Poemas de Separação
Ponto
Quando chegaram àquele ponto,
Não adiantava mais travessões.
Quando chegaram àquele ponto,
Não havia mais interrogações.
Quando chegaram àquele ponto
Exclamações já não mais existiam.
Quando chegaram àquele ponto,
A vírgula separou.
Quando chegaram àquele ponto,
Era hora do ponto final.
Quando chegaram àquele ponto,
Concluíram que se houvesse amor,
Não teriam chegado àquele ponto.
E ponto.
Érika Mendes
Retiremos de nós tudo que há um do outro.
Não deixemos nenhum resquício, nenhuma lembrança.
Esvazie as gavetas, rasgue todas as fotos, farei o mesmo.
Apaguemos as memórias, os detalhes, os méritos e os vícios.
Não repita minhas palavras,
Não use meu métodos,
Não siga meus exemplos, pois eu farei mesmo.
Arranque na raiz toda a influência que tenho sobre você,
E eu apagarei suas palavras, seus atos,
Que influenciam minhas decisões e escolhas.
Jogue fora os discos e as letras que lhe apresentei,
Esqueça as receitas,
As fórmulas,
Os conceitos,
A minha filosofia,
Pois eu farei o mesmo.
Quando comer, beber, vestir, trabalhar, criar, não permita que eu esteja em você.
Pois você não me vestirá, e meus hábitos, assim como a minha arte, estarão livres de você.
Lembremo-nos de como pensávamos e como evoluiríamos um sem o outro
Como seriamos em família, quais seriam nossos amigos, quem seriam nossos amores
Como seria nossa poesia, nossa rotina, manias, diversões, passatempos
Pensemos de que forma o outro interferiu na nossa trajetória, e neguemos tudo isto.
Sejamos nós mesmos, sem a influência um do outro
Neguemos tudo o que o outro disse ou fez nestes anos
Não aceitemos nenhum poder sobre nossos pensamentos
Não permitamos que o outro continue vivendo em nós
E assim, despidos,
Que cada um olhe profundamente para si.
E não vendo nada que nos lembre do outro,
Então poderemos questiona-lo,
Sem condenarmos à nós mesmos...
As vezes o remédio pra dor nem sempre é o amor,
Muitas vezes é melhor o silencio, do que palavras jogadas ao vento,
Melhor as vezes se ausentar, do que comparecer,
pra depois da despedida evitar outra vez sofrer
o tempo passa, a vida muda
Não se preocupe com a ferida
Pois um dia ela se cura
O que me separou de você?
"A sua burrice e a sua maldade, eu sinto falta de tudo no mundo, menos da burrice e da maldade"
A ti, abutre.
Sinto falta do passado,
Tudo que me dói,
Tudo que a mim corrói,
Remete ao obliquo renegado.
A esta minha sina equivocada
Sou o karma desta minh'alma amaldiçoada.
Trago entre os dentes um cigarro
Nos lábios, meu batom borrado
Na cabeça, a coroa do passado
Cá estou, prestes a destruir outro carro.
Nunca mereceste um pingo de piedade
Meu miocárdio ainda grita a traiçao
Não convém conceder-te perdão
Tua vida desconhece o valor da lealdade.
Amaldiçoada seja a tua existência
Se nada fui ou signifiquei,
Se nada importa, nem a dor que suportei
Nada existe! Nem tua essência.
Quero teu sangue escorrendo por meu corpo,
Quero seus gritos agonizando em sufoco,
Quero que implores como louco.
Ei de ver-te com o medo tranparecendo à epiderme.
Chore, meu bem.
Deixe suas lágrimas orvalharem,
Permita ver elas te entregarem,
És agora meu refém.
De ti, nada menos que um metro de distância
Na minha taça, nada além de teu sangue ou suor
Em meus fones, nada mais que teus gritos de dor
Talvez permaneças ainda com a mesma nula relevância.
Se sento a mesa, alimento-me de vingança
Me deleito com o que me nutre
Fomento a ti, abutre!
O lado negro venceu na balança.
Segure minha mão,
Juro-te ser desleal
Seguir a ti, Judas sem ponto final,
Anseio ouvir teu "Não"!
Anseio te ver implorar,
Ofereço tua vida a quem quiser!
Que se faça dela o que vier!
Mas vais ingerir todas as borboletas que me fez regurgitar!
Por longos tempos fui luz.
Tornaste-me escuridão.
Mergulhei tão fundo nessa imensidão
Que agora vais comigo ver que nem sempre é ouro, tudo aquilo que reluz.
Thaylla Ferreira Cavalcante (Sou nós)
Você me parece um completo estranho agora. Nossas memórias estão cada vez mais difíceis de serem encontradas nessa bagunça de novas experiências que a vida proporcionou, e eu estou cada vez mais distante daquele sentimento que um dia transbordou.
Aqui, no futuro, é fácil olhar para aquela garota chorosa, de olhos fartos e distantes que um dia existiu e dizer que nossa separação era mesmo inevitável; que com aquela pouca bagagem amor nenhum se solidificaria. Ela foi mesmo mesquinha, infantil, inocente e fraca. Mas ao mesmo tempo foi forte, corajosa e sincera. Você mais do que ninguém entende desses paradoxos.
Afinal, quem melhor que o amor para criá-los?
Eu que acreditei ter o mundo a minha espera.
Percebo que nunca o tive... Lá não sou bem vindo...
Eu que fiz dela meu mundo, hoje sigo sem pouso...
Desesperadamente, inconsciente
Nas suas ações me encontrei
Não confiei muito, soube que era indiferente
Mas esse erro estava em mim também .
Tudo parecia tão certo, tão realista
Um sonho em vida real, de vez em quando
Me amarrou com cordas que não puderam ser vistas
Mas agora me sinto sufocando
Criamos laços contendo os maiores desejos
Ingenuidade desejou que fosse assim
Mas não há como amarrar algo tão forte
Sem lidar com as consequências de um tortuoso fim.
Todos conseguem ver minha mágoa aparente
Afogando-me em minhas próprias lágrimas
E todos receios se tornaram presentes
Se o amor e o ódio caminham juntos, como não fazer disso uma lembrança trágica?
Sabemos que estamos errados aqui.
Você parece bem com isso, então apenas sorri.
Toda falsidade, amargura e dor.
Tudo está aqui para nós agora,
menos o amor.
Iridescência
O que é a vida se não um enigma
Um jogo de esgrima sem vencedor
O que é a vida se a gente não finda
De uma vez por todas o que começou
O que representa esta grande impotência
Da loucura desvairada
Que teu pai te proporcionou
E em qual esquina esteve marcada
Esta promessa que tu nunca concretizou
Nesta eloquência desvairada
Encontrei meu salvador
Entreguei a ti, tudo que de mim sobrou,
Não que fosse muito, sei, sou quase nada
Mas se nada sou, eis-me aqui entregue
Torcendo pra não ser tomada,
Ainda assim, cá estou, abandonada,
Desejando-te da alma à epiderme.
Porque sim, tenho mil amigos
Uma estante repleta de livros e Cd’s
Sim, tenho mil e um escritos,
Mas só um poema é sobre você
E este tem-me sido um companheiro incansável,
Na batalha das decepções que o presente da vida veio a ser
Desde então colmei-me de difíceis escolhas e percebi
Nada mais será bom o bastante sem a dádiva de te ter.
Nada sou perto de tua iridescência admirável.
Conheço uma única pessoa
Capaz de emanar todas as cores mesmo sem permitir
Tens sido excepcional ao ponto de me refletir.
Pois sei, é preciso arriscar pra se libertar,
Prometo estar aqui enquanto decidires ficar.
P.S: Fica!
Thaylla Ferreira Cavalcante
Eu ia te ligar pra fazermos as pazes, mas uma voz me chamou.
- o que você quer? - perguntei.
- que você se lembre de mim. - ela respondeu.
- você nunca me ajuda em nada!
- se você me ouvir posso economizar suas lágrimas, suas decepções, seus créditos e seu tempo.
- como?
- apenas faça o que eu digo.
Eu obedeci aquela voz e por isso demorei tanto pra te ligar. Era a minha dignidade. E agora ela me pediu pra te ligar e avisar tudo, por consideração a tudo que passamos.
De qualquer forma, estou muito melhor sem você. Obrigada por me mostrar que você ainda é um idiota. Se não fosse, não teria me atendido me chamando de amor, mesmo eu ligando do celular da minha prima.
Antigas utopias
Enquanto o frio maltrata lá fora
Cá me esquento no vazio desta imensidão
O vento assanha os meus cabelos,
O único cá inerte tem sido este coração.
