Poemas de Ternura
'A RUA'
Rua,
pintada em grafos.
Afasto-me,
irascível.
Rua imperceptível,
serás sempre imortal?
Tu,
que tanto acolhe.
Coração de mãe,
elo sem fim.
E os botequins,
funeral?
Verdade,
flameja condolência.
Asilo, refúgio,
há vida, valor.
Cheiras rancor,
Porque não bestial?
Quebradiça,
a rua espera lá fora.
E aqui dentro,
ausência.
Dor violenta,
explosão de cristais.
ME RECONHEÇO
É nos teus olhos que me reconheço.
Sou puro sentimento, enraizado, tocante, fascinante, plasmado no silêncio.
Solta, alada, desenrolando a ternura que em brisas de carinho, a ondular ligeira voa, acordo à vida e num ato de plenitude e oração louvo o amor intenso e celebro este momento.
Deusa da felicidade, atenta às nuances do destino, e na ânsia de te dar o mundo, deixo-me levar, me renovo, me movo calma, serena, doce e, tocada de graça flutuo em divina paz.
PARTIDA
A partida sem o adeus,
sem o abraço, insólito.
Uma parte se foi e a tarde nublada,
marcou um rastro desalento.
Olhares que disseram tudo
quando a admiração ausentou-se.
As bocas que não se abriram,
e o silêncio que tanto falou.
As escassas palavras em turbilhões,
flutuando com a brisa rara.
A esperança arrumou as malas,
pediu refúgio. Asilo.
A nostalgia permaneceu,
as lágrimas pediram ausência.
Já sem discurso, o tempo fugaz,
transcorreu dolorosamente.
A pulsação da música,
extinguiu-se, retórica.
A dor, que tanto sufocou,
esquivou-se da alma.
Os redemoinhos, sem forças para reerguer-se,
não mais existirá, se auto aniquilará.
Restará apenas, uma breve saudade,
da lembrança, de uma breve partida.
'TEMPO...'
No alto, casa de taipa, coberta de palha e uma paisagem deslumbrante à frente. O rio era enorme e provocava admiração. As casas eram próximas uma das outras. O acesso dava-se por uma trilha, onde, na escuridão, dificilmente se saía dele. Nas noites de lua cheia, sempre nos reuníamos, sentados à frente da casa para ovacionar àquele retrato real. Sentados em 'banquinhos', ficávamos a cantar em coro com a ajuda de um velho violão empoeirado. Nas tardes frias e cinzentas, gostávamos do frescor dos ventos. Eles falavam uma língua que só agora, depois de muitos anos, entendemos.
A vida simples do interior, marcaram nossas vidas. Muitos tiveram sua primeira paixão. O primeiro beijo no escuro. A primeira namoradinha. Eu sempre ficara vislumbrado quando via a mulher dos meus sonhos passando. Divina como sempre, esbanjava sensualidade no andar e sorriso. O amor sempre chega prematuro. Eu a amava. Era a dona das minhas direções e dos meus sonhos. Sempre escrevera poemas líricos em pedaços de papéis e imaginava filhos, muitos filhos.
Por essas e outras muitas razões, sempre digo que sou inimigo do tempo. Ele enterra tantas lembranças. Ora por vezes atormenta. Cura uma ferida e deixa tantas abertas. A vida se vai com ele e quando percebemos, ele nos diz que já estamos caído, trancafiados. Ele escreve ferozmente sua própria linha. E nos leva, não importa para onde, seja para as mais altas nuvens ou para a lama que atormenta. Quem somos? Para onde vamos? O tempo, rodeado de desamparo, nos falará ao ouvido.
Soneto da Saudade
Trago nos olhos...
Lágrimas de saudade.
Sentimentos doces e velhos.
Guardados ao longo da minha idade.
Até me fiz poeta.
Para lembrá-lo em versos.
E regar esse soneto é minha meta.
Com pingos ungidos do universo.
Ah, saudade intensa.
Vá de mim...evapora, por clemencia.
Não vê que estou sem meu porto seguro?
Deixa-me abrir os olhos com ternura.
Seca minhas lágrimas dessa amargura.
Dessa saudade, sentimento duro.
Som do abalo
O som harmonioso me contamina
um som que foi amado por gerações e se apagou
um som onde existiu nas rádios e agora não existe mais
um som onde ficou nas mentes, e nos corações
foi um som variante que transformou gerações
mutações sofreu variando a cada década
do puro ao misturado abalando gerações
uma sinfonia a qual histórias mudou
seja da fantasia até mesmo a realidade triunfou
deu esperanças a aqueles que precisam
mudou pensamentos e atitudes
um abalo sísmico universal
uma força estranha que mudou gerações
um som que pega, e não se desgruda mais
um som harmonioso até seu fim que nunca chegará
O som e ninguém mais
abalando gerações.
Geração y2.0
Uma nova era está prestes a surgir,
Mas não vamos dizer era,
Mas sim fase!
Uma nova fase onde está a amizade,
A época de glória está chegando,
Pare e pense se for possível reflita,
Nossa alma está prestes a se elevar,
Nossas vidas vão ser ligadas uma a uma,
A válvula de escape voltou à ativa,
A fúria terminou, agora só existe ternura,
A falta para muitos dela já foi preenchida,
Ela é como a roda de samsara,
Sempre retorna forte e renovada,
O que era horripilante, agora é engraçado,
A morte só uma partida para um novo estado.
Agora!
Vamos nos juntar,
Vamos girar e cantar,
Ele entrou e fará o coro agora,
Sim, vamos lá!
'TARDE CALMA!'
Tarde calma, exceto pelos ventos abrasivos,
abrasivo meu coração, uniforme!
O bafo instiga o fogo,
deixa um rastro vivo: incandescência!
Fito-o por alguns segundos,
brasas recantos viajam, indefinidos!
Partículas se vão, casual,
sob o vento céu: desastroso!
Partes vão se apagando,
galhos verdes, supérfluos!
Gravetos perdem vida,
algum tempo: chama perfeita!
"BOM DIA ANJO AMIGO"
Se eu fosse a lua,
realizaria todos os teus sonhos.
Se eu fosse o sol,
no inverno aqueceria o teu coração.
Se eu fosse um caminho,
te levaria para uma viagem fantástica.
Mas como sou apenas aprendiz de Anjo
vou flechar tudo a tua volta,
setas de felicidade
para que te amem de verdade,
e sua vida se torne repleta de felicidade!
Um dia de muitas alegrias
para você pessoa linda!
BEIJOS CIDIÑA FELIZ
AREIA
Hoje mesmo, se viestes a mim chorando,
quão delicadamente eu então lhe abraçaria...
Mas a tua presença é frágil duna ao vento
e em minhas mãos levemente se desfaria!
A brisa que finalmente assim lhe levaria,
sopro de alma longínqua e calada
iria retirando-te de perto de mim:
leve, sem voz, sem tom, sem nada.
TREVA
Tento segurar meus sonhos
bem dentro da minha mão:
mas eles são tão dolorosos!,
- e por tristes ventos se vão...
Só o nome da lágrima fica,
permeando a tristeza chegada.
E a lágrima que cai dos olhos
mata toda esperança inventada.
Vão os sonhos, e vão tão leves!
Não fica nem a luz dos olhares.
(Ó vento, tudo é tão doloroso,
sob os passos que caminhastes...).
PASSAGEM
Foi do meu rosto que caiu uma lágrima,
em que hoje, brilha uma estrela penosa:
pensando tanto no teu rumo distante,
lembrando tanto na tua face custosa...
Tão docemente caiu todo o sonho:
tanto tempo embalado à minha dor,
e nunca mais agora o recomponho!...
Lágrima e sonho, oh, tanto engano!
E longe corria o tempo na lembrança,
suspirando o seu próprio desencanto.
CONTEMPLAÇÃO
Mesmo que se passe muito tempo,
de mim nada assim vai apagar-lhe :
as marés irão carregando si próprias,
o vento nem terá essa vontade.
E não poderei impedir de nenhuma forma
se me esqueça da minha tristonha feição.
Estarás indo para longe do mundo,
onde talvez todos os sonhos estarão...
Tentarei encontrar a estrela efêmera
para o teu esquecimento no meu coração,
que brilhará o teu passado numa memória
que estará longe da humana compreensão...
(Mas meu coração doerá só de lembrar
que os meus remotos olhos tão dolorosos,
estes nunca mais lhe contemplarão...)
Idílio IX
Os sonhos vão, pela noite das planícies,
procurando o sentido das tuas palavras:
bem altaneiros, sem alcance, ausentes,
no igual anacronismo que não te acabas...
A noite ainda carrega o teu sorriso,
e carrega teu rosto tão tristemente!
E a lágrima que chorastes também...
Tudo de ti vai no vento dos orientes,
só minha memória é que te mantém.
DELICADEZA
Passarão por nós
ventos tão delicados,
com tanta delicadeza!
Mas estes nem moverão
as nossas pálpebras
de tanta incerteza.
E mesmo que esperemos
horas, dias, semanas, anos,
nenhum segundo se passará.
(Todavia chegará um tempo
em que sei que vossa vida
começará suave a repousar.
E sem que eu saiba a causa,
vossos olhos muito calmos,
aliviados e brandos se fecharão.
E ventos de muito longe,
pela minha tristeza
delicados passarão...)
OLHAR
Eu não sei se mereço que incline os teus olhos,
eles ainda tão antropológicos, em minha direção:
eu, que sou todo pensamento, dúvida e tristeza,
nem tenho esperanças mais na tua observação!
Além da efemeridade, além dos mistérios do tempo,
minha alma habitará sonhos que não compreenderão:
e minha vida tão sofrida, e meu corpo tão enfadonho,
acabarão na tua dureza, e ao teu olhar se humilharão...
Contudo, o meu amor, sem forças nem significado,
procurará noutras mil vidas a tua antiga bondade...
E o tempo voltará numa branda lágrima de tristeza,
e a imaginação trará tantas auroras de saudade!
E por todos, e por ti e por mim, somente amargura,
as estrelas ir-se-ão apagando pequenas e claras.
O silêncio removerá a lágrima, e o vento e a lua:
só ficarão as tristonhas estrelas das tuas palavras.
FEVEREIRO
A ventania veio com delicadeza de névoa,
indistinta em como os anos haviam sido...
Mas ela tinha tanto amor em seus passos,
e tinha tantas flores na orla do seu vestido!
Só que o orvalho do jardim não resistira,
e caiu triste com ânimo de um moribundo.
A ventania derrubou o orvalho triste...
E ele era a pequena lágrima do mundo.
Dou-te meu melhor e o meu pior, enérgico palhaço a te embalar em meus braços.
Te dou meu AMOR, te dou minha VIDA, me entrego nos teus braços minha Querida;
Meu coração é teu, minha Alma é tua...
O teu desejo é o meu, minha doce candura. Adorável criatura; doces sentimentos. Afagos e ternura são meu contentamento.
Minha linda formosura, meu encanto, minha lisura, INFINITO é o meu AMOR, minha ADORAÇÃO perdura!
Poema: O poeta e a paixão
Não basta só existir, nem apenas sobreviver é preciso viver.
Ser lembrado no coração ou na alma, fixado na mente ou no coração.
Ainda que haja ódio ou dor, tudo isso foi por amor, ou por falta dele.
Tudo existiu por um acaso, talvez não seja o nosso caso, porém existiu.
Foi assim , foi assado, algo movimentado, não planejado, mas bem executado.
O combinado aconteceu, alguém viu e correu, talvez até correu demais, sem mesmo olhar para trás, mas ele sabe o que faz.
Faz menção da sua loucura, bizarrice ou ternura, não se emenda, talvez você nunca o entenda.
O que ele não quiz foi contenda, como diz a lenda, quem é ligeiro sabe a hora de armar a sua tenda.
Por favor, me entenda.
Quando
Quando nós nos encontramos
Eu me tornei completo com você.
Quando o sol brilhou sobre nós
Eu contemplei o encanto do teu sorriso.
Quando as estrelas cobriram o nosso céu
Eu me vi vivendo nos teus sonhos.
Quando os meus olhos se abriram
Eu vi nosso mundo se colorindo com você.
Quando o amor se achegou a mim
Eu lhe entreguei meu coração.
Quando nós caminhamos juntos
Eu desejei que o meu amor fosse o teu destino.
Mas se a estrada desta vida afastou os nossos corpos
O meu amor permanece em ti para sempre...
E no tempo que se passa lentamente
Será você o meu eterno amor.
Edney Valentim Araújo