Poemas de Separação
Quantas vezes eu vi você indo embora
Você entrando no carro e olhando pra trás
Fingindo que me ignora
E eu ainda me desfaço, me faço, refaço
Indo atrás de ti
Não querendo nada demais
Eu adoeço vivendo assim
Azar o dele, que não soube ver
Que tinha tudo, e pôs o tudo a perder
Mas ele sabe, no fundo, ele sabe
Que o destino dela, à ele não cabe
Se ele acha besteira o que eu faço
Só porque eu peço meu tempo e espaço
Eu só lamento, e até sinto um pouco de dó
Num relacionamento, os dois não podem ser um só
Te botei no meu brechó
Te vestia noite e dia
Apertado e não cabia
Esse laço já não dava nó
Nessa vida de brechó
Roupa linda e preferida
Estilosa e colorida
Tá cafona, demodê, uó
Me despi, quero estar só
Sabe aqueles dias que parece que nada segura?
Acordo e a primeira coisa bate
Bebi demais, falei demais, contas demais
Não sei se passo de...
Hoje pensei em te dizer tanta coisa
Vi alguém que lembra você na rua
Penso demais, tanto demais, já não sei mais
Lembra quando eu te amei
Você disse eu não sei
Agora é a minha vez
Ai, ai, ai, ai, ai
Que delícia é ver você
Devagar se arrepender
De me descartar assim
Eu não queria me envolver mais
Com gente igual você
Agora foi, então vai
Nem vem, que eu te avisei
Bem que eu te avisei
Tanto eu te falei
Se disser: Tá tudo bem, eu vou dizer
Aquilo que você perdeu
Seu direito
Por mais que insista não posso ficar,
Não tem opção, não adianta chorar
Mas que bom que eu te avisei
Eu vi, já passou da hora
Você que não entendeu
Eu não tô com pressa
Não quero que vá embora agora
Deixa eu ir, amanha a gente conversa
Volta e vem dizer
Que se arrependeu e quer mais
Um pouco mais de nós
Vem e volta a ser o meu cais
Volta e vem dizer
Que parou um pouco pra pensar
E, pensando bem, seria bom recomeçar
Não sei fingir que tá bem
Esse defeito eu não tenho
Posso até voltar atrás por sentir falta
Mas eu sei dentro de mim
Que nunca mais vai ser igual
Dois corpos não ocupam o mesmo lugar simultaneamente. Isso se chama física.
Mas duas mentes podem estar no mesmo espaço ao mesmo tempo. O nome disso é Amor.
Almas condenadas
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Quando duas almas infelizes
Já estão habituadas à desgraça
E conformadas com o inferno,
É necessário que uma das duas deseje o paraíso
A fim de que por meio de uma das condenadas
Ambas alcancem ao menos as proximidades do céu.
Você me deixou na loucura
Sem ter como te localizar
Dessa vez você foi imatura
Por mensagem é fácil terminar
Esfria a cabeça cuidado com a rua
Se eu te machuquei tenta me perdoar
Tenta me perdoar
Manda áudio
Deixa eu ver se tem saudade no seu tom de voz
No seu alô dá pra saber se ainda pensa em nós
Vou te confessar, perdi meu chão agora
Difícil acreditar que você foi embora
Eu fui ligando os fatos até perceber
Vou tentar continuar a vida sem você
A solução é ficar de pé e não olhar pra trás
Todo mundo sabe o que é melhor pra si
Da sua mão eu posso me soltar, vai ser melhor assim
Deixa o tempo te acompanhar
A tua ausência é quase um favor
Vez em quando eu até lembro, mas
O que incomoda não é o que levou
É o que deixou pra trás
Eu, _________
Agora sem cor.
Sem viço,
Sem brilho,
Onde está o meu sol?
Minha cor
Meu perfume
Meu brilho e
Minha luz...
Sigo seco e oco.
A alma sofre!
E o Ser padece.
A mente desliga.
E o corpo segue,
Sem ver...
Janeiro/2003
Eu ainda sou capaz de criar
Cenas em que estou com você
Você era ouro
Eu era daltônico
E agora vivo agonizando em meio a ficções e lembranças de nós dois.
Para algumas pessoas a relação só acaba quando a ficha cai. Até lá, vai ser ligação muda, de um lado um berra e do outro não tem ninguém.
Mas a pessoa acredita fielmente que escuta alguém na linha.
É uma forma fantasiosa de negar o fim, mas é uma fase e vai passar.
Trégua
Dá uma trégua neste duelo
Passa pra mim seu passaporte
Aceita: não foi forte nosso elo
E as dores?
Manda pra o mesmo endereço
Local oculto pra sepultar meu apreço
Vem! Traz o guindaste forte
Atende meu apelo: me tira desse berço
Ergue-me; aponta-me o norte
Para eu seguir com o vento a favor
Içando velas; naufragando a dor
Usando esparadrapo na cura do corte
Ferida sanada; resta a cicatriz
A nos torturar, por termos vivido por um triz.
Tita Lyra - 2008
Quando somente um lado,
aceita o passado do outro,
é pouco provável que essa relação
vá para frente.