Meu mundo grita e se apavora,
Porque a maquiagem já não basta para esconder
Já nem sei o que me perturba agora
Se é a monotonia ou a falta de você
Sei que nada me seria o bastante
E que a vida não tem sido muito mais
Do que uma lástima desinibida
Um filme fracassado, ainda em cartaz
Pois dentre todas as promessas
Apenas uma se cumpriu
“fico aqui, ainda que as avessas”
E ficastes, mas foi dentro de mim.
Todo o resto sucumbiu
O que me sobrou foi um punhado de entranhas
De lástimas e secreções
Destas, as mais estranhas
Sobras póstumas de velhas paixões
E se é certo não dizer,
Eu digo! Que a vida tem dessas de nos fazer inquilino
De amores onde nem se devia estar
Mas se é certo não fazer,
Eu faço! Porque pior é não amar.
Thaylla Ferreira Cavalcante (Sou nós)
Avuou
Uamor quê ser visto pra pudê ser reconhecido
Uamor quê ser dado para pudê ser compartilhado
Nú tenha Medo Sô!
Modiqui ele é como Pólvora
Tem Chama Infinita
Primeiro acendi
Depois é semeado
Si espáia nu vento Duoiá
Como suspiro Suspenso
Feito bola di Sabão
Então eu te corto!
Não preciso do seu amor
Porque eu já chorei o bastante
Eu me cansei!
Estive seguindo em frente
Desde que dissemos adeus
SINTO MUITO
Que pena de sentir quem pouco sente
De quem sente e pouco pena
De quem pena e não deixa sentir
Que dó de deixar quem muito deixa
De quem deixando pouco leva
De quem levando perde em não deixar
Que perda de penar quem dó, ré, mi
De quem ré não deixa ir
De quem sol pena sentir.
Da falta
Do improvável nasce o perturbador
Tomou dimensões insuperáveis
Massacrou enquanto pôde
Com o calor da sua presença
Partiu massacrando o que restava
Com o frio da sua ausência
Deixe Voar
Das imaturas lembranças
Hoje noites mal dormidas
Sonhos que nada valem
Das cinzas, renascença
Mas como é difícil ser Fênix
Com o frio da sua ausência
Deixe voar
Efêmeros, incontestavelmente
Da linha tênue entre amor e ódio
Você fez abismo
Lamentável avença
Que fez de mim passageiro
No frio da sua ausência
Já entendi.
Nada será como antes.
Éramos amigos e amantes, agora não mais que distantes.
Onde antes havia som suave e gentil,
agora somente uma voz dura, por vezes hostil.
Tudo bem, eu entendo, fiz por merecer.
Outra prioridade está aí no seu coração,
eu vejo, eu sinto, eu choro. Minha maior desilusão.
Te prometi nunca mais brigar. Veja bem, meu bem, também desejo a paz,
Juro que sim.
Mas o lugar onde quer me colocar é frio, muito frio.
Não combina com o calor que produzimos por diversas vezes a fio. Não consigo suportar.
Se é isso o que queres, te desejo nada mais que felicidade.
Mas vou partir.
(...)Só sei que amor a gente não implora
Amor é certeza, não existe um “talvez”
Não se coloca um coração em penhora.
Para este amor eu farei um funeral
Se foi mesmo amor, doeu de uma vez
Não creio em amor unilateral.
Experimento a louca mistura...
Vontade tê-lo perto ao mesmo tempo querer atirá-lo longe...
Sem entender, em pensamento, te atiro do décimo andar e corro desesperadamente para salvar-te!
Doce encanto que quebra à meia noite...
Doce raiva que se refaz ao meio dia...
Nesse enlace descompassado se faz o motivo de todo o meu presente e de todos os melhores cotidianos!
AMARRAS SOCIAIS
As decisões deliberadas da vida representam o desligamento máximo com toda a humanidade.
Nos faz olhar para os outros buscando companhia.
Porém, transforma nosso próprio ser em um estranho.
É errado ser correto? Ou seria correto o errado? Vida! Sabemos o que significa?
A única coisa que se sabe é que devemos continuar vivendo os erros da vida e esperar que às vezes saibamos fazer a coisa certa.
Para sempre, até que a morte os separe.
Sinto falta de quando você me fazia falta;
Saudade de me alegrar na tua chegada;
Quando meus olhos não te avistavam, me angustiava;
Ouvir o ecoar de tua voz doce como uma sonata;
Me entorpecer com o perfume que do teu corpo exala;
Reconhecer a alma gêmea dentre tantas almas;
Mas o tempo passa;
De tudo você se tornou nada;
Triste fim para duas almas.