Poemas de Tolstoi
— Surpreende me que os pais consintam. É um casamento de amor, segundo ouço dizer.
— De amor? — exclamou a embaixatriz — Onde foi colher essas ideias antediluvianas? Quem fala em amor nos nossos dias? — Que quer, minha senhora? — disse Vronski — Essa velha moda ridícula ainda não acabou de todo.
— Tanto pior para os que ainda a usam! Em matéria de casamentos, só conheço uma espécie feliz o casamento de conveniência.
— Pode ser, mas, em troca, a felicidade desses casamentos muitas vezes desfaz se em pó justamente porque surge o amor, no qual não acreditavam — replicou Vronski.
— Perdão, chamo casamento de conveniência a esse em que ambas as partes já pagaram o seu tributo à mocidade. O amor é como a escarlatina, todos têm de passar por ela.
— Então, seria bem melhor que se arranjasse maneira de inoculá- lo artificialmente, como se faz com a varíola.
— Quando rapariga, apaixonei me por um sacristão — declarou a princesa Miagkaia — Mas não sei se isto me serviu de alguma utilidade
— Fora de brincadeira — interrompeu Betsy —, sou de opinião que, para conhecermos o amor, temos primeiro que nos enganarmos para depois então corrigirmos o erro.
— Mesmo depois de casadas? — perguntou, rindo, a embaixatriz
— Nunca é tarde para nos arrependermos — observou o diplomata, citando um provérbio inglês.
— Exactamente. — aprovou Betsy — Cometer um erro e, depois, repará-lo, eis o verdadeiro caminho. Qual a sua opinião, minha querida? — perguntou ela a Ana, que ouvia a conversa, calada, um meio sorriso nos lábios.
— Eu acho — disse Ana, brincando com uma das luvas — que se é verdade que cada cabeça cada sentença, há de haver tantas maneiras de amar quantos os corações.
(Anna Karenina)
Trecho – Ressurreição
Em vão milhares e milhares de homens, aglomerados em um pequeno espaço, procuravam maltratar a terra em que viviam, esmagando de pedras o solo, para que nada germinasse; em vão arrancavam impiedosamente o arbusto que crescia e derribavam as arvores; em vão escureciam o ar com fumaça e petróleo; em vão enxotavam aves e animais: a primavera, mesmo na cidade, era ainda e sempre, a primavera. O sol brilhava com esplendor; a vegetação, reverdecida, voltava a crescer, tanto nos gramados como entre as lajes do calçamento, de onde tinha sido arrancada; as bétulas, os alamos, as cerejeiras espalmavam suas folhas úmidas e perfumadas, os botões das tílias, já intumescidos, estavam quase a florescer; pardais, pombas e gralhas, trabalhavam alegremente na construção dos ninhos; acima dos muros, zumbiam as moscas e as abelhas, radiantes de gozar novamente o calor do sol. Tudo era alegria: plantas, animais, insetos e crianças, em esplêndido concerto. Os homens, somente os homens, continuavam a enganar-se e a torturar a si próprios, e aos outros. Somente os homens desprezavam aquilo que era sagrado e supremo: não viam aquela manhã de primavera, nem a beleza divina do mundo, criado para a alegria de todos os seres vivos, e para a todos dispor à união e a paz e ao amor. Para eles só era importante e sagrado aquilo que haviam inventado para instrumento de mútuo engano e tortura.
Ele sentiu agora que ele não era simplesmente perto dela, mas que ele não sabia onde ele acabou e ela começou.
Uma vida tranquila no campo, com a possibilidade de ser útil às pessoas a quem é fácil fazer o bem e que não estão habituadas a que seja feito a elas;então trabalho que se espera possa ser de alguma utilidade;depois descanso, natureza, livros, música, amor ao próximo - essa é a minha ideia de felicidade.
Se meditamos sobre a existência depois da morte, então a doença pode parecer levar-nos mais próximo à passagem de uma vida para outra, uma transferência mais desejável do que indesejável.
Aos zés-ninguém é que cabe a função de propagar a espécie, aos outros, a de contribuir para o desenvolvimento intelectual, para a felicidade dos seus semelhantes.
Não importa o que aconteça com você, você sempre será feliz se estiver unido a Deus.
Nas respostas fornecidas pela fé, se abriga a profunda sabedoria da humanidade e que eu não tinha o direito de negá-la com base na razão, e que, acima de tudo, só essas respostas atendem à questão da vida.
Se todos fossem para a guerra só por causa de suas convicções, não haveria guerras.
Aprendi que todos os homens vivem não do cuidado consigo mesmos, mas do amor.
Portanto, lembre-se: há somente um, apenas e tão somente momento mais importante... Agora! É a hora mais importante porque é a única em que podemos fazer alguma coisa. O homem mais necessário é aquele que está com você nesse momento, pois ninguém sabe se depois estará com outra pessoa e se poderá fazer algo por ela. E a coisa mais importante é fazer o bem, porque esse é o único propósito da vida!
Onde está um livro de lei que seja tão claro para cada homem como aquele que está escrito no coração de cada um?
E que altar pode ser comparado ao coração de um homem bom, de quem o próprio Deus aceita o sacrifício? Quanto mais elevada a concepção que um homem tem de Deus, melhor ele O conhecerá. E, quanto mais ele conhecer a Deus, mais ele se aproximará Dele, imitando Sua bondade, Sua misericórdia e Seu amor pelos homens.
Fico feliz quando posso fazer o bem, mas corrigir uma injustiça é a felicidade suprema.
Pierre tinha razão quando disse que era preciso acreditar na possibilidade da felicidade para ser feliz, e eu agora acredito nela. Que os mortos enterrem os mortos, mas, enquanto estou vivo, é preciso viver e ser feliz.
Aprendera que, assim como não existia uma situação em que um homem fosse feliz e inteiramente livre, também não existia uma situação em que ele fosse infeliz e sem liberdade.
Penso muitas vezes como a felicidade da vida é repartida às vezes de forma injusta.
A dor é enviada por Ele, não pelas pessoas. As pessoas são o instrumento Dele, elas não têm culpa. Se lhe parece que alguém é culpado em relação a você, esqueça e perdoe. Não temos o direito de punir. E você vai compreender a felicidade de perdoar.
A felicidade se encontra fora das forças materiais, fora das influências materiais exteriores sobre o homem, a felicidade só da alma, a felicidade do amor! Qualquer pessoa pode compreender isso, mas conceber e prescrever isso só é possível para Deus.
Qualquer que seja ou venha a ser o nosso destino, somos nós que o fazemos, e não nos lamentamos.