Poemas de Rubem Alves

Cerca de 347 poemas de Rubem Alves

O sentido da vida: não há pergunta que se faça com maior angústia e parece que

todos são por ela assombrados de vez em quando. Valerá a pena viver? A gravidade da

pergunta se revela na gravidade da resposta. Porque não é raro vermos pessoas

mergulhadas nos abismos da loucura, ou optarem voluntariamente pelo abismo do

suicídio por terem obtido uma resposta negativa. Outras pessoas, como observou

Camus, se deixam matar por ideias ou ilusões que lhes dão razões para viver: boas razões

para viver são também boas razões para morrer.

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O sentido da vida: não há pergunta que se faça com maior angústia e parece que

todos são por ela assombrados de vez em quando. Valerá a pena viver? A gravidade da

pergunta se revela na gravidade da resposta. Porque não é raro vermos pessoas

mergulhadas nos abismos da loucura, ou optarem voluntariamente pelo abismo do

suicídio por terem obtido uma resposta negativa. Outras pessoas, como observou

Camus, se deixam matar por ideias ou ilusões que lhes dão razões para viver: boas razões

para viver são também boas razões para morrer.

Mas o que é isto, o sentido da vida?

O sentido da vida é algo que se experimenta emocionalmente, sem que se saiba

explicar ou justificar. Não é algo que se construa, mas algo que nos ocorre de forma

inesperada e não preparada, como uma brisa suave que nos atinge, sem que saibamos

donde vem nem para onde vai, e que experimentamos como uma intensificação da

vontade de viver ao ponto de nos dar coragem para morrer, se necessário for, por

aquelas coisas que dão à vida o seu sentido. É uma transformação de nossa visão do

mundo, na qual as coisas se integram como em uma melodia, o que nos faz sentir

reconciliados com o universo ao nosso

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redor, possuídos de um sentimento oceânico, na poética expressão de Romain

Rolland, sensação inefável de eternidade e infinitude, de comunhão com algo que nos

transcende, envolve e embala, como se fosse um útero materno de dimensões

cósmicas. "Ver um mundo em um grão de areia / e um céu numa flor silvestre,/

segurar o infinito na palma da mão / e a eternidade em uma hora" (Blake).

O sentido da vida é um sentimento.

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Se a pretensão da religião terminasse aqui, tudo estaria bem. Porque não há leis que

nos proíbam de sentir o que quisermos. O escândalo começa quando a religião ousa

transformar tal sentimento, interior e subjetivo, numa hipótese acerca do universo.

Podemos entender as razões por que o homem religioso não pode se satisfazer com o

pássaro empalhado. A religião diz: "o universo inteiro faz sentido". Ao que a ciência

retruca: "as pessoas religiosas sentem e pensam que o universo inteiro faz sentido".

Aquela afirmação sagrada que ecoava de universo em universo, reverberando em

eternidades e infinitos, a ciência aprisiona dentro do poço pequeno e escuro da

subjetividade e da sociedade: ilusão, ideologia. O sentido da vida é destruído. Que

pode restar da alegria das rãs, se o "lá fora" que o pintassilgo cantou não existir?

Afirmar que a vida tem sentido é propor a fantástica hipótese de que o

universo vibra com

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os nossos sentimentos, sofre a dor dos torturados, chora a lágrima dos abandonados,

sorri com as crianças que brincam.. . Tudo está ligado. Convicção de que, por detrás

das coisas visíveis, há um rosto invisível que sorri, presença amiga, braços que

abraçam, como na famosa tela de Salvador Dali. E é esta crença que explica os

sacrifícios que se oferecem nos altares e as preces que se balbuciam na solidão.

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Os flamboyants
A manhã estava linda: céu azul, ventinho fresco. Infelizmente, muitas obrigações me aguardavam. Coisas que eu tinha de fazer. Aí, lembrei-me do menino-filósofo chamado Nietzsche que dizia que ficar em casa estudando, quando tudo é lindo lá fora, é uma evidência de estupidez.

(Trecho extraído de texto do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP), Fonte: Projeto Releitura)

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Houve tempo em que era mais fácil acreditar em Deus. Hoje está mais difícil. Até o Papa, na sua visita ao campo de concentração de Treblinka, fez a pergunta que não deveria ter feito: “Onde estava Deus quando esse horror aconteceu ?

(Trecho extraído da crônica PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS… Crônica – Instituto Rubem Alves – Website)

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“Onde está a minha esperança? Numa multidão de indivíduos, independentemente do seu lugar social ou econômico, que vivem possuídos pelo sonho da vida, da beleza e da bondade. A esperança de Camus estava no mesmo lugar que a minha”.

(Extraído do livro "Pimentas" - de Rubem Alves. Página 136 - Editora Planeta, São Paulo, 2014.)

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"Eu pedia às pessoas mais do que elas me podiam dar: uma amizade contínua, uma emoção permanente. Hoje sei pedir-lhes menos do que podem dar: uma companhia sem palavras".

(Em “pensamentos que penso quando não estou pensando” - Página 47)

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“Os antigos filósofos pensavam muito mais que liam. A invenção da imprensa modificou as coisas. Lê-se mais do que pensa”.

(Em "Pensamentos que penso quando não estou pensando" Página 46 - 3a edição - Papirus – 2012)

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SOCIEDADE
Há muitos anos - mais de trinta – que me recuso a pertencer a qualquer sociedade. Groucho Marx disse certa vez. “Eu nunca aceitaria ser sócio de um clube que me aceitasse como sócio...”. De acordo.

(do livro em PDF: do universo à jabuticaba)

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FUMAR...

Parar de fumar aos poucos é o mesmo que parar de ser infiel à esposa aos poucos...

(do livro em PDF: do universo à jabuticaba)

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“A imaginação é a artista que transforma o sofrimento em beleza. E beleza torna a dor suportável. Por isso escrevo estórias: para realizar a alquimia de transformar dor em flor. Minhas estórias são as minhas porções mágicas... Não há contraindicações nem é preciso receitas”.

(Trecho em “Se eu pudesse viver minha vida novamente...”. [Organização Raissa Castro Oliveira]. 21ª ed., Campinas/SP: Editora Verus, 2010, p. 147.)

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"As memórias com vida própria, ao contrário, não ficam quietas dentro de uma caixa. São como pássaros em voo. Vão para onde querem. E podemos chamá-las que elas não vêm. Só vêm quando querem. Moram em nós, mas não nos pertencem”.

(Trecho de "O velho que acordou o menino" [infância]. São Paulo: Planeta do Brasil, 2005, 14.)

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“A sugestão que nos vem da Psicanálise é de que o homem faz cultura a fim de criar os objetos do seu desejo. O projeto inconsciente do ego, não importa o seu tempo e o seu lugar é encontrar um mundo que possa ser amado”.

( em "O que é religião?".)

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"Uma lagarta vira borboleta, um velho transforma-se em criança... O tempo completa o seu ciclo, volta aos começos. Assim é o tempo da alma, um carrossel, girando, voltando sempre ao início, o “eterno retorno”. T. S. Eliot estava certo quando disse que “o fim de todas as nossas explorações será chegar ao lugar de onde partimos e o conhecer, então, pela primeira vez”.

(em “O retorno e terno”. 8ª ed., Campinas/SP: Papirus-Speculum, 1996, p. 158.)

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"A vida me ensinou que a realidade é como uma piada e que não existe nada mais inútil que nossas projeções futurológicas: o final é sempre inesperado”...

( em "Na companhia de Rubem Alves: livro de anotações para mulheres”. Editora Best Seller ltda, 2010.)

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Dia das Mães

Quando eu era menino, o Dia das Mães se celebrava assim: as crianças que tinham mãe colocavam uma flor vermelha na blusa; as crianças que não tinham mãe, uma flor branca. Era tudo. Tudo estava dito.

Rubem Alves
Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta, 2021.
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“O corpo é o lugar fantástico onde mora, adormecido, um universo inteiro. [...] Tudo adormecido”... O que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar. As Palavras são entidades mágicas, potências feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos nossos corpos, num estado de hibernação, como sonhos. Nossos corpos são feitos de palavras”...

( na crônica 'Lagartas e borboletas', do livro "A alegria de ensinar". São Paulo: Ars Poética, 1994, p. 52.)

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A vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à
Eternidade”.

(Trecho do livro em PDF: do universo à jabuticaba)

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“As crianças sabem que a vida é marcada por perdas. As pessoas morrem, partem. Partindo, devem sentir saudades — porque a vida é tão boa! Por isso, o que nos resta fazer é abraçar o que amamos enquanto a bolha não estoura”.

(extraído do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP))

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SUPER-CRIANÇA Aquilo que os tradutores não souberam traduzir e traduziram como “super-homem” é, na realidade, uma criança. Em vez de “super-homem” proponho “homem-transbordante” – exuberante como uma fonte (ou uma criança...).

(do livro em PDF: do universo à jabuticaba)

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