer...
Mas se me ponho em outras esferas,
Neste presente que são as tuas eras
Cairia no abandono o meu ser...
PAGÃO
A vida segue-me andando
Sem que o destino possa-me compor...
Qual sol? Qual luar? Ando
Sem saber onde encontrar o amor...
Qual chorar? Qual mágoa? Pecando
As sombras desse caminho... Nem dor
A mimh’alma desdenhando
Possa-me servir qualquer vigor...
Lágrimas encontram-me à cadência...
Qual sofrer? S’em nada pensa
A esse falsando que ninguém viu...
A essa vida, eu respondo:
Vai andando... e cantando... compondo
A encontrar quem lhe sorriu!...
O MEU ÓDIO
A minha vida é d’uma saudade imensa...
Daquele que em mim pouco sente,
Num profundo notar, de toda a gente,
Daquele que vagueia e nada pensa...
Ando a desventura do que me intensa...
Ao meu falsado, sem que a frente
Eu consiga enxergar o que há contente
Nesta altiva agonia que me extensa...
Olhando por este mundo toda desgraça,
Do sentir que eu sinto, só por graça,
É o viver deste anseio dentro de mim...
E por este sentimento, por esta vida,
Do amor é o meu ódio, é a lida,
Que de saudade eu vivo sem ter um fim...
O CAMINHO
Eu vou andando assim, sem rumo...
Procurando-me se manter na vida...
Não vejo elevação, apenas vejo descida
Neste caminho tortuoso e sem prumo...
Mas a fumaça do cigarro que fumo...
Deixa pra trás os rastros da estrada cedida,
Mostrando-me que não haverá subida
Se matar em mim a fé que não assumo!
Um caminho é traçado a cada ser vivente!
Seja árduo, simples ou que seja figurado,
Não cabe, a mim, ser um tanto coerente...
Eu só quero agora um tabaco desfilado
Para voltar pela estrada entre tanta gente,
Quem sabe vejo, o caminho a ser traçado...
RESPOSTA
Nos meus dias de tristeza, nesta esfera,
Neste globo santo de vida e de morte,
Pareço-me uma praga vinda do norte,
Qual uma folha seca que o frio dilacera...
Uma alma bendita, mas posto numa era
Em que nos dias todo sofre tão forte,
E que vive a buscar as mantas da sorte
Do Deus que te veste, e voltar te espera!
Estão longe de mim às frases benditas,
As que aos meus olhos são infinitas...
As que no meu coração só rogam amor!
As minhas noites são frias, são mortas...
Será que a mim Deus fechou as portas?
“Espero-te, meu filho”, respondeu o Senhor.
MURMÚRIO
Ao fim da minha vida, quem sabe
Quando frio estiver e profundo...
Sob a terra bendita deste mundo
Todo o calor do meu corpo acabe!
Vivem a vaguear as almas, em segredo
Sussurram-me as frases belas e frias
No ar gélido das tuas vozes, nos dias
Em que o meu sentimento é o medo!
Vagando ao igual penar nas tuas eras,
Sinto-me um ser dormente à espera
Das noites santificadas em um além...
Quem sabe quando chegar o meu fim,
Quando as rosas caírem sobre mim,
Aos ouvidos eu possa esquentar alguém!
ÚLTIMO PRANTO
Acaso torto! Hás d’eu, portanto, cumprir
Por esta vida de prantos e de amor:
Existência qual foi traçado o meu porvir,
E glória, qual me foi vista ao esplendor...
O firmamento, que me figura em exaurir
A maldição, o engano sedutor
Que me avaria, em promessas, induzir
A alma em displicência ao meu fulgor...
O qual me invoca em ilusão ao pecado,
Que sem razão, me complexa ao mundo,
Que sem esperança me intui elevado...
E consumado eu me vejo ao sol disposto,
A vencer todo chão de ardor profundo,
Que de triunfos, eu me vejo sorrir o rosto...
ORIGEM-SANTA
Sol altivo e quente. Bondade invulgar,
Imensidão de promessas, vida-além:
O anjo da luz, no primeiro luminar,
Em que habita ao mundo... — O harém!
Esperança e conforto. O amor e o luar:
Idólatras que dispersam o mal, o vivem
Aos jardins de sorriso, o despertar
Dos sepulcros dos sonhos... Amém!
...Que desejos fossem de astro-claridade,
Do mar azul a pureza e a verdade,
Ao sol o dispersar da ilusão e do medo!
Sangue e paixão: amplitude e afeto,
Que ensinaste ao coração o homem-reto;
O fulgor da eternidade... — O segredo!
INSANIDADE
Por que de vida estranha pôde o amor?
Que sentimento corrompe e engana
Em gume desejado, sem que o fosse dor
Numa vida ardente e de alma insana?
Por que de vida alheia a paixão profana?
Quais eloquentes vozes de condor
Ao brado de anseios duma alma humana
Pôde o coração sem que a fosse ardor?
Antes inspirados em desejos poucos
Os meus lábios ávidos e inconsequentes,
Que fosse a sofrer eu em sonhos loucos...
Móvel no qual me ponho a dormir
Sentindo os castigos das cobiças quentes,
E que nada de insano fosse a eu devir!
Lembranças de amizades curiosas
É neste humilde verso que as resgato;
É como a fonte que dá vida às rosas
Adormecidas pelo tempo ingrato.
Situações inocentes, carinhosas,
Da nossa infância no momento exato.
Imagens da lagoa, bichos, prosas...
Na memória, belíssimo retrato.
Relembro cada lance motivado
Pela saudade, no contexto puro
Da emoção e constante aprendizado.
Dez anos passam em segundos, juro.
Nossas cartas escritas no passado,
Nossas vidas, distantes no futuro.
ANJO DA MINHA VIDA
Vai, me diz o que faço ou deixo de fazer...
Sem saída já estou, tão preso ao teu amor,
Não consigo mais caminhar, só sentir dor
No meu coração, que a si se quer perecer...
Minha vida não terá mais extensão sem ter
A paixão que tanto desejo, pra poder amar...
O teu corpo quente, tuas carícias, teu olhar,
Os teus beijos ardentes, de profundo prazer!
Sem ti não serei mais nada, está em mim
Todo o seu sentimento, tão forte assim,
O fogo, o vigor, a loucura, sem calma...
Que me faz doer, todo o ser, oh, dor sem fim!
Meu anjo, minha donzela, meu querubim,
A ti pertence o meu amor e a minha alma!
UM FIO APENAS...
Há um fino fio a segurar o amor de minha vida...
Tão tênue quanto o amanhã _ Anseia e apavora
Nada ampara. Nada jura. É emaranhar de dúvida
E meu Deus, este "talvez" consome e devora!
E apesar desta perplexidade, vive,fiel a si mesmo
Alheio à indiferença constante, má e impiedosa
Num acalento de doçuras, ao vento e a esmo...
Sentimento que sangra ao espinho.Cuida a rosa.
É insubmisso. Acalenta, só, toda a larga devoção
Enquanto voam gaivotas sobre um mar de sonhos
Tortura a alma. Desejos da voz, do toque_ Canção!
E os dias, voam loucos de encontro à cousa alguma
Tempestades de saudades arrastam todos os risos
Um fio de seda à sustentar,só, um mundo de ternura.
Elisa Salles
( Direitos autorais reservados)
Ao meu grande amor.
Na penumbra da noite és o luar,
Que ilumina as trevas da minha vida,
Onde teu doce e ternurento olhar
Renova minha esperança perdida.
Sinto a pureza do teu grande amor,
Sem laivos de interesse ou ingratidão.
Pois em ti há um intenso calor
Nos deliciosos beijos de paixão.
Temos longo percurso para viver,
Cheio de diferenças e incertezas
Que podem causar algumas tristezas
Relevadas na grandeza do ser
Onde palavras de sabedoria
Por ti serão ditas, minha Sofia.
QUESITO
Ao ver-te, saudade, na dor em glória
Altiva, tristonha, dando à vida pesar
Eu lacrimejei todo o meu festo olhar
... também sou parte nesta memória
Engasgada e atada toda essa estória
Tão frios breus, guardado a me sugar
Quem sabe donde saltar desse lugar
Se já ido cada tom, cada dedicatória
Agora sós, e a vaguear por lembrança
Ao léu, somos passados sem o porvir
Trovados na ilusão sem ter esperança
Então, fico detido sempre a refulgir
O olhar, a nossa promessa, a aliança
Por que então tivemos que partir?
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/maio/2021, 13’34” – Araguari, MG
A união
Nos percalços que a vida tropeça
Queria eu recolher os obstáculos
Juntar somente os bons cálculos
Fazer matemática à boa sentença!
Contudo, minha ingênua vontade,
Não podereis pintar tudo de flores
Choraria eu os momentos de dores
Mas, posto ao centro pilastra forte,
Intercedestes, sobre mim o Pai eterno
Ensinando-me ver em tudo a gratidão
Pois, á vida pousa o verbo do destino!
Abraço, então, a vida, como uma lição
Porque não nos cabe viver em desatino
Deveis viver na paz, no amor e na união!
O quebra - cabeça
Certa vez veio - me a seguinte ideia:
- Nossa vida é um quebra-cabeça!
Quem não sabe jogar, fica na platéia,
Fica a ver, que o outro o jogo vença!
No jogo vence quem sabe encaixar
Cada peça no seu devido lugar!
Na vida vence quem sabe lutar,
Ama a própria vida sem se queixar!
Se o objetivo é sempre uma meta,
O sonho consiste em se realizar
E o quebra-cabeça é a descoberta!
Á quem a própria vida sabe decifrar,
Criar estratégia na própria conduta,
De repente, aprende sozinho a jogar!
Rorejo
Ao nuance mais belo da vida,
Há sempre lindo amanhecer!
Pétalas, folhas no rorejo flora
No espetáculo do bem viver!
Porque somos parte de tudo
Entre porções da existência;
Também um pouco do nada,
Entre razões do ego absurdo!
Preencha-se e continuemos,
Vamos juntos, seguir o rumo
Neste universo onde vivemos!
Que seja tudo o bom proveito
Para a vida de bem e aprumo,
Não para o mal e o desgosto!
Salvar os vivos
Os teus olhos têm um pouco
de morte e um pouco de vida,
um pouco de deserto e de jardim,
você nasceu perfeito para mim.
Para uns olhar para trás tem sido
mais crível do que salvar os vivos
estarei pronta ser o tal castigo
contra a tal macabra convenção.
O enamoramento com a coerência,
a paciência e a placidez fará com
que o oportunismo perca a validez.
Toco a cítara do tempo sob o poder
da razão tudo o quê há de trazer
a paz para cada coração se refazer.