Poemas de um Solitário

Cerca de 1446 poemas de um Solitário

⁠O homem solitário vive uma felicidade
construida pela sua imaginação ⁠que
funciona como mecanismo de defesa
com o propósito de mostrar o quanto
ele é infeliz.

Inserida por joseni_caminha

Soneto nostálgico

Solitário passei a falar com a solidão
A lua passou a me ver amanhecer
E o brilho do sol a me ver anoitecer
Então o repesar instalou no coração

Via a noite, as estrela e a escuridão
Na comitiva o ontem, hoje o porvir
Tentando comigo alvos para sentir
E nos cochichos nenhuma questão

As lágrimas não mais querem falar
Para que chorar, naquele momento
O vazio é quem veio em mim poetar

E neste total silêncio do pensamento
A viga do tempo e que veio escorar
A saudade, pois o fado é seguimento

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

Sozinho sim, solitário não

Ausência no amor
Escassez no sentir
Verso pleno de dor
Exiguidade no sorrir
Pouquidade no olhar
Privação no coração
Falta no se doar
Sozinho sim, solitário não
Essências outras têm o gostar
E abundante é a emoção...

Inserida por LucianoSpagnol

Teoria de amor

Na noite solitário já chorei
Naquela música emocionei
O tom de tua voz lembrei
E vi que assim me apaixonei
Na solidão já fui peão
Da dor eu fui escravidão
Do sorriso apenas irmão
E vi que das falas fiz canção
No medo eu já me perdi
Por um alguém eu já sofri
Tal ligação eu não atendi
E vi que muito tinha por vir
Nas juras prometi eternidade
Me encontrei em falsidade
Dos beijos eu tive saudade
E vi que muito era brevidade
No vasto e pouco eu tentei
Alguns momentos eu odiei
Outros fui magoado e magoei
Amei, fui amado, e não amei...

Inserida por LucianoSpagnol

Passo a passo

Eu vim passo a passo errando
Parei no cerrado, hoje solitário
Chão árido, místico templário
Me vi na sorte contemplando

Então pus asas no imaginário
Em vagidos ocos, murmurando
E como peregrino venerando
Em silêncio, orei neste sacrário

E assim o meu poetar ficou perdido
Entre sonhos aos sons estradivário
Devaneando em suspiros indefinido

Já fiz o que vim fazer, involuntário
Fui nobre reverência e saio provido
A alma cheia de um amor solidário

Luciano Spagnol
Maio, 24 de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADE SEM DESCULPA

Tão igual quanto saudosar alguém
é sentir-se solitário acompanhado
estar rodeado e na alma isolado
ter do lado lembranças sem ir além

A saudade só importa se ela provém
dum amor contente do ser amado
retribuído no mesmo quilate doado
aquele que fala a influência do bem

Mas se o morno é a têmpera e peso
a dor da ausência um simples acaso
e os lamentos ruídos sem real culpa

Com certeza o coração não está aceso
o olhar vai se encontrar no tal descaso
e a saudade no sentir falta, é desculpa

Luciano Spagnol
24/06/2016, 14'14"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA SOLIDÃO

Eu estou completamente solitário
Passa o dia, vem a noite, agonia
A tarde entristece, cinzenta e fria
E eu aqui no cerrado, destinatário

O por do sol, de belo, virou nostalgia
Numa clausura da saudade... Unário
Eu, vejo o tempo não mais temporário
Tal folha de outono sem a autonomia

Nesta sequidão aumenta o itinerário
Do místico e algoz retiro em infantaria
Avançando firme, sendo um breviário

A solidão na vida, tornou-se relicário
Onde o tempo ora neste árido sacrário
Em cadência nas contas da melancolia

Luciano Spagnol
30/06/2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

No dia em que sozinho, sinto solidão
o meu poetar só, poeta solitário
um novo poema saído do porão
da alma, num ermo cenário
da imaginação em evazão.
Então, debruçado no vazio temerária
da concepção,
a retraída inspiração, versa unitário...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CLAUSTRO

No silêncio do claustro solitário
Do vazio acerado desta morada
Numa vastidão da noite calada
Sombria aflição urde o cenário

Nele vagueio, e levo vergastada
Da tristura, desfiada num rosário
De lágrimas, sem um destinatário
Em cinzas de uma época passada

Na cíclica ladainha do fado vário
Aí, rezada em oração desfilada
Os ás da solidão do proprietário

E pelo claustro, a lacuna é criada
Em saudades, ausente no sacrário
Silenciado em uma muda fachada

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CANTO (soneto)

Na janela pro cerrado, solitário
O apressurado vento na fresta
Amigo de exílio, o meu cenário
Sibila, e teu sibilo me molesta

E, lá no ipê, alto, canta o canário
Ouvindo o canto de sua seresta
A saudade crê, no extraordinário
A alegria, no som, a alma atesta

Mas, poucos ouvem o meu dia
Calado e frio, numa poesia fria
Ajuntando o meu aflitivo pranto

E neste choro, um choro estridente
Que me faz chorar tão incontinente
Muitos pensaram que é meu canto

Luciano Spagnol
2016, novembro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

QUIMERAS DOLOROSAS (soneto)

Estou solitário no cerrado sem cores
Nas lembranças tristuras guardadas
No peito vis nostalgias desmaiadas
De sortes desfolhadas e sem flores

As tardes de mesmices requentadas
Que a solidão arrefece aos arredores
Enquanto vão esgarçando as dores
Perdidas saudades hão em toadas

Quantos gemidos, quantos valores
Por estarem dolorosas nas ciladas
Largam as quimeras nos bastidores

E nas presunções alheias, estacadas
Que fazem da condição só temores...
Me vou arrastando entre vergastadas!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

APENAS POETA

O silêncio cai solitário neste coração amante
São ruídos que aram a alma profundamente
Dos sonhos que terminaram secretamente
Derrubando castelos e até mesmo o instante

Não há remissão e tão pouco dor clemente
Somente o vazio em um rodopiar constante
Soluçaste por estar tão só, e tão arrogante
Sentado à beira do caminho, ali pendente

As quimeras terminaram, não mais sonante
Não há sentinelas, nem armas, só vertente
Da realidade eu não soube ser um vigilante

A sensibilidade alanceou, agora no poente
Sou apenas poeta, na poesia um imigrante
Já amor! Ah, este, meu eterno confidente!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DESAFIO (soneto)

O meu fadário é devanear solitário
Ter o cerrado a desfolhar no olhar
Sonhar acordado e no mesmo luar
Ficando no tempo, noutro cenário

Onde a solidão nunca sabe esperar
Eu só tenho a saudade num sacrário
Anexo ao coração num pulsar diário
E lágrimas em um soluço sem parar

Oh, uivo árido, trove tal um canário
Os meus versos, e a ela vai revelar
Cada vazio aqui falante e tão vário

Por favor, acaso, pare de me tragar
Faça-me nos beijos dela um erário
E novamente no teu amor eu amar

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Atibaçus voando
em bando ao encontro
do Atibaçu cantando
solitário na mata,
O tempo está mudando,
o mundo girando
e eu atenta ando...

Inserida por anna_flavia_schmitt

⁠Peixe ferido
de água salgada
solitário na rede,
Muitas vezes
se parece com a gente
quando na vida
tudo acaba nem
mesmo em poesia.

Inserida por anna_flavia_schmitt

O solitário,
pasmo da descoberta
conduziu-se de poeta
e, tentou salvar
a sua solidão.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
10/06/2019
Cerrado goiano
Paráfrase Sérgio Santal

Inserida por LucianoSpagnol

Pequizeiro no caminho

Há um pequizeiro ali
No cerrado, solitário
Onde canta a Juriti,
Num doce cenário...

Onde o vento, venta bom
Onde o tempo tem razão
E o coração cala no tom,
No horizonte do sertão...

Cá tudo é calma, espera
Quem testa, a alma adoça
O gosto é de quimera,
E o povo, gente da roça...

Na poesia, agridoce canção
Deste seco chão, de cheiro
De primavera, de inspiração,
No caminho, há um pequizeiro...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

TARDES DO CERRADO

É o entardecer no cerrado das tardes de todo dia
Solitário no silêncio, chega à noite e, o olhar tardia
Se tarde é, todavia, o tardar apressa a hora vazia
Enchendo de quimeras a noite que no céu sombria

E no breu do tal entardecer que a noite tão pedia
O sol no horizonte abrasa-se e o adormecer regia
Nos galhos tortos, recria, tal qual o poeta na poesia
Em um entardecer rubro, árido e de aspereza fria

Vem a tarde, chega à noite valsando em melancolia
Onde o vento entre as secas folhas no tardar rodopia
E o tempo e saudades no peito se fazem em sinfonia
Pra haver outra tarde, outra noite, haver outro dia

Sem saber se é pranto, choro ou remia que prazia
Adentro no entardecer do cerrado que a noite espia
Com seu luar gigante, reluzente que o denso lumia
Vai-se a tarde, num lusco e fusco, e a coruja pia...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março, 2017, 18'00"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO SOLITÁRIO

Ó tu, que pelo fado, onde te encontrar?
pode se achegar, estou aqui sozinho
por aqui vais deparar com meu carinho
e no não ter amado, serás tu o meu amar?

O cerrado da solidão me fez um ninho
seus tortos galhos, cenário pra eu chorar
tuas folhas secas papel para eu poetar:
o silêncio, as agruras, a dor e o desalinho

Segredados a lua em tristes noites de luar
largando o meu árido peito num pelourinho
ali só, nu, macambúzio até o último sangrar

E se você chegar, já tenho a taça de vinho
pra brindarmos, e a ti vou então declamar
meus versos que pra te fiz no meu caminho

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11/06/2016, 06'22"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

REFLEXÕES DE UM ADEUS (soneto)

Calado, ouvindo o silêncio ranger
Imerso no pensamento solitário
Gritante no peito o medo a bater
Do adeus, e que no fado é vário

Agora, cá no quarto, a me deter
Angústias do cismar involuntário
Que o temor no vazio quer dizer
E a aflição querendo o contrário

São duas pontas do nosso viver
No paralelo do mesmo itinerário
De ir ou ficar moendo o querer

E neste tonto e rápido breviário
Que é o tempo, me resta varrer
Os espantos, pois imutar é diário

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol