Poemas sobre o Silêncio
Eu vou me calar
Vou ficar em silêncio
Me trancar no quarto
E esperar o mundo girar
Eu vou fechar os olhos e dormir
Também vou tentar esquecer que eu preciso acordar
Me encolhi diante da raiva
Me esqueci o que me aliviava
Eu sou um erro...
Um ser desprezível...
Um zero a esquerda...
Não tenho valor algum...
To valendo menos que nota de 3.
Ah o que vai ser depois das 6?
Eu já nem sei que horas são..
Perdi os sentidos, a calma e a razão...
Eu olho para o espelho
E não vejo mais nada
Nem o meu reflexo
Não sirvo pra nada, eu não tenho mais nexo
To transparente feito o vidro...
A visão translúcida só permite enxergar
O que não faz parte de mim...
Eu vou me calar...
Suportar o silêncio em dor...
Até chegar o meu fim!
Sei lá
Sei que pesa
Também dói
Machuca
Fere bem profundo
A alma reclama
Seu cérebro
Apita
Sinal verde
Tenta passar
Permanece intacto
Sem sucesso
Numa lama
Tão malcheirosa
Se transforma
VENTO-LOBO
Vento-lobo,
Uiva o frio em todo o dorso
Na matilha, caceis o fogo
Fez do silêncio
Fagulhas à carne
Derreter o grito
D'algum inverno tolo
estou indo
pois o silêncio
também pode ser
nota plena
numa música
desafinada
que já não toca
mais nada
e não nos cabe
mais escutar .
hoje
não mais carência
não mais dormência
não mais ausência
não mais tua insana
indiferença.
hoje
não mais solidão
não mais ilusão
não mais tua canção.
LEMBRANÇAS DE UMA PAIXÃO
Breve foram os momentos
Vividos intensos.
Todas as formas de amor,
Escondidas no silêncio.
Em seu forte abraço me perdia.
Todo seu carinho e proteção,
Guardados hoje apenas na memória,
Levarei comigo até o fim dos meus dias,
Gravados em minha alma e meu coração.
E quando a escuridão da noite
Trouxer a recordação de todo este afago,
Sentindo seu cheiro ainda impregnado,
Nesta cama em que um dia nos abrigou.
Transformarei nossa história
Em uma linda canção,
Expressada em versos e notas
A cada acorde do meu violão.
Eternizarei nesta linda melodia,
Todas as lembranças desta paixão.
O QUE
O que fiz ao silêncio para silenciar assim
me deixar silenciado no vácuo da solidão
tocar sem que eu possa ouvir o teu clarim
ruidar, abafando a presença no coração...
O que fiz eu a solidão pra tê-la no silêncio
quando lá fora até o vento se calou, enfim,
onde está a vida, que aqui respira pênsil
e emudece o cerrado num tom carmim...
O que é este silêncio, que se cala tênsil?
É "o que", em uma indagação sem fim...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
Em meus olhos fúnebre
Não vejo minha tristeza
Meu sorriso já não é mais o mesmo
Aqui já houve um coração.
Uso as vestes do silêncio! Que tem furta cor.
Onde eu sou ou não notada!
Não importa!
A sensibilidade é uma concha de sons.
Onde o timbre é leve.
Onde sons agudos me racham e causam dor.
Sons sem proveito e desnecessários!
Dentro de um contexto que só cabe o positivismo.
Nada por aqui, nada por ali.
Se amo o silêncio,
então por que, quando você cala, meu coração não vem a sorrir?
Silêncio
Se meus lábios selaram por um instante qualquer, foi na inútil tentativa de não ceder ao desejo de implorar-te um beijo.
Se meus lábios selaram por um instante qualquer, foi para não deixar escapar os últimos resquícios de ar que mantem meu cérebro oxigenado, evitando que a loucura dominasse meu ser.
Se meus lábios selaram por um instante qualquer, foi para não deixar que palavras saíssem em sua direção, rebatessem em seu peito e retornassem como flechas rumo a minh'alma.
Se meus lábios selaram por um instante qualquer, foi para não deixar escapar um simples eu te amo, e junto a ele perder você.
Se meus lábios selaram por um instante qualquer, foi para afogar no silêncio, qualquer sentimento que um dia me fez desejar você.
Aguardar em silêncio
Definitivamente não é ter nada a dizer
É saber observar a ouvir e a refletir sobre exatamente tudo que nos rodeia.
Aprendam a coexistir.
O teu silêncio
O teu silêncio me ensurdece de saudade.
A memória insiste no perfume de instantes
abreviados por uma fronteira que nunca existiu.
E quanto a mim, perdido estou em sonhos flutuantes,
recostado à cabeceira, numa noite de lua minguante.
Meu coração míngua também, ele apequena
e a saudade só aumenta.
O teu silêncio, eu quereria no instante de um abraço.
Mas o silêncio é a presença de tua ausência.
E eu nada poderei.
Não te peço muito ou te peço tudo
Por Deus olha nos meus olhos
Me manda para o inferno
Mas manda
É no teu silêncio que fica a dúvida
É no teu silêncio que mora a esperança
Então, por Deus
Me tira as algemas
Me liberta !
Eu quero que diante do meu corpo morto, estejam apenas as pessoas que foram felizes, comigo! Depois, sozinhas! Aquelas que não poderão dedicar ao meu corpo inerte o seu escárnio no dia do meu velório, se quiserem no silêncio que sempre as motivou a meu respeito, me dedicarem uma prece diante da minha cova, eu lá do céu ou do inferno, neste momento não posso determinar o que Caronte irá fazer, as ouvirei pois será o que me restará fazer, o tempo do perdão terá passado, existindo apenas o do arrependimento.
ACD Nº 2768
84-09/10/2